O ator e poeta Dyl Pires lança nesta sexta-feira, 09 de janeiro, às 19h, em noite de autógrafos o livro o torcedor no Chico Discos.
Toda sensibilidade é uma queixa contra o mundo
09/01/2015
O ator e poeta Dyl Pires mostra, em seu novo livro, sua transição de São
Luís para São Paulo
Acreditava nas suas fragilidades e
nas suas paixões de uma forma ou outra era um empolgado e toda sensibilidade é
uma queixa contra o mundo são versos escritos pelo Dyl Pires, que lança o
torcedor, seu terceiro volume de poesia. Uma obra tecida no momento de
transição, o livro tenta absorver a mudança de São Luís para São Paulo e traz a
imersão do autor na grande metrópole e em suas fragilidades. Trata-se do
terceiro do poeta.
O evento será hoje, às 19h, no Chico
Discos (Centro) e terá programação musical do poeta e jornalista Eduardo Júlio
e participação do cantor Marcos Magah, a noite terá ainda os lançamentos dos
livros Manoel ama lembrar e Cão infância, de Samarone Marinho. O primeiro é
resultado de pós-doutoramento do escritor e o segundo, poesias.
Foi o primeiro vislumbre em um
cenário diferente para as caminhadas do poeta. “Eu saberia que iria esgotar a
minha relação com a cidade de São Luís, porque eu sabia que queria fazer outras
coisas. Eu queria experenciar outras realidades. São Paulo foi uma coisa que
veio chegando aos poucos. Fui pela primeira vez em 2004 para fazer uma oficina,
mas foi muito facilitada pelo professor Arão, da UFMA. Ele fez alguns contatos.
Fui para São Paulo sem pensar e se eu pensasse muito eu não iria. Sair de São
Luís não é uma coisa fácil”.
A explicação para tal dificuldade
está, segundo ele, na geografia. “Eu sempre me apego com a geografia da cidade,
com a história de estar dentro de uma ilha e do quanto estar em circularidade
faz com que você se mova para não romper essa circularidade em muitos sentidos.
Inclusive, no sentido do ir e vir, porque o ir e vir dentro de uma ilha é bem
demarcado. Eu me sentia sufocando com essa demarcação. E eu precisava ir para
um lugar que não me lembrasse em nada São Luís. Eu poderia ir para o Rio, como
muitos amigos foram, mas ainda lembrava São Luís, e eu queria uma coisa mais
radical. Um amigo gosta de falar que São Paulo é uma cidade que te cospe ou que
te abraça. Acho que ela me abraçou”.
O ator acredita no abraço de SP
devido ao resultado de seu trabalho, tanto como poeta quanto como ator.
Atualmente, Dyl Pires integra o elenco da Cia de Teatro Os Satyros. Participou
na capital paulistana das montagens: Roberto Zucco (vencedor do prêmio Shell de
melhor espetáculo), Édipo na praça, Satyrossatiricon, Edifício London, Não
vencerás e Não saberás (espetáculos do projeto E se fez a humanidade ciborgue
em 7 dias em comemoração aos 25 anos da companhia).
Lembrança - Como poeta, Dyl já lançou
os livros: Círculo das pálpebras (Prêmio Sousandrade de poesia) e O Perdedor de
Tempo, e a respeito de o torcedor, o sociólogo Matheus Gato de Jesus escreve
que “os olhos do andarilho não são órgãos de ver, mas de lembrar”. A isso, Dyl
responde: “Eu acho que o Matheus pegou essa expressão ‘orgão de ver’ do meu outro
livro Círculo das Pálpebras. A questão da lembrança é uma coisa que me pega
muito em São Paulo. Você vive em uma cidade com 20 milhões de habitantes onde a
velocidade é o grande valor para tudo assim. Uma coisa que me preocupa muito é
como criar memórias. É um espaço onde mal a coisa chega, ela, coisa, sai. Não
há um estado de permanência na minha cabeça. Ou se tem, é um estado já dado
como precário, porque automaticamente ele vai ser descartado”.
Um saudosista dentro da metrópole do
país se inquieta com o que as pessoas guardam ou não guardam, principalmente,
não guardam. “Elas até guardam de repente, mas guardam uma outra forma, acho
que de repente sou, que me apeguei muito com um outro mundo, uma outra época e
com 44 anos eu estou ligado a uma memória de velhos, de coisa mais antiga, e
não estou me dando conta que eles estão gerando uma outra forma de armazenar
isso e estão, porque existe aí o byte, o megabyte e o terabyte. O que já dá uma
outra dimensão para o sentido da memória. E na região da tecnologia, a memória
ganha o sentido acumulativo e não seletivo como é a memória humana”.
O sociólogo Matheus Gato de Jesus
escreve que o torcedor revela um “andarilho que caminha sobre a utopia
cotidianamente derrotada da conjunção entre progresso técnico, racionalidade e
felicidade geral (...) O torcedor não pretende a fusão entre o instantâneo e o
eterno com que Baudelaire nos revelou o poder estético da grande cidade, mas
entre o espaço e a memória."
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