O futebol está em curva de baixa na audiência

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O futebol está em curva de baixa na audiência

O futebol virou programação regular na Globo (Foto: Reprodução)
De 1999 para 2000 a relação futebol e TV explodiu no Brasil como já havia acontecido na Europa, no início dos anos 1990. É o que contam dois executivos, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que comandou a Globo por três décadas, até março de 1999, e Carlos Augusto Montenegro, que dirigiu as pesquisas de audiência do Ibope por mais de três décadas, até abril deste ano, e também o Botafogo, entre 1993 e 95. Ambos foram ouvidos pela Folha de S. Paulo, por Nelson de Sá.

"Quando fui presidente do Botafogo, a cota de TV era mínima", diz Montenegro. "O boom da TV começou em 2000. Infelizmente, não vivi isso. Eu me lembro que a receita dos jogos e a publicidade da camisa é que faziam a manutenção do clube."

Boni diz que seu conceito sobre futebol, para a programação, era só transmitir finais e grandes jogos, para não depender da produção de terceiros, priorizando o conteúdo próprio, como novelas e jornalismo. Daí comprar os direitos junto com a Bandeirantes, que transmitia a maioria dos jogos.

"O futebol virou um grande negócio a partir da minha saída da TV Globo", diz. "Resolveram fazer mudanças na programação e uma delas foi a introdução do futebol como atração regular. Virou programação contínua de quartas, sábados e domingos."

A Globo "passou a montar o futebol de acordo com o interesse dela, no horário dela, tornando o futebol uma atração de TV."

A mudança deu certo, de início. "Por meio do Ibope, vi a importância disso, vi por que a TV Globo pagava bem aos clubes", diz Montenegro, acrescentando porém: "Hoje está em curva de baixa muito grande, por causa da saturação. Todo dia tem jogo".

Montenegro lista distorções na relação entre futebol e TV hoje, como a transmissão ser ainda por TV aberta (não paga, como na Europa) e horários inviáveis, como 22h00, para acomodar a programação. Referindo-se às investigações do FBI, que abrangem intermediários de direitos de transmissão como a Traffic, afirma que é preciso "aproveitar o que está acontecendo, dar um corte no baralho e refazer o futebol. A gente não vai ter outra chance igual a essa".

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