Artista Plastico Ribamar Carvalho no perfil do Jornal O Estado do Maranhao

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Artista Plastico Ribamar Carvalho no perfil do Jornal O Estado do Maranhao


Foto: Paulo Soares
Artista plástico Ribamar Carvalho

'Eu quero impactar as pessoas com o meu trabalho'

Artista plástico começou a desenvolver o dom da psicopictografia aos 19 anos, período no qual conheceu Vera Vasconcelos, que lhe ensinou a pintura.
Jock Dean
Da equipe de O Estado
20/04/2014 00h00

A porcelana foi descoberta na China há cerca de 5.000 anos. Como qualquer outro tipo de arte, foi passando por mudanças, como os diversos tipos de técnicas de molde e pintura, devido à cultura dos países que a foram incluindo em seu dia a dia. Esse processo de transformação continua e no Maranhão ganhou ares regionais com o artista plástico Ribamar Carvalho, que retrata os casarões coloniais de São Luís, o cacuriá, o bumba meu boi e outros elementos típicos da cultura maranhense.
Os temas pintados em porcelana são diversos e variam de artista para artista, porém o mais comum é que as peças sirvam de tela para elementos da cultura oriental, onde a técnica surgiu. Em 1992, quando fez sua primeira exposição, intitulada A arte milenar de pintar em porcelana, Ribamar Carvalho viajou às origens da técnica, mas logo procurou uma identidade própria para o seu trabalho. "Eu fujo do tradicional na pintura em porcelana. Desde cedo eu me desprendi do tema oriental", afirma.
Mas a trajetória de Ribamar Carvalho como artista plástico começou de uma forma diferente. Por volta dos 19 anos, sem nunca ter feitos cursos de artes ou pintura, ele começou a desenvolver o dom da psicopictografia, também conhecida como pintura mediúnica. "Desde criança a arte era algo que me chamava atenção. Eu sou espírita kardecista e por volta de 1984, quando tinha 19 anos, desenvolvi o dom da psicopictografia e fiz algumas pinturas naquela época", revela.
Nesse mesmo período, um dos seis irmãos de Ribamar Carvalho, que estudava Educação Artística na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), começou a trabalhar com a artista plástica Vera Vasconcelos, que havia chegado a São Luís na década de 1970 e foi pioneira na técnica de pintura em porcelana na capital. Por meio do irmão, ele entrou em contato com a pintora e se tornou seu aluno. "Na verdade, eu produzia peças e nisso fui me aperfeiçoando", conta.
Foi a partir do contato com Vera Vasconcelos que ele desenvolveu seu talento. Ele começou fazendo o canetado em azulejo - que é a etapa em que é feito o contorno do desenho antes do processo de pintura. "Eu pedi para canetar o azulejo, depois de um tempo pedi para pintar o azulejo. Depois de algum tempo, após observar as outras pessoas pintando a porcelana, pedi a Vera que me deixasse canetar a porcelana e por fim comecei a pintar a porcelana", lembra.
Exposições - A partir disso, ele começou a investir na arte, comprou seu primeiro forno e se preparou para sua primeira exposição. Após esta, várias outras mostras individuais ou coletivas foram feitas pelo artista, que já no segundo trabalho saiu das pinturas clássicas de gueixas, dragões e outros símbolos da cultura chinesa para apresentar A magia do Egito em porcelana. Em 1995, Traços africanos. "Eu escolhia sempre um tema do meu interesse para fazer meu trabalho, buscando me diferenciar e criar uma identidade própria", conta.
Nessa tentativa de fazer um trabalho diferenciado, Ribamar Carvalho também deu um rumo diferente à finalidade das suas pinturas. Quando era aluno de Vera Vasconcelos, percebeu que a maioria dos seus colegas de curso eram senhoras da sociedade que estavam interessadas em aprender a pintar para fazer da atividade um hobby, deixando as peças que produziam no interior das suas casas, tendo como único público familiares e amigos. "Eu quero impactar as pessoas com o meu trabalho, por isso comecei a expor", afirma.
Foi em 2012 que seu trabalho atingiu o auge da particularidade com uma exposição em homenagem aos 400 anos de São Luís com peças que retratavam a cidade, o folclore, suas manifestações artísticas e outros traços da cultura local. E apesar de fugir do tradicional, ele garante que seu trabalho é bem recebido. "Muitas pessoas ficam admiradas com o fato de eu usar essa arte milenar para retratar o Maranhão, retratando a nossa identidade cultural, que é riquíssima", informa.
Referências - Mas a sua inspiração na escolha dos temas perpassa por diversas referências culturais. Em sua próxima exposição, ele pretende retratar a cultura indígena. "Eu gosto de pintar de tudo. Quando eu escolho um tema, eu pesquiso e estudo bastante. No caso da minha próxima exposição, eu sempre gostei da questão indígena, dos adornos, dos elementos, desse contato com a natureza, que é algo que eu adoro muito tempo. Eu acho que vai ser um trabalho rico em detalhes e com muito colorido", explica.
Esse trabalho único chamou a atenção de uma galeria em Boston (EUA), que o convidou para ter peças incluídas em seu catálogo, mas como ele estava produzindo a exposição São Luís 400 anos não foi possível participar da produção do catálogo. "Eles queriam comprar minhas peças, mas eu não pude vender. Se eu tivesse conseguido ir, seria o marco do meu crescimento artístico, mas nós mantivemos contato e eles disseram que procurariam em um segundo momento da produção do catálogo", diz.
Depois de 30 anos de trabalho, Ribamar Carvalho acredita que enfim chegou o momento de fazer um curso de belas artes para aperfeiçoar seu conhecimento. E ele fala isso com a experiência de quem pensava em ser bancário quando jovem, até o espírito artístico lhe tocar. "Eu já ganhei alguns prêmios, como o Top 100 do Sebrae, e agora devo ter trabalhos meus expostos durante a Copa do Mundo. O Ministério da Cultura já entrou em contato e eu vou levar a cultura maranhense, por meio das minhas pinturas, para os palcos da Copa", comemora.

