Falta d’água afeta moradores em diversos bairros da capital maranhense

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Falta d’água afeta moradores em diversos bairros da capital maranhense




LUCIENE VIEIRA - JORNAL PEQUENO

A falta d’água parece ser um problema que ainda está longe de ser plenamente solucionado na capital maranhense, afetando bairros em diversas regiões da cidade. Na manhã de ontem (30), a reportagem do Jornal Pequeno esteve nas comunidades do Coroado, Coheb-Sacavém, Sá Viana e Vila Embratel, quando foi possível comprovar as dificuldades enfrentadas pelos moradores e as alternativas utilizadas por essas pessoas para conseguir levar o líquido para suas residências.      


Segundo as pessoas ouvidas pela equipe, o problema é antigo e fica pior a cada ano que passa. Nos quatro bairros visitados, os moradores ressaltaram que o abastecimento acontece em dias alternados; porém, afirmaram ficar sem água nas torneiras de suas casas por dias consecutivos, até uma semana inteira. E quando chega é pela madrugada, por poucas horas e insuficiente para encher os reservatórios.   

Outra constatação feita na manhã de ontem foi que, para garantir água para a higiene e outras atividades básicas, os moradores desses bairros se valem de inúmeras alternativas, como pegar água em torneiras existentes em locais públicos ou em casas de vizinhos; às vezes, espalhando mangueiras plásticas pelo meio da rua.

No bairro da Vila Embratel, localizado na região do Itaqui-Bacanga, segundo populares, o abastecimento d’água estaria irregular durante os últimos cinco anos. Na Praça Sete Palmeiras, naquela comunidade, a reportagem do JP deparou com o morador Antônio José Santos, enchendo dois baldes d’água para levar, carregando, até a sua residência.

Ele falou que são necessários, pelo menos 12 baldes grandes, para atender às necessidades diárias dele e de mais quatro membros de sua família, a mulher, a filha e dois netos.

José Santos disse que deve R$ 3 mil para a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), mesmo com o líquido faltando constantemente em sua casa. “Faço esse percurso da praça até a minha residência seis vezes por dia, carregando sempre dois baldes cheios em cada viagem. Se não fosse essa torneira no espaço público não sei o que seria da minha família. Não tenho condições de comprar água, pois sou o único que sustento a casa e ainda tive que entrar na Justiça contra a Caema por cobranças indevidas”, relatou.

Rua Padre Rafael, também na Vila Embratel, mangueiras com mais de 20 metros estavam espalhadas pelo chão. Nessa via, residem Gardênia Costa Pinheiro e José de Jesus Costa Filho, que disseram ser o objeto utilizado para abastecer quase todos os imóveis da rua, conduzindo água a partir de canos expostos num ponto alto da região. O casal destacou que apenas as primeiras casas, logo na entrada da via, são as únicas aonde o líquido chega.

“Resido na Vila Embratel há um mês, e tem sido um sofrimento conviver com a falta de água. Imagina quem é forçado a suportar essa situação durante anos?! Não tem como não se revoltar”, reclamou Gardênia Costa. "Quem não tem mangueira, como é o caso do meu vizinho José Santos, se vê forçado a carregar a água da praça até sua residência. Eu mesmo já tive que fazer isso algumas vezes", contou José de Jesus.

RACIONAMENTO

Em bairros como o Sá Viana, Coroado e a Coheb-Sacavém, os moradores compartilham do mesmo sofrimento, sendo obrigados a racionarem o consumo, pois a água que chega às torneiras está em um nível muito baixo. Conforme as pessoas ouvidas pelo JP, o líquido chega apenas no período da madrugada, em dias alternados; e, às vezes, precisa ser puxada por uma bomba.  

Na Rua 4, da Coheb-