Como
quem respira toda a aura dos palcos teatrais, a professora Ana Teresa Desterro,
a Estrelinha, garante que o teatro é a sua maior paixão. Um dos nomes de
referência em se tratando de artes cênicas no estado, hoje, aos 60 anos de
idade, Estrelinha continua colhendo os frutos desse amor tão sincero.
Nascida em Periz de Cima, desde criança Ana Teresa Desterro
trazia nas veias uma paixão pelas manifestações artísticas. Mesmo não sabendo
que aquela seria a sua trajetória pelo resto da vida, desfrutava com toda a
inocência de uma criança das encenações que faziam parte do seu cotidiano.
"Nós fazíamos na vizinhança, em Rosário, aqueles dramas pastoris. Eu tinha
mais ou menos 6 anos e tinha uma vizinha que também era criança que fazia essas
encenações e chamávamos as famílias para assistir. Era uma bagunça, pois todas
as crianças participavam", rememora.
Além de brincar de ser atriz, Estrelinha também tinha um grande
sonho de ser cantora. Chegou a escrever composições e até a ter aulas de
violão, que não foram para frente. Seus pais estavam sempre envolvidos com
manifestações artísticas da região onde viviam e ela, ainda menina, acompanhava
e assistia a tudo deslumbrada."Eu compunha quando criança e, como eu não
sabia tocar violão, eu começava a tirar as melodias na rede. Eu tinha um acervo
enorme de composições na mala da minha mãe. Um dia, ela fazendo faxina, jogou
todas as minhas composições fora", recorda.
Trajetória - Graduada em Licenciatura em Educação Artística e
em Letras, ambas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), atualmente Ana
Teresa Desterro é professora Assistente III da mesma universidade, com vasta
experiência na área de Artes.
Com o teatro, a sua história começou aos 23 anos, quando ainda
era estudante de Letras. "Quando Mario Cella entrou como diretor do
Departamento de Assuntos Culturais [DAC] da UFMA, ele entregava uns panfletos
convidando os alunos para participar de atividades artísticas. Então, eu entrei
para o Cineclube Uirá, fiz curso e até atuei como atriz de cinema. Era no DAC
que funcionava nossa Casa de Artes", conta.
Foi a partir do DAC que Estrelinha
começou a manter contato com o teatro. Como observadora, ela começou a se
apaixonar pela expressão artística. Trocou o cinema pela arte cênica, fazendo
parte de um grupo chamado Gangorra, no qual foi coordenadora durante 11 anos.
"A sala do Cineclube ficava próxima ao teatro e eu começava a olhar o
pessoal e comecei a gostar. Eles faziam aqueles exercícios de expressão
corporal e eu comecei a me interessar. Daí então eu saí do cinema e fui para o
teatro e aqui estou até hoje. Na época, a pessoa que comandava a parte cênica
do teatro era o Tácito Borralho", conta.
Depois que começou a fazer parte da
realidade dos palcos, o Teatro Arthur Azevedo virou a sua casa. Em média, Ana
Teresa Desterro encenava três peças por ano, em uma rotina intensa de ensaios e
apresentações. Foi dirigida por grandes nomesdo teatro maranhense como Aldo
Leite, Reynaldo Faray, Tácito Borralho e Cosme Júnior.
,
Sinhazinha - O apelido "Estrelinha" surgiu do seu encantamento pelas
sinhazinhas, que também fazem parte da história de sua família. As vestes
deslumbrantes e a postura elegante dessas senhoras sempre chamaram a sua
atenção, alimentando o sonho de, um dia, interpretar uma personagem do tipo nos
palcos.
"Logo que comecei a fazer
teatro, eu sempre dizia que queria um papel em que eu pudesse me vestir com os
vestidos das sinhazinhas, com aqueles laçarotes de fita e cachos. Tanto que
Aldo Leite, que não conseguiu escrever uma peça em que eu saísse como sinhá, me
colocou na Turma do Quinto como a sinhazinha da Praça Gonçalves Dias. Amei
demais. Saí em um carro enorme com a minha roupa bonita", relembra.