Preservação da arte é preocupação

Atualmente, apenas Ribamar Carvalho ainda faz exposições individuais dos seus trabalhos com porcelanas. A última exposição coletiva, segundo lembra-se, aconteceu em 1994, por isso o artista se preocupa em preservar, no Maranhão, a arte milenar de pintura em porcelana. Ele começou a dar aulas em projetos patrocinados pela Vale e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Seu objetivo é treinar pessoas que produzam peças para exposição.
Em seus 30 anos de carreira, Ribamar Carvalho viu a arte da pintura em porcelana quase desaparecer. Muitos os que pintavam quando ele deu suas primeiras pinceladas deixaram o trabalho de lado por causa da idade. Percebendo a falta de divulgação e de pessoas expondo, ele começou a desenvolver um trabalho de preservação da técnica e em 2007 se tornou consultor do Sebrae. "Hoje, é um trabalho muito escasso e não muito difundido. Se você não fizer nada para preservar, vai desaparecer", alerta.
Na mesma época, ele propôs à Vale um trabalho de divulgação da pintura em porcelana. "A Vale gosta muito de trabalhos desenvolvidos nas comunidades da sua área de influência, então eu reuni algumas pessoas de várias faixas etárias daquela região onde ela está instalada e treinei essas pessoas, repassando-lhes a técnica da pintura, feitura das tintas, mas a temática trabalhada depende do talento de cada um. Foi um trabalho muito legal, mas não foi possível continuar", conta.
A principal dificuldade apontada por Ribamar Carvalho para continuar divulgar a técnica é a falta de patrocínio. "Para divulgar a arte, é preciso que haja pessoas que produzam para venda e que um dia possam se tornar instrutores também e dar prosseguimento a este tipo de arte que está desaparecendo em nosso estado. Mas também é preciso que haja patrocínio para isso, para que pessoas que não tenham tantos recursos, mas muito talento, possam se desenvolver", afirma.

RAIO-X

NOME COMPLETO:
José de Ribamar Carvalho Pinheiro
NASCIMENTO:
15 de setembro de 1965
FILIAÇÃO:
Wilson Gusmão Belo Pinheiro
Jandira Carvalho Pinheiro
NATURALIDADE:
São Luís (MA)
ESTADO CIVIL:
Solteiro
QUALIDADE:
Persistência
DEFEITO:
Ansiedade
ALEGRIA:
Ter a família reunida
TRISTEZA:
A falta de amor na humanidade
SAUDADE:
Da tranquilidade dos tempos antigos
PLANOS:
Cursar belas arte
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