E 2018?

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E 2018?



Por Eden Jr (*) 

A sensação de que a corrupção está impregnada no meio político e de que alcançou níveis inéditos também causa embaraços. O cidadão se questiona por que terá que se sacrificar se aposentando mais tarde ou pagando mais impostos, se bilhões são desviados dos cofres públicos. Apesar de que, pelo contrário, a percepção da corrupção se dá não por ela ter alcançado padrões recordes, mas sim, pelo enfrentamento que é feito pelas instituições de uma forma nunca vista, contundente, ampla e generalizada, gerando permanentes operações que repercutem nas mídias. Tanto é que próceres dos mais vários partidos estão encarcerados. Inclusive medalhões peemedebistas, como Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves. 


O ano de 2017 vai se encerrando com indicadores que apontam para uma ainda lenta, porém consistente melhora da economia. A inflação – apesar de refletir muito a recessão por que passamos – deve fechar o ano abaixo de 3%, a menor desde 1998. Número civilizadíssimo, se consideramos os 10,6% de 2015 e os 6,3% do ano passado, e que vai continuar ajudando na recuperação da renda e do consumo. A taxa básica de juros está em 7%, o menor nível da história. Se ainda não redundou, acentuadamente, em juros menores para o consumidor, de qualquer modo encoraja as compras parceladas e a ativação da indústria, especialmente de bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos. O crescimento do PIB em 2017 ficará em 1%, índice que não é exuberante, mas reverte as quedas violentas de aproximadamente 3,5% registradas em cada um dos dois anos anteriores. A balança comercial tem desempenho recorde e acumula superávit de 62 bilhões de dólares até novembro, também ajudando na expansão produtiva.
Resultados melhores estão vindo de áreas que estavam paralisadas como: investimentos, arrecadação tributária e geração de empregos. Na edição do último dia 22, o Relatório de Mercado Focus do Banco Central – que congrega a opinião dos mais expressivos agentes econômicos – sinaliza para um 2018 com crescimento de 2,68%, inflação em 3,96% e superávit na balança comercial de 52,5 bilhões de dólares. Contudo, apesar das projeções se mostrarem relativamente favoráveis para 2018, um ano novo auspicioso depende, especialmente, de acontecimentos nas esferas fiscal, ética e política.
Embora pareça monotemático, o principal problema a ser enfrentado pelo país é fiscal: saber se as receitas serão suficientes para cobrir os gastos públicos. Mesmo economistas que participaram intensamente das gestões petistas, como Nelson Barbosa – ex-ministro do Planejamento e da Fazenda de Dilma Rousseff e ex-secretário do Ministério da Fazenda de Lula – admitem a severidade do desafio fiscal e a gravidade da enrascada previdenciária. Os números divulgados pelo Tesouro Nacional no dia 26 são inequívocos. Apesar de novembro ter registrado um superávit primário (antes do pagamento dos juros) de R$ 1,3 bilhão, nos 11 primeiros meses do ano o rombo foi de R$ 101,9 bilhões (esse valor equivale a cinco orçamentos do Estado do Maranhão). Sem considerar Previdência, o governo teve até resultado positivo de R$ 70 bilhões de janeiro a novembro. Quando se contabiliza o saldo negativo previdenciário nesse período, que foi de R$ 172 bilhões, a conta vai para o vermelho: déficit primário de R$ 102 bilhões.
No campo ético, a situação só degringola. O presidente Temer lançou indulto de natal, que ampliou o perdão para diversos crimes, inclusive para os de corrupção, que parece ser o delito que provoca mais repugnância na sociedade – apesar de que, contraditoriamente, parte dessa mesma sociedade se nega a cumprir normas básicas de civilidade, como não estacionar em vagas de idosos ou não jogar lixo na rua. Por esses e por muitos outros disparates, é que a aceitação do governo Temer é rasteira – o que dificulta a aprovação de reformas –, não obstante a eficiente condução da política econômica.
A sensação de que a corrupção está impregnada no meio político e de que alcançou níveis inéditos também causa embaraços. O cidadão se questiona por que terá que se sacrificar se aposentando mais tarde ou pagando mais impostos, se bilhões são desviados dos cofres públicos. Apesar de que, pelo contrário, a percepção da corrupção se dá não por ela ter alcançado padrões recordes, mas sim, pelo enfrentamento que é feito pelas instituições de uma forma nunca vista, contundente, ampla e generalizada, gerando permanentes operações que repercutem nas mídias. Tanto é que próceres dos mais vários partidos estão encarcerados. Inclusive medalhões peemedebistas, como Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves.
Circunstância lógica que pulveriza os sofismas lançados por “políticos e intelectuais de esquerda”, daqui e de alhures, de que há direcionamento da Lava Jato contra mártires redentores da população mais humilde. Aqueles serão refutados pela história e acabarão pregando para séquitos descrentes e rarefeitos. Tal qual, quem hoje, menos de um ano e meio depois, fala do impeachment de Dilma Rousseff, como tendo sido um “golpe jurídico-parlamentar”, granjeia cada vez menos credibilidade.
Entretanto, é no âmbito político, com a eleição do novo (a) presidente, que temos o evento mais relevante de 2018. Apesar de o pleito só acontecer perto do final do ano, e, portanto, o novo governo só começar em 2019, é indispensável saber quais as propostas dos candidatos mais bem posicionados. Pois essas irão, desde já, balizar as expectativas da sociedade e influenciar – de antemão, mediante os mais substanciais indicadores econômicos (juros, investimentos, endividamento, etc.) – o desempenho econômico. Haverá comprometimento com a reforma da Previdência e com a responsabilidade fiscal? Será feita uma verdadeira reforma política? Serão adotadas medidas desburocratizantes? A carga tributária será aumentada? O governo será mais ou menos intervencionista? O combate à corrupção será intensificado? Novas privatizações serão promovidas? O modelo de administração pública será aperfeiçoado?
Todas essas questões serão norteadoras para delinear não somente 2018, mas a trajetória do Brasil nos próximos anos.
Feliz ano novo!

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