Como forma de valorização à diversidade religiosa e às comemorações dos 402 anos de São Luís, foi realizada no início da noite de ontem, na capital maranhense, a Procissão dos Orixás, uma homenagem aos seguidores da religião umbandista. Participaram do evento, além de simpatizantes da umbanda, representantes de terreiros da cidade, situados nos bairros Coroadinho, São Bernardo, Fé em Deus, dentre outros. De acordo com os organizadores, mais de mil pessoas integraram as atividades, que foram prestigiadas pela secretária de Estado da Cultura, Olga Simão, e pelo presidente da Fundação Municipal de Cultura (Func), Francisco Gonçalves.

A concentração da Procissão dos Orixás aconteceu no fim da tarde de ontem, em frente ao Palácio La Ravardière, sede da Prefeitura de São Luís. Antes da saída do cortejo, ao som dos tambores das caixeiras, integrantes de terreiros cantaram hinos de louvação a Pai Oxalá e Iemanjá. 

Por volta das 18h20, a procissão foi iniciada no ritmo da batida das caixeiras e acompanhada pelas imagens de São Luís Rei de França, Santa Bárbara (Iansã), Iemanjá e São Sebastião (Oxossi). Os integrantes da procissão passaram ao lado da Praça João Lisboa e seguiram pela Rua Afonso Pena, até chegar ao bairro do Desterro, onde houve saudação ao Divino Espírito Santo na Igreja do Desterro. Após o rito, foi feita a lavagem da escadaria da Igreja do Desterro. 

Força - Para o diretor de Eventos da Federação de Umbanda do Maranhão, Fernando Solon, a mobilização, considerada positiva em torno do evento, demonstrou, segundo ele, a força da religião umbanda na cultura do estado. "Atualmente, temos entre cinco e dez mil terreiros de umbanda em todo o o Maranhão, contando com a adesão, a cada dia, de novos seguidores e adeptos desta religião. Uma força que vem da essência desta religião, oriunda do segmento afro, com uma relação histórica com a formação dos povos brasileiro e maranhense", destacou.

" A umbanda faz parte da minha vida, faz parte da minha história, da minha formação como cidadã e figura religiosa. Temos como objetivo, no Terreiro São José, além do trabalho de agregação religiosa, ações voltadas para o interesse da comunidade. É de se destacar que, neste caso, pessoas que não integram a religião umbanda, ou seja, tem suas crenças próprias, auxiliam no trabalho desenvolvido por nosso terreiro na comunidade", destacou "Mãe Santinha", representante do Terreiro São José, do bairro Santo Antônio.

A secretária de Estado da Cultura, Olga Simão, destacou a realização do evento como forma de promoção da diversidade religiosa e do respeito mútuo a diversas crenças. "É importante destacar não somente o umbanda inserido no contexto cultural, como também valorizar a reunião de diferentes seguidores desta religião, com pessoas que apenas simpatizam com o umbanda. Isso demonstra um respeito e uma aceitação pela religião e fé do próximo", afirmou.

A umbanda é uma religião brasileira formada por elementos de outras religiões como o catolicismo ou espiritismo, mesclando costumes das culturas africana e indígena. A palavra que origina a religião é derivada de "u´mbana", um termo que significa "curandeiro" na língua banta falada na Angola, o quimbundo. A umbanda tem origem nas senzalas, em reuniões onde os escravos vindos da África louvavam os seus deuses através de danças e cânticos e incorporavam espíritos.