Favela define enredo para o carnaval de 2018: ‘A Coluna Prestes’ na avenida
Em reunião realizada na tarde desta terça feira (25), às 16
horas, a diretoria da escola campeã do carnaval de 2017, a Favela do Samba,
representada pelo seu presidente, o advogado João Moraes, e pelo professor
Euclides Moreira Neto, diretor de carnaval, com o escritor acadêmico Sávio
Dino, na Academia Maranhense de Letras, ficou acordado que o tema da Favela do
Samba para o carnaval de 2018 será inspirado no livro “A Coluna Revolucionária
Prestes a Exilar-se”, de autoria do escritor Sávio Dino.
Dessa maneira, a Favela do Samba deverá mais uma vez recorrer
à história recente do Maranhão no episódio que envolveu o movimento tecnicista
e o “Cavaleiro da Esperança”, Luís Carlos Prestes durante a passagem pelo
Maranhão, quando pretendia chegar à capital maranhense em um movimento de
rebeldes para instalar uma trincheira socialista no Brasil.
Para o presidente da Favela, o advogado João Moraes, o livro
de Sávio Dino é uma obra rica em detalhes e que dará margem para a realização
de um belo enredo e um excelente roteiro carnavalesco para a escola do Sacavém.
“Vamos revisitar aquele movimento
político com a leveza de um olhar poético-crítico para produzirmos um grande
desfile na passarela do samba”, destacou Moraes.
De acordo com João Moraes, agora que o escritor Sávio Dino
deu autorização para a utilização de seu livro para fundamentar o roteiro da
Favela do Samba, “agora cabe à escola se debruçar sobre as informações
prestadas pelo escritor para realizar um grandioso desfile em forma de ópera
carnavalesca”.
Para o diretor de carnaval da escola, o professor Euclides
Moreira Neto, o tema é rico em fatos e histórias que tem tudo a haver com o
Maranhão, o que proporcionará um desfile pedagógico e fácil de ser compreendido
pelo público e jurados.
Segundo informações da direção da escola, o enredo deverá ser
lançado oficialmente ainda na primeira quinzena do mês de agosto, na quadra da
escola com a presença do escritor Sávio Dino, e a presença de outros acadêmicos
da Academia Maranhense de Letras, e toda nação favelense.
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LUÍS CARLOS PRESTES
Comandante de uma famosa marcha pelo Brasil, a Coluna
Prestes, e líder do Partido Comunista Brasileiro (PCB) por mais de 50 anos,
Luís Carlos Prestes foi uma das figuras da América Latina mais perseguidas do
século XX.
Cursou a Escola Militar do Rio de Janeiro e depois foi
transferido para o Rio Grande do Sul, onde liderou uma revolta tenentista
contra o governo de Arthur Bernardes em 1924, composta por jovens oficiais do
Exército. Os “tenentes” pretendiam levantar a população contra o poder da
oligarquia governante e, por meio da revolução, exigir reformas políticas e
sociais, como a renúncia de Bernardes, a convocação de uma Assembleia
Constituinte e o voto secreto. Os integrantes da Coluna Prestes realizaram uma
marcha pelo interior do país, percorrendo, a pé e a cavalo, cerca de 25 mil
quilômetros. A marcha terminou em 1927, quando os revoltosos se exilaram na
Bolívia.
Lá, ele conheceu Astrojildo Pereira, um dos fundadores do
PCB. Convertido ao marxismo, viajou para Moscou (ex-URSS) em 1931. Retornou
clandestinamente ao Brasil em 1935, casado com a comunista judia alemã Olga Benário.
Depois de comandar o fracassado golpe conhecido como Intentona Comunista, em
1935, com o intuito de derrubar o então presidente Getúlio Vargas e instalar um
governo socialista, foi preso e sua mulher entregue grávida à Gestapo, polícia
política nazista. Na Alemanha, ela morreu num campo de concentração, em 1942. A
filha de ambos, Anita Leocádia Prestes, nascida na prisão na Alemanha, foi
resgatada pela avó paterna.
Após ser solto em decorrência do processo de
redemocratização, em 1945, Prestes se elegeu senador pelo PCB, com mais de 160
mil votos. Com a cassação do registro do partido, em 1947, teve a prisão
preventiva decretada e foi obrigado a retornar à clandestinidade. Sua prisão
preventiva foi revogada em 1958, mas, com o golpe militar de 1964, o líder
comunista voltou a ser perseguido. Em 1971, exilou-se na URSS onde permaneceu
até 1979, ano em que retornou ao Brasil após a anistia política. Em 1980 rompeu
com o Partido através da sua “Carta aos Comunistas”. Dez anos depois, faleceu
no Rio de Janeiro, aos 92 anos de idade.
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