Eu sou apaixonada pela arte. Sou apaixonada pelo
teatro, pela música, pelas artes visuais, pelo cinema Estrelinha
O fato de durante a infância ter tido
a liberdade de se expressar de diferentes formas corroborou para que o amor de
Estrelinha pelas diversas manifestações artísticas se consolidasse quando na
fase adulta. Hoje, para ela, o teatro é a sua vida e uma extensão do seu
próprio corpo. "O teatro para mim é minha respiração. É o meu coração. Eu
vou morrer fazendo teatro. Eu sou apaixonada pela arte. Sou apaixonada pelo
teatro, pela música, pelas artes visuais, pelo cinema. Eu sempre tive muita
liberdade pelos meus pais, eles nunca me privaram de absolutamente nada",
declara a professora.
GUT - A professora Ana Teresa Desterro também comanda, há 20 anos, o Grupo
Universitário de Teatro (GUT), projeto de extensão desenvolvido pela UFMA. Além
dos espetáculos, o GUT oferece ainda estudos, seminários e diversos cursos na
área das artes cênicas. O projeto surgiu de uma mobilização dos alunos, de
forma não oficial, consolidando-se como um dos projetos de extensão mais
importantes da universidade.
"Meus alunos faziam muitos
espetáculos comigo e eles ficaram apaixonados pelo teatro. Então, eles mesmos
decidiram fazer um grupo e me convidaram para coordenar. Assim nasceu o GUT,
que primeiramente se chamava Teatro Permanente. A primeira peça que nós
montamos foi uma peça do Aldo Leite, chamada o Castigo do Santo. Nessa peça,
ele criou uma personagem para mim, que se chamava Estrela. Eu fiquei muito
contente, pois ela tinha minhas características", relata.
Por todo o sucesso de sua carreira e
dos projetos que desenvolve, a professora Ana Teresa Desterro agradece à UFMA,
que foi peça fundamental para o seu crescimento profissional. "Eu digo que
a universidade é a minha casa. Eu tenho uma paixão pela universidade e faço
verdadeiras declarações de amor para ela. Tudo que eu sou devo muito à
universidade, mesmo com todas as suas limitações. Ela me deu muita coisa e,
hoje, tento devolver o que ganhei", completa Estrelinha.
Professora
prepara terceiro livro
Não bastasse toda a desenvoltura com
as artes cênicas, a professora Estrelinha também tem uma íntima ligação com o
mundo das letras. Quando criança chegou a compor músicas e escrever poemas.
Nutria também uma grande paixão por escrever cartas, hábito que não é mais tão
comum nos dias atuais.
"Eu escrevo desde pequena.
Quando era mais nova, comecei a escrever poesia e até hoje tenho algumas
guardadas. Escrevia também muitas cartas e as pessoas adoravam minhas cartas.
Eu escrevia com o coração e tudo que você faz com o coração sai bonito",
ressalta.
Hoje, a professora já possui dois
livros publicados - o primeiro como organizadora e outro como autora - e
prepara finaliza o próximo livro, com data de lançamento prevista para dezembro
deste ano. Além disso, ela tem planos para realizar também o lançamento de uma
apostila com todas as direções teatrais assinadas por ela.
"O primeiro livro que lancei foi
como organizadora e se chama ‘Os desafios do ensino da Arte’. O segundo,
lançado na última semana, chama-se Educação, Arte e Teatro em Cena: 15 anos de
Projeto de Extensão na UFMA. O terceiro, que será lançado em dezembro, chama-se
“Resgate da Cultura Popular de Periz de Cima”, cidade onde nasci. Também
pretendo lançar uma apostila com todas as direções que assinei durante minha
carreira", finaliza.
Foto
de arquivo mostra a professora caracterizada; sua história com o teatro começou
aos 23 anos (Foto: Álbum de família)
RAIO-X
NOME
COMPLETO
Ana Teresa Desterro Rabelo
NASCIMENTO
15 de outubro de 1954
PROFISSÃO
Professora
FILIAÇÃO
Raimundo Benedito Rabelo e Maria do Carmo Desterro Rabelo
ESTADO
CIVIL
Solteira
QUALIDADE
Dinamismo
DEFEITO
Perfeccionismo
ALEGRIA
Fazer teatro
TRISTEZA
"Nosso atual momento social e político"
SAUDADE
Dos pais e do irmão, já falecidos
PLANOS
Começar o doutorado e continuar como escritora
0 comentários:
Postar um comentário