Jean Wyllys: “Afirmar orgulho LGBT é uma forma de fazer política”

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Jean Wyllys: “Afirmar orgulho LGBT é uma forma de fazer política”

Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, deputado fala da importância da Parada Gay que acontecerá no próximo domingo (15) em Copacabana
11/11/2015
Por Fania Rodrigues,
Do Rio de Janeiro (RJ)

  
"As paradas são momentos de cobrança e denúncia", diz Jean (Foto: Moises Yousef)  








Homossexual assumido e ativista da causa gay, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) acaba de ser eleito uma das 50 personalidades da diversidade em todo o mundo, segundo a revista The Economist, uma das mais importantes da Inglaterra. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele fala dos avanços e retrocessos nos direitos dos LGBTs.
Brasil de Fato – Aproveitando a realização da Parada LGBT do Rio, que vai acontecer no domingo, gostaria que fizesse uma avaliação dos direitos LGBTs. Quais foram os avanços?
Jean Wyllys - Por um lado, o conservadorismo instalado no Congresso Nacional e nas câmaras estaduais e municipais conseguiu impedir o avanço de propostas que possam garantir o combate às violências que matam. Mas, por outro, avançamos no reconhecimento da nossa cidadania. Foi o caso, por exemplo, do reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, por decisão do Conselho Nacional da Justiça, provocado por uma ação do meu mandato, depois de outra anterior do Supremo Tribunal Federal (STF). 

 Nesse último ano, qual o principal retrocesso?
O acirramento do conservadorismo e o surgimento de nomes destes grupos conservadores entre os envolvidos em esquemas de corrupção, como o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), que colocou pautas que afetam diretamente direitos da população LGBT no centro de uma disputa política oportunista e desonesta. A consequência mais flagrante é ver direitos de toda uma parcela da população virando moeda de troca, em especial na hora de chantagear o governo.
Qual o impacto de sua presença no Congresso e o fato de ser um homossexual assumido?
Minha presença incomoda esta gente. Estão acostumados a tratar as minorias como subalternas, sem que haja alguém em igual posição que lhes desmascare. O fato de ter um homossexual assumido disputando o espaço de fala e de poder ameaça esta gente reacionária e hipócrita. Por isso mesmo não lhes resta outro recurso senão apelar para campanhas contra minha pessoa em redes sociais, custeadas com recursos públicos.
Qual é a importância das Paradas LGBT?
Afirmar o orgulho, de forma pública, é uma forma de fazer política, e isto é inegável. Mas as paradas são também momentos de cobrança e de denúncia, de conscientizar todo aquele público sobre o protagonismo na disputa política. As paradas nasceram com este papel de ocupação, de levante. Não é hora de baixar a guarda, temos muito a lutar. Especialmente agora, em meio aos ataques das bancadas reacionárias, é hora de tomar a frente e colocar nossas pautas nas ruas, nas fotos dos jornais e nas imagens das tevês.
Gostaria que falasse da situação dos homossexuais das classes populares.
Nesses casos, as vulnerabilidades se somam. Homossexuais ou bissexuais que também são negros ou negras, pobres, moradores das periferias ou adeptos de religiões minoritárias sofrem muito mais com a discriminação. Os homossexuais brancos de classe média ou alta, em geral, são bem respeitados graças ao seu poder de consumo. Precisamos ser solidários com todas as pessoas em situações vulneráveis, e em especial às pessoas trans, por conta da transfobia. A elas são negadas o acesso à educação formal e sofrem com a invisibilidade, no mercado de trabalho e o abandono de suas famílias. Somente a solidariedade pode reduzir esses danos.

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