Laíla deixa a Beija-Flor, 11 dias após a conquista do título
Onze dias após a conquista do título
do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, a Beija-Flor anunciou neste
domingo, 25, a saída do diretor de carnaval Luiz Fernando do Carmo, o Laíla, de
74 anos. Figura histórica da escola de Nilópolis, na Baixada Fluminense, Laíla
estava em sua terceira passagem pela escola, iniciada em 1995.
Ao longo dos 23 desfiles do período,
conquistou nove títulos – 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011, 2015 e
2018. A Beija-Flor divulgou comunicado sobre a saída do diretor pelas redes
sociais, mas não informou nenhuma razão para o desligamento de Laíla.
A decisão, no entanto, já se
desenhava pelo menos desde a apuração do desfile carioca, quando Laíla, mesmo
tendo conquistado o título, criticou a Beija-Flor e demonstrou estar disposto a
se transferir para a Grande Rio, escola de Duque de Caxias, na Baixada
Fluminense, cujo presidente de honra é Jayder Soares.
“Se eu não sirvo mais, vou ajudar o
Jayder. O Anísio (presidente de honra da Beija-Flor) precisa rever alguns
detalhes, mas, se não mudar, vou para o segundo grupo com a Grande Rio. Vou ter
liberdade pra trabalhar”, afirmou Laíla na ocasião.
O diretor de carnaval já trabalhou na
Grande Rio entre 1992 e 1994. Por enquanto, não há nenhuma confirmação sobre
sua ida para a escola que foi rebaixada para a Série A, segunda divisão do
carnaval do Rio.
Agradecimento
A nota divulgada pela Beija-Flor
limita-se a agradecer a Laíla pela parceria. “Gratidão: é a partir deste
importante valor que a Beija-Flor de Nilópolis anuncia o desligamento de Luiz
Fernando do Carmo, o Laíla, do quadro de funcionários da escola. A saída do
diretor de carnaval e membro da comissão de carnavalescos acontece
amigavelmente em comum acordo entre ele e a diretoria da agremiação, que
agradece pela essencial participação de Laíla na formulação de seus últimos 23
desfiles”, diz o texto.
A Beija-Flor “reconhece e enaltece a
importância das ideias de Laíla e de sua disposição para as tentativas de
transformar não só a escola, mas também o maior espetáculo da Terra. A equipe
de carnaval (…) deseja caminhos abertos e prósperos a quem tanto lutou para que
os nossos estivessem sempre livres e vitoriosos. Obrigado, Laíla! Um grande
abraço da Família Beija-Flor!”, concluiu a nota.
Carreira
Laíla começou sua carreira na
Salgueiro, onde foi diretor de carnaval, diretor de harmonia e chegou até a
cantar – no primeiro disco de sambas-enredo, lançado antes do carnaval de 1968,
era ele quem entoava “Dona Beja – A Feiticeira de Araxá”.
Após o carnaval de 1975 foi
contratado pela Beija-Flor, na equipe do carnavalesco Joãosinho Trinta
(1933-2011), com quem manteve uma parceria vencedora até 1980 e depois entre
1989 e 1992. Em 1989, a escola de Nilópolis apresentou o enredo “Ratos e
Urubus, Larguem Minha Fantasia” e levou à Sapucaí uma réplica do monumento do
Cristo Redentor esfarrapado.
A peça foi proibida de ser exibida
por decisão judicial, mas foi de Laíla, segundo o próprio, a ideia de levá-la à
Sapucaí coberta por plástico preto. Junto ao plástico, se lia a frase “mesmo
proibido, olhai por nós”.
Joãosinho Trinta nunca contestou a
afirmação do então parceiro. Laíla já trabalhou também na Unidos da Tijuca (de
1980 a 1983), Vila Isabel (1986), na paulistana Unidos do Peruche (1991) e na
escola Arco-Íris, de Belém (PA) (de 1985 a 1988).
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