Nova edição do "Poema Sujo"
Livro do
maranhense Ferreira Gullar chega ao mercado pela editora Companhia das Letras,
40 anos depois de o poema ter sido escrito
A nova edição do
livro “Poema Sujo” (112 páginas), do maranhense Ferreira Gullar, foi lançada na
última quinta-feira (6), na Livraria Leonardo da Vinci, no Rio de Janeiro.
Publicado originalmente em 1976, foi o livro escolhido para marcar a estreia de
Gullar na Companhia das Letras, em janeiro, quando o escritor assinou contrato
para levar toda sua obra para a editora, após décadas na José Olympio.
A escolha por “Poema
Sujo” foi acertada porque é um dos poemas mais importantes de Gullar, que o
escreveu enquanto estava exilado em Buenos Aires, durante a ditadura militar
brasileira. “Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então,
escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para
sempre”, escreveu Gullar.
O maranhense disse
que imaginou que poderia vomitar, em escrita automática, sem ordem discursiva,
a massa da experiência vivida e lançar o passado em golfadas sobre o papel. “E,
a partir desse magma, construir o poema que encerraria a minha aventura
biográfica e literária”, disse. 40 anos depois, o poema continua atual.
História
Em 1970, Ferreira
Gullar é obrigado a deixar o Brasil, vivendo em várias cidades. Foi em Buenos
Aires que o poeta escreveu, em 1975, entre maio e outubro o “Poema Sujo”, muito
bem acolhido pelos intelectuais. Eram realizados encontros e foi na casa de
Augusto Boal, em Buenos Aires, entre grupo de amigos liderados por Vinícius de
Moraes, que estes conheceram e se apaixonaram pelo “Poema sujo”.
Vinícius de Moraes
leva o poema para o Rio de Janeiro escondido em fita cassete, por razões de
segurança. Já no Brasil, ele promove sessões de audição privada para
intelectuais e jornalistas, e o editor Ênio Silveira resolve publicá-lo no ano
seguinte, sem a presença do poeta, ainda exilado. Esse poema abriu as portas
para o seu retorno ao país, que foi em março de 1977.
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