FIM DE FESTA - Felipao encerra ciclo e tenta evitar novo fiasco

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FIM DE FESTA - Felipao encerra ciclo e tenta evitar novo fiasco


Brasil pode ter o pior aproveitamento de pontos desde 1974 se perder para a Holanda na disputa do terceiro lugar, em Brasília.

Folha de São Paulo

Luiz Felipe Scolari vai encerrar "a fase atual" do seu trabalho na CBF
após o final do jogo contra a Holanda, neste sábado (12), no Mané
Garrincha, em Brasília.

O duelo, que definirá o terceiro lugar da competição, servirá também
para evitar outra marca negativa da seleção nacional nesta Copa.




Se os brasileiros forem derrotados no estádio Mané Garrincha, será o
pior aproveitamento de pontos do Brasil em 40 anos em Mundiais.

Apesar do tom de despedida, Felipão não descartou nesta sexta (11)
permanecer no cargo depois de uma reunião com os cartolas da entidade
nos próximos dias.

"Encerro amanhã [hoje] a primeira etapa do meu trabalho. Depois, vou
apresentar meu relatório, e o presidente [José Maria Marin] e Marco Polo
[Del Nero, presidente eleito da CBF] vão conversar e veremos o que vai
acontecer", disse o treinador, que comandou na terça o time na mais dura
derrota da centenária história da seleção brasileira.

No Mineirão, a Alemanha goleou com facilidade os brasileiros, por 7 a 1, pela semifinal da competição.

Na entrevista coletiva desta sexta, ele voltou a apontar o seu trabalho
como bom e declarou que não tem que se envergonhar de nada.

Mesmo assim, Felipão disse que ainda não superou o impacto da derrota
"catastrófica", como gosta de definir o jogo em Belo Horizonte.

"Vai ser difícil para o resto de nossas vidas. Para mim, para os
jogadores e torcedores. Por uns 20 anos vamos conviver com essa
derrota."

A seleção ainda corre o risco de encerrar o Mundial organizado no país com uma campanha pífia.

Até agora, o time soma três vitórias, dois empates e uma derrota no Mundial, com 61,1% de aproveitamento.

Uma derrota diante dos holandeses deixaria a seleção com pouco mais da
metade dos pontos disputados (52,4%) e igualaria a campanha da equipe
nacional na Copa de 1974, na Alemanha.

Na época, o time comandado por Zagallo foi surpreendido pelo Carrossel Holandês e ficou fora da final.

"A motivação, pelo menos da minha parte, é a maior possível. Claro que
com um objetivo diferente, não é o primeiro lugar em disputa, e sim
nossa honra, nossa dignidade", disse o zagueiro Thiago Silva, que
voltará ao time depois de ficar de fora da goleada histórica da
Alemanha.

O zagueiro cumpriu suspensão por ter recebido o segundo amarelo no torneio.

Além da volta do capitão, Felipão adiantou que deverá mexer em mais duas
ou três posições, mas não anunciou a escalação que usará.

'Vergonhaco' ou 'Mineiraco' podem batizar a queda, dizem especialistas

Ainda nao ha consenso, contudo, sobre qual expressão definirá o vexame 







Num exercício de futurologia, como ficará conhecida a goleada por 7 a 1?
Mineiraço? Vexame? Apagão? Em 98 Ronaldo amarelou, em 82 a derrota para
a Itália ficou conhecida como a tragédia de Sarriá e, em 50, o
Maracanazo.





A situação ainda não está clara, segundo personalidades e especialistas ouvidos.





Para o publicitário Washington Olivetto, "ao contrário do Maracanazo ou
da tragédia do Sarriá, foi uma exibição tão vagabunda que nem grande
apelido sobrará".





Já o professor de história na USP e coordenador de núcleo
interdisciplinar de estudos sobre futebol, Flavio de Campos, diz que "o
brasileiro é bom para batizar situações, até mesmo tragédias, alguém vai
conseguir expressar o que foi aquilo".





Também pesquisador do núcleo de estudos sobre futebol, Denaldo Alchorne
de Souza afirma que a derrota deve ficar conhecida como algo como
"Mineiraço" ou "tragédia do Mineirão".





Para ele, é injusto equiparar a derrota de 2014 à de 50. "O Brasil não
era uma potência no esporte. O fracasso significou o fracasso como
nação. O país hoje é outro."





Para o escritor Milton Hatoum, "Vergonhaço" seria o nome mais cabido.
"Porque foi uma vergonha. Um pesadelo. Ninguém imaginava que isso
pudesse acontecer."





Hatoum, no entanto, ressalva: "Eu não sei como será o torcedor daqui a
30 anos. E muito menos o futebol. Não sei se terá dignidade. Porque os
cartolas e a publicidade estão acabando com ele".





Renato Janine Ribeiro, professor de filosofia da USP, define a derrota para a Alemanha como acabrunhante.





"É sem dúvida o momento mais baixo do futebol. Não se compara à derrota
de 50 e mesmo 98. Aquilo foi um caso isolado, e era final", disse.





"De toda forma não acho que a ferida narcísica será tão brutal. O Brasil
de hoje está melhor do que na ditadura, quando ganhou o tri, e melhor
do que quando ganhou o tetra e o penta. Não acho que a sociedade está
desarvorada, no sentido de que a alma brasileira foi ferida."





Pepe, ex-jogador do Santos e da seleção, afirma: "Foi a maior tragédia
do nosso futebol. Só estávamos acostumados a aplicar goleada, não a
tomar". Um nome para a tragédia? "Qualquer coisa que termine com aço'."




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