Samba para Bandeira Tribuzi, na escola Marambaia, em 2016
Poeta, jornalista e economista, autor
de “Louvação a São Luís” terá vida e obra retratadas na Passarela do Samba pela
escola Marambaia
Alternativo - O Estado do Maranhão
No mês em que celebraria seu aniversário natalício
de 89 anos, o poeta, jornalista e escritor Bandeira Tribuzi será o grande
homenageado pela escola de samba Marambaia por meio do enredo “De Tribuzi a São
Luís, uma louvação ao Carnaval”. A agremiação, sediada no Bairro de Fátima,
relembrará a trajetória do homem que introduziu o Modernismo no Maranhão e
fundou, ao lado de José Sarney, o jornal O Estado do Maranhão.
Para tanto, a escola, sob o comando do carnavalesco
Denys Melodia, desfilará com 18 alas, quatro alegorias, dois tripés e cerca de
1.600 pessoas. “Podemos dizer que estamos com os trabalhos andando bem. Em
torno de 30% da escola está pronta e vamos nos dedicar para deixar tudo certo
para o desfile”, diz Denys Melodia.
Quem for assistir ao desfile verá, na Passarela do
Samba, no Anel Viário, no Domingo Gordo, a vida e a obra do maranhense ser
contada por meio de fantasias, das alas, da bateria - que neste ano vem com 115
integrantes - e também da letra do samba.
Assinada por Denys Melodia e Haroldo Oliveira, a
letra trará inserções de poemas do homenageado na voz de Demivaldo, intérprete
oficial da agremiação. “Quem conhece a obra imediatamente identificará e quem
não conhece terá a oportunidade de conhecer a contribuição inegável de Tribuzi
para a nossa cultura”, destaca Denys Melodia.
A ideia de prestar uma homenagem ao poeta surgiu
ano passado, quando a agremiação também levou para a avenida outra homenagem.
Em 2015, a Marambaia reportou a vida e trajetória do jornalista Pergentino
Holanda, o PH, ficando em terceiro lugar. “Já depois do desfile, o PH frisou
que deveríamos homenagear o grande poeta, jornalista e economista Bandeira
Tribuzi. De pronto aceitamos a ideia e começamos os preparativos. O nome dele
foi unânime”, frisa Denys Melodia.
Segundo o carnavalesco, quem também está
entusiasmada com a homenagem é a família do poeta. “Eles têm comparecido a
alguns ensaios e estão felizes com o resultado do trabalho”, festeja.
Homenageado
José Tribuzi Pinheiro Gomes nasceu em 2 de
fevereiro de 1927 e morreu no dia 8 de setembro de 1977, em São Luís. Deixou
como legado uma obra que contempla áreas distintas e comprova a grandeza do
maranhense. Dono de espírito irrequieto, o poeta caminhou com desenvoltura pelo
jornalismo, economia, política e música.
Filho do português Joaquim Pinheiro Ferreira Gomes
e da maranhense Amélia Pinheiro Gomes (teve o codinome incorporado ao nome
devido à predileção pela obra de Manuel Bandeira, a quem admirava), antes de
completar 3 anos de idade seguiu com a família para a terra natal do pai.
Na Europa, frequentou escolas em Porto, Aveiro e
Coimbra e por lá permaneceu até concluir sua formação superior. Formado em
Filosofia e Ciências Econômicas e Sociais, Bandeira Tribuzi retornou a São Luís
em 1946.
Apesar de filho de comerciante bem-sucedido, não
assumiu cargo na firma do pai. A sólida formação humanística o impeliu para
outras paragens. Sob a influência de nomes como Sá-Carneiro, José Regio,
Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, além de García Lorca, o poeta e
escritor logo contagiaria sua geração com ideias novas.
Não tardou para que o jovem poeta unisse em torno
de sua figura um grupo de jovens amigos para discutir artes plásticas, música e
literatura. Tribuzi foi o primeiro a mostrar aos maranhenses versos do
Modernismo. Apesar de ter voltado ao Maranhão, vindo de Portugal, em 1946,
portanto anos depois da Semana de Arte Moderna de 1922, ainda encontrou seus
conterrâneos escrevendo em rimas e simetria de versos.
A obra de Tribuzi no gênero poesia está publicada
em 10 livros e foi reunida no volume “Poesias Completas” (1979), reeditado em
1986 com o título de “Poesia Reunida”. Em 2002, os versos do poeta ganharam
nova seleta em “Obra Poética”, dentro da coleção Maranhão Sempre, editada pela
Secretaria de Estado de Cultura, com direito a textos de José Sarney, Jomar
Moraes e Nauro Machado.
Louvação
Em sua biografia, destaca-se a autoria da
marcha-rancho “Louvação a São Luís”, tomada como hino da cidade que tanto
cantou. Amigo e contemporâneo do escritor José Sarney, com o qual fundou o
jornal O Estado, Tribuzi morreu dia 8 de setembro de 1977, aos 50 anos.
Publicou, no gênero poesia, os livros “Alguma
existência” (Edição do autor. São Luís, 1948), “Rosa da Esperança” (Rio, Orfeu,
1950), “Safra” (Rio/São Luís, Departamento de Cultura, 1961), “Sonetos” (São
Luís, 1962), “Pele e Osso” (Rio, Orfeu, 1970), “Breve memorial de longo tempo”
(São Luís, 1977) e “Guerra e paz; in Itinerário” (Fortaleza-CE).
Após sua morte teve publicadas as obras “Poesias
completas” (Rio/Brasília, Cátedra/INL, 1979, inclusive as obras anteriormente
publicadas acrescidas dos inéditos “Canções do exílio”, “Viola de amor”,
“Romanceiro da Cidade de São Luís”, “Intimo comício e outros poemas”),
“Rosamonde (o touro da morte)” (São Luís, Sioge, 1985), “Tropicália
consumo&dor” (São Luís, Sioge, 1985) e “Obra poética” (Editora Siciliano,
São Paulo, 2002).
Bandeira Tribuzi assina ainda a novela “Da
conveniência de fazer-se um deputado conveniente” (São Luís, Sioge, 1985). No
campo da economia assinou “Esboço da formação da economia maranhense.
Comportamento recente da economia maranhense. Perspectiva econômica das BRs no
Maranhão” e “Formação econômica do Maranhão: uma proposta de desenvolvimento” (São
Luís, Fipes, 1981).
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