Paisagem da Praça João Lisboa é poluída por precariedades

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Paisagem da Praça João Lisboa é poluída por precariedades

A imagem pode conter: casa e atividades ao ar livre

Nelson Melo - JP TURISMO , em 17 de março 2017

No meio do caminho, tinha um saco de lixo. Tinha um saco de lixo no meio do caminho. Assim recitaria, talvez, o poeta Carlos Drummond de Andrade caso observasse a Praça João Lisboa/Largo do Carmo, monumento urbano situado no Centro Histórico de São Luís e que já foi palco de encontro de intelectuais, jornalistas e políticos. Em cada canto, há materiais descartáveis espalhados. A precariedade está tornando a paisagem poluída.


Quando um turista interrompe seu percurso para fotografar o local, ele tem que procurar, além do melhor ângulo para a máquina, o melhor trecho, para que a imagem não seja divulgada com negatividade para si, para seus familiares e para a população do seu país de origem ou do estado brasileiro de onde veio. Não é um romance. É um fato que ocorre no cotidiano de quem transita pela Praça João Lisboa e não acredita naquilo que presencia: um cenário de descaso e abandono.

Além de pessoas, o que se observa com frequência na praça/largo é um amontoado de lixo. No chão histórico, o pedestre pisoteia ou desvia de caixas de papelão, garrafas PET, pedaços de madeira corroída, coco, canudos, restos de comida e papel molhado. Quando não se consegue desviar, o jeito é chutar os materiais que se encontra pela frente, e isto é sinônimo de revolta com o descaso. Mas, nesse caso, o ambiente continua sujo, pois o que foi chutado não desaparece da paisagem.
A imagem pode conter: sapatos, árvore, planta, grama, céu, atividades ao ar livre e natureza

Mas observar lixo não é exclusividade no chão. O piso também é preenchido por buracos, que podem não ser profundos, mas atrapalham a locomoção de quem caminha pela João Lisboa. A falta de manutenção parece ser um problema frequente e não acontece somente em um canto. Por ali, segundo comentários de taxistas e comerciantes, tropeços, inclusive de pessoas idosas, não são raros. Não é preciso sofrer uma fratura para que o problema seja considerado grave. Basta apenas um ferimento que possa ser sarado com merthiolate.

No meio do caminho, também há um relógio que, segundo comerciantes, não funciona há mais de uma década. Girando o ângulo da máquina, é possível notar a fachada da Igreja de Nossa Senhora do Carmo sendo destruída pela ausência de manutenção, com sua “epiderme” sendo descascada e mostrando um aspecto deplorável. Ao lado de sua escadaria, usuários de drogas e até trabalhadores inauguraram o que ficou conhecido como “Banheiro da João Lisboa”, um canto onde o forte cheiro de urina e de fezes incomoda de longe.

Um comerciante que trabalha no local há mais de 37 anos e que preferiu não se identificar mostrou, indignado e com uma das mãos tapando o nariz, relatou que o “banheiro” é utilizado em qualquer horário, e, quando ele reclama para repreender a pessoa que ali urina, ainda é ameaçado e xingado. O cheiro do abandono é sentido, ainda, na estátua de Frei Carlos Roveda de S. Martino Olearo, fundador da Missão Capuchinha no Norte e Nordeste do Brasil. No monumento, além de poeira, há resquícios de teias de aranha.
A imagem pode conter: sapatos, árvore, planta, grama, céu, atividades ao ar livre e natureza

No canteiro dos jardins, a beleza vai desaparecendo em nossas lembranças... em um espaço onde se cultivam flores, árvores e outras plantas, a probabilidade de coletar uma caixa de papelão é grande. O mato alto nos dá uma ideia de como desprezar um local que está relacionado a eventos históricos como o duelo entre holandeses e portugueses, em 1644, e a greve contra o governador Eugênio de Barros, em 1951. Mundo, mundo, vasto mundo, se esta praça se chamasse Raimundo, seria uma rima, não uma solução. Mais vasto, infelizmente, é a sua deterioração.


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