'SAIAS' - Dira Paes em filme sobre os bastidores da política

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'SAIAS' - Dira Paes em filme sobre os bastidores da política

Questão de gênero. Dira, numca cena de “Saias”: “Atrás dos grandes políticos, sempre tem uma secretária que faz falcatruas, com a maior dignidade, não é?” Foto: Terceiro / Divulgação/David Benincá


Atriz interpreta uma senadora corrupta em longa do diretor Gustavo Acioli, que escreveu a personagem especialmente para ela




RIO — Celeste, a fogosa personagem da minissérie de TV “Amores roubados”, que incendiou o Brasil em janeiro, já é passado para Dira Paes. Em “Saias”, longa-metragem que o diretor Gustavo Acioli terminou de filmar na semana passada, a atriz paraense lança de outras armas, que não seus elogiados atributos físicos, para que sua personagem consiga o que deseja. No filme, uma comédia ambientada nos bastidores do poder em Brasília, Dira interpreta Maria Pilar, uma senadora envolvida em uma licitação escusa.

— Sou a vilã da história. A Maria Pilar é uma mulher de quinta categoria, porque é isso que penso de político que usa o cargo para enriquecimento próprio — dispara Dira durante os intervalos das filmagens em um restaurante do Centro. — Esse personagem chegou em uma boa hora. Passo por ciclos. A Maria Pilar oferece uma outra faceta minha, como atriz, até porque é uma comédia com críticas ao cenário político brasileiro.

Como o título sugere, “Saias” é um filme de mulheres — os personagens masculinos são poucos, e secundários. O elenco principal da trama é complementado por Stella Miranda, que vive uma ministra, e Elisa Lucinda, que interpreta uma jornalista que gosta da proximidade com o poder. Elas transitam pelos corredores da Esplanada dos Ministérios, cenário de todo tipo de tramoia, provando que a corrupção não é uma prerrogativa masculina. Para embaralhar qualquer tipo de ligação com fatos ou personagens reais, Acioli, também autor do roteiro, situou o enredo do filme em um tempo indeterminado, no qual “as mulheres são maioria em todos os cargos do poder”.

— É um filme meio atemporal, não fica claro se estamos falando do futuro ou de uma realidade paralela — explica o diretor, autor de “Incuráveis” (2005), drama intimista vencedor do Candango de melhor ator (Fernando Eiras) do Festival de Brasília. — Meus curtas sempre tiveram humor, o “Incuráveis” é um objeto estranho na minha filmografia. Mas “Saias” não é uma comédia escrachada, dessas que fazem sucesso hoje em dia. Estou indo por um caminho intermediário: serve tanto ao espectador que tem bagagem política quanto ao que não tem.

“Saias” foi escrito especialmente para Dira, com quem Acioli trabalhara em “Incuráveis” (2005), seu primeiro longa-metragem.

— Ela é a maior atriz de cinema do país, está no auge da forma artística. É impressionante como a Dira entende a linguagem do cinema — elogia Acioli, enquanto espera sua equipe dar os toques finais do cenário. — O biotipo dela também se encaixava perfeitamente na proposta do filme, que quer incorporar as cores e os sotaques do Brasil. Na hora de montar o elenco, eu me preocupei com uma representação étnica mais plural, sem identificar a origem regional dos personagens. Mas queria pelo menos a diferença nos falares.

“Incuráveis” era um drama intimista, que registrava um embate psicológico e amoroso entre uma prostituta (Dira) e um cliente (Eiras) num quarto de hotel. Dira ficou surpresa que, em seu filme seguinte, Acioli surgisse com uma trama mais leve, que debocha da realidade política brasileira.
— Não tinha lido nada tão atual, tão crítico e bem-humorada em relação a uma situação insustentável, sobre um país à beira do colapso da idoneidade de seus governantes — diz a atriz, retribuindo o elogio. — Achei o texto de uma sagacidade muito grande, o que é ótimo, porque as pessoas têm muita resistência a falar de política, e o humor pode desarmar o espectador. É legal fazer graça de uma realidade próxima, de situações que parecem surreais: é o dinheiro na cueca, no sutiã; é o conluio, o lobby, o tráfico de influências.

Corrupção não tem gênero

A ação de “Saias” se passa ao longo de 24 horas. A senadora Maria Pilar força um encontro com a ministra Ivone Feitosa (Stella) porque quer acompanhar de perto a licitação de um projeto chamado Brasil Brasileiro. A ministra aproveita o interesse da senadora para tirar da concorrência uma ONG desconhecida, que estava prestes a ganhar o edital. Ivone recomenda que Maria Pilar procure Madalena (Milena Jamel), a secretária-executiva de seu ministério, para montar um plano para favorecer outra empresa na licitação, de propriedade de uma grande amiga da senadora. Mas Madalena resolve armar seu próprio esquema, criando uma grande confusão.

— Não gosto de falar sobre gênero, mas o filme pede isso. As questões de gênero estão ficando ultrapassadas. Não adianta mais polarizar o mundo entre homem e mulher. A discussão é sobre ética, o comportamento na vida pública. Atrás desses grandes políticos, sempre tem uma secretária executiva que faz todo tipo de falcatrua, com a maior dignidade, não é? — pergunta a atriz, com um sorriso maroto no rosto.


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1 comentários:

Anônimo disse...

Que beleza... E os políticos deixaram gravar? Circularam pela Câmara e Senado? Tomara que façam muito mais filmes sobre a sacanagem política nesse país. Dará anos e anos de filmes, sagas, crossovers, minisséries... Capitã Nascimento vai ser fichinha.,

William Moraes Corrêa

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