Mais de 60 jornalistas foram assassinados em 2014, denuncia a RSF
A organização não-governamental
Repórteres sem Fronteiras (RSF) afirma que sessenta e seis jornalistas
foram assassinados em 2014. Nesta terça-feira (16/12), a entidade
divulgou seu balanço anual, no qual denuncia que a barbárie e a
instrumentalização se intensificaram contra a imprensa.
Santiago Andrade é um dos jornalistas na lista de mortos de 2014
Segundo a AFP, um exemplo da
exacerbação da violência pôde ser notada com a divulgação das imagens
que retratam a decapitação de repórteres reféns do grupo extremista
Estado Islâmico (EI). Os números do levantamento mostram, ainda, que 119
profissionais de comunicação foram sequestrados, 178 presos, 853
detidos, 1.846 ameaçados ou agredidos e 134 precisaram se exilar.
Embora tenha sido registrada uma leve
queda no número de jornalistas assassinados no exercício da profissão
com relação ao ano passado no mundo, (71 foram executados em 2013, de
acordo com a RSF), a violência contra a mídia percorre uma mudança, na
qual os crimes contra comunicadores passaram a ser cometidos com uma
maior barbárie e instrumentalizados com fins de propaganda.
"Os sequestros aumentam
consideravelmente com o objetivo, dos que os cometem de impedir que
exista uma informação independente e de dissuadir os olhares externos",
alega a RSF. "A decapitação de jornalistas em 2014 mostra a magnitude da
violência exercida contra as testemunhas indesejadas", completa,
referindo-se aos assassinatos de James Foley e Steven Sotloff pelo EI.
Aos 66 jornalistas assassinados em
2014, é preciso somar, também, os "19 jornalistas-cidadãos" e "11
colaboradores de meios de comunicação" também mortos. Dos terços dos
profissionais de imprensa executados nesse ano morreram em "zonas de
conflito, como a Síria", que a RSF vê como o país "mais letal para os
jornalistas", os territórios palestinos, o leste da Ucrânia, Iraque e
Líbia.
Outros três morreram no Afeganistão,
entre eles Sardar Ahmad, que fazia reportagens para AFP. O Balanço da
Violência da Repórteres Sem Fronteiros também alerta para o aumento de
"de assassinatos de mulheres jornalistas: seis casos contra os três
registrados no ano passado".
Tais vítimas trabalhavam na República
Centro-Africana, no Iraque, no Egito, no Afeganistão e nas Filipinas.
Nesta terça-feira (16/12), a organização fez uma ação simbólica em
Paris, na França, (onde fica a sua sede), apresentando um contêiner com a
inscrição "isto não é um contêiner, é uma prisão", em alusão ao
jornalista sueco-eritreu Dawit Isaak, detido em um contêiner no deserto.
Situação da imprensa na América Latina
Nenhum país latino-americano figura
nas listas elaboradas pela RSF dos cinco países onde mais jornalistas
são assassinados e presos. No entanto, a organização lembrou a morte dos
repórteres Luis Carlos Cervantes na Colômbia e de María del Rosario
Fuentes Rubio no México. "Neste ano diversos países foram palco de
manifestações, em ocasiões muito violentas”, disserta a entidade.
“(...) nas quais muitos jornalistas
foram agredidos, inclusive espancados pelos manifestantes ou pelas
forças de ordem. Na Venezuela, 62% das agressões a jornalistas durante
os protestos foram cometidas pela Guarda Nacional Bolivariana",
completa. Ao falar sobre o ano de 2014, a Repórteres sem Fronteiras
destaca que "ao menos 853 jornalistas profissionais foram detidos" pelo
mundo.
Embora "as detenções sejam ataques
contra a liberdade de informação cuja gravidade não pode ser comparada à
dos assassinatos ou sequestros prolongados", constituem obstáculos para
o trabalho dos jornalistas e "por vezes intimidações violentas,
inadmissíveis", alertou a organização jornalística.
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