Porque urge resgatar o 5.º Batalhão!
Tácito Borralho (* ex -carnavalesco) e César Teixeira (compositor e jornalista)
Porque urge resgatar o 5.º Batalhão! (Sotaque da Ilha, JP Turismo/Jornal Pequeno,
27.2.2015) (A Turma do Quinto é pra engrandecer o
concurso das escolas de samba, não exibir lástimas, como a pior comissão de
frente da sua história. O agá baiano do Bicho-Terra, Barrica, etc.) Herbert de Jesus Santos(*)
O poeta e compositor Cesar Teixeira nem pestanejou, num bar
do Beco do Gavião, noite adentro de sábado, nas antecedências do carnaval de
1995, perto da apresentação, na Turma do Quinto, lendo a letra A Festança de
São Pedro: os Guardiões da Aurora da Vida (em alusão à Capela de Nossa Senhora
da Madre de Deus, Aurora da Vida, origem do bairro), para dar a nota
de que eu era um dos maiores, se não o maior poeta do Maranhão: Da
rampa velha que eu vi/, continua firme a Madre Deus!/E pelo meu santo, eu fiz
um bom canto/,com uma luz a clarear:/lá no altar, azul e branco é
poesia(...)/Manoel Pinto traz teu boi,/vem, guarnece aquilo tudo que não
foi,/uma estrela a brilhar/e com São Pedro também a festejar!(...)/Vovó Marcela
e Noca, na ladainha/! Solta foguete, Piloto!/Balança o sino, Seu Doca,/para
surgirem as procissões da terra e mar!(...) Ia assim, até que uma viperina
dupla interveio, na composição, porém eu já me regozijava com a consideração do
alteroso autor de Oração Latina, Boi da Lua e outras preciosidades do nosso
cancioneiro e prefaciador do meu livro de estreia, Uma Canção Para a Madre (de)
Deus, em 1984, com poemas antológicos, relendo-os, com mais experiência, há
pouco. Sem exibicionismo, nenhum faria melhor, sem a visualização da Minha Avó
Paterna (Marcela), a primeira zeladora da igrejinha, haver nascido apegado
desta, acordado pelos bumba-bois, na idade mental, e vidrado onde bispava as
miçangas e lantejoulas das fantasias no chão de São Pedro, guardadas, numa
caixa de papelão, que nem brilhantes, quando os brinquedos joaninos eram o meu
primeiro presente de Natal.
Seguia
com esta reminiscência, na adjacência da passarela do samba, no Anel Viário, na
noite do sábado gordo desse carnaval, quando fui saudado por Gersinho Silva,
compositor e tesoureiro da Turma do Quinto, à guisa de convite: “Como é, poeta,
sai este ano com a gente”?! Com o aceno positivo, eu receberia ao telefone as
informações necessárias; agradeci, e manjei, na sutileza, que eu
sempre fui mais torcedor, desde criancinha, e pouco desfilei com a agremiação,
da qual Meu Pai foi diretor e ritmista: na adolescência, atrás dos batuqueiros,
balizas e porta-estandarte, saídos da casa de Bibica, no Largo; em 1995, na
representação de minha ascendência, na homenagem ao Padroeiro dos Pescadores; e
em 2000, por eu ser a principal voz para ela ressurgir no
certame das suas congêneres. Cheguei em casa, com um sino em festa nas ouças, e
com o raciocínio ressabiado contra os sócios das sanguessugas Bicho-Terra, Boi
Barrica, Natalina da Paixão, etc., que exercem influência no supracitado: manejaram
para a extinção da Turma do Quinto, em 2000, e eu viabilizei todo o material
para os carros alegóricos com o confrade jornalista Luiz Pedro de Oliveira;
possessos, na Secma, sustaram o subsídio para o Festejo
de São Pedro, pois Meu Primo, João Batista dos Santos, presidente
vitorioso do Quinto, era da comissão organizadora, e me chamou para a
desobstrução exitosa dos dois impasses; como, por minha solicitação, em 1994, o
deputado estadual e ex-diretor do Sioge, Expedito Moraes, patrocinou a
restauração da sede da TQ, e os desafetos lhe impuseram uma charanga
mortal, sem concorrer, com o tema Nação Madre Deus (1993); Baralho de Reis
(1994); 5.º Batalhão de Arte (1996); e Estrelas da Rua ( 1997).
Com um pé atrás, e Godão porejando querer vitória só para as
suas crias, bem citadas no samba, no desfile, na segunda-feira gorda, a minha
suspeição, na concentração do Quinto, alicerçou-se: Gersinho Silva esquecera o
prometido. Simples assim. O sobrinho do legendário Tabaco (este, em
páginas e fotos, no meu livro inédito Brilhantes no Tempo de Cada Um) não
desafiaria a trupe, que, na Secma, em tenebrosos invernos, lavou a
burra, em canto de cigarras, e exclusividade dos benesses, em consonância com o
editorial do Jornal Pequeno, de 17.2.2015: “(...)A coisa era tão escandalosa
que a Polícia Federal, investigando o filho de Sarney, Fernando, por formação
de quadrilha, gestão irregular de instituição financeira, lavagem de dinheiro e
falsidade ideológica, deu à ação o nome de Operação Boi Barrica; tempos áureos
em que a Companhia Barrica inteira, levando intrusos a tiracolo, excursionava
meses pela Europa, enquanto a maioria dos produtores culturais se ressentia da
falta de apoio governamental, do tambor de crioula aos bumba-bois(...)”. O JP
não tocou nas viagens das Arábias, pela Ásia, e de dólares, pelos EUA e Canadá,
mais fazendo turismo e, na imitação rentável das nossas mais valiosas tradições:
eram dezenas de passagens em qualquer passeio. (Maratona foi, em 2004, para
a minha primogênita receber a premiação por ser vencedora do Brasil, em
concurso da USP (Universidade de São Paulo), com sua monografia de graduação em
Relações Públicas da UFMA, em 2003, A Mídia e a Greve Estudantil Pela
Meia-Passagem, em 1979, em São Luís: o caso do Jornal Pequeno. E o melhor texto
acadêmico do País não venceu, em erudição, no Concurso Literário da Func/2005!
Com o pai, aqui, ansioso, pois sem condição, o então secretário estadual da
Justiça, Carlos Nina, contatou seu colega da Educação, Luís Fernando Silva, em
vão; procedeu a uma cotização em seu gabinete, eu da sua assessoria
de Comunicação; o Sotaque da Ilha abriu o verbo; a UFMA intercedeu; e a nossa
campeã foi simbolizar, na maior universidade da América Latina, a Inteligência
do Maranhão)
Fiquei
apreensivo, na passarela do samba, sem assistir ao lido no jornal: “A Turma do Quinto apresenta este ano o tema Madre Deus de Festejos
e Festanças, dos saudosos bambas e dos novos sambistas, poetas e artistas”,
adiantou Gersinho Silva que, ao lado de Zezinho Chagas, realizou a pesquisa do
tema, na obra homônima de Chagas Júnior. Pela primeira vez, a escola não tem um
carnavalesco responsável, mas uma comissão de carnaval. Observamos bons
resultados, está muito bem assim.”
Ficou na cara que é fácil achar-se poeta e
historiador, aqui! O samba-enredo estava longe dos de Cesar
Teixeira, Mestre Sapo (Henrique Reis) e de Godão e Bulcão, estes dois, antes de
se pavonearem predadores da nossa cultura.
A TQ retroagira: em 2015, seriam quase dois mil participantes,
que, em 1979, com o enredo Dias de Sonhos e Festas, contava seu folheto; e
ascendeu para três mil, com Upaon-Açu, a Ilha do Mistério (1982) e Sublime Mãe
Senhora (1984). A árvore, com raiz na Madre de Deus, era frondosa, em toda São
Luís, e essa ramagem não foi mais massageada. Quando observei a comissão de
frente —a sem nexo do Quinto, até então—, expressei minha decepção ao ator e
compositor Gigi Moreira e ao procurador de Justiça Joaquim Lobato (Quito),
nossos chegados. Tirou 10 de jurados mais apaixonados pelo Quinto do que eu, e
que não viram a tristeza da torcida ciosa e as concepções de Tácito Borralho,
ator e teatrólogo, que precisa voltar até a comissão de carnaval ficar no
ponto. Foi o 4.º lugar, no retrocesso, com 10, sem honra ao mérito.
Zero para a Func em atenção e pulso! — A Func, sob
a presidência de Marlon Botão, não foi sequer a sombra da de um seu antecessor,
Euclides Moreira, na moralização dos horários das passagens das entidades;
credenciais de pulseiras, como de parturientes e bebês, em maternidade,
ocasionando confusões que crachás de jornalistas evitariam, na passarela do
samba.
Pode lavar a alma ludovicense, fazendo a melhor Feira do Livro de São
Luís (Felis), em outubro, e agilizar o Concurso Literário Cidade de
São Luís, defasado uns 10 anos, e um São João para desbancar a bazófia de
Campina Grande (PB), com a exigência de ser o arraial do Brasil, só com
quadrilhas e forró, na ausência, aqui, de vozes maiúsculas que
honrem as calças e calcinhas vestidas, para, finalmente, o Brasil vir em peso
presenciar ao seu maior acervo arquitetônico e cultural, no folguedo, injeção
no turismo, e higienização das nossas praias
sufocadas por fezes de ruins intestinos. Basta de remar contra
maré!
(*)Jornalista e escritor (poeta, cronista, contista, novelista e romancista)
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