Assalto. Quando se ouve esta palavra, a primeira coisa que vem à mente é seu significado mais comum – ataque repentino com uso de força e intuito de roubo. Mas, para quem conhece os antigos Carnavais maranhenses, a palavra tem um significado peculiar: prática comum em que brincadeiras carnavalescas se apresentavam de forma voluntária nas portas das casas de amigos, que ofereciam em contrapartida comida e bebida. Inspirado neste hábito de décadas atrás, o Carnaval de Segunda acontece amanhã, a partir das 17h, no Laborarte (Rua Jansen Muller, Centro), com participação de blocos tradicionais, afros e de sujo, casinha da roça, turmas de samba e de fofão, tribos de índios e shows com artistas maranhenses.

A programação começa com o Baile da Chupeta, que atende ao público infantil e é animado pela banda Te gruda no meu fofão, que toca marchinhas e músicas de tribos, baralhos, blocos... A partir das 18h, as brincadeiras tradicionais fazem a festa até as 22h. Então, os artistas Rosa Reis e Josias Sobrinho fazem encerramento. Durante toda a noite, cerca de 3mil pessoas circulam pelo evento.

A semelhança com o assalto se dá porque os grupos carnavalescos convidados recebem ajuda para transporte e bebidas em vez de cachê, além de um troféu de participação que sempre homenageia algum personagem ou elemento do Carnaval do Maranhão. Este ano, o urso, da brincadeira dos Esfarelados, foi o escolhido. Nesta tradicional prática carnavalesca, uma encenação era feita na rua com pessoas fantasiadas de domador e vários animais, como urso, macaco, cachorro..., que com o tempo foi caindo no esquecimento. “Até hoje, a gente tem uma brincadeira dessas na Mata, povoado de São José de Ribamar, intitulada Urso Caprichoso, que sempre vem se apresentar no Carnaval de Segunda”, aponta Rosa Reis.

A diretora e produtora do Laborarte, Rosa Reis, fala sobre o que motivou a escolha do nome do evento: “É Carnaval de Segunda não só porque é na segunda-feira, mas por ser uma programação que a gente chamava, na época, de segunda, alternativa. Em 1989, estava em alta o Carnaval de passarela, então o Laborarte resgatou um pouco a história das brincadeiras de rua, em que as famílias e amigos vinham fantasiados de fofão, colombina, pierrô etc.”.

Quanto às mudanças em todos esses anos de realização do Carnaval de Segunda, Reis destaca que o evento conta com a participação de mais de 20 brincadeiras, número que era bem menor no começo. A estrutura também conta com barraqueiros da comunidade, que vendem comida e bebida.

Histórico – Criado e idealizado em 1989 pelo ator e diretor Nelson Brito, o Carnaval de Segunda, surgiu como uma forma de resgatar o Carnaval de rua de São Luís que, neste período, estava perdendo força por conta do desfile de passarela, nos moldes do que acontece no Rio de Janeiro. Isso deixou a classe artística maranhense preocupada e fez com que o Laborarte criasse o movimento.

O evento começou pequeno e foi ganhando força no decorrer dos anos. Com este mesmo propósito surgiram outras iniciativas a exemplo do grupo Fuzarca (formado por Rosa Reis, Cláudio e Inácio Pinheiro, Fátima Passarinho e Roberto Brandão) e o Corso da Saudade, organizado por Cíntia Brito.

Como os grupos não recebem cachê, foi criado um troféu de participação que já teve como tema personagens como fofão, pierrô, arlequim, coreiros e coreiras de tambor de crioula, urso, máscaras, dominó e outros.

“Carnaval de Segunda”, com várias atrações

Laborarte (Rua Jansen Muller, Centro)

Amanhã, a partir das 17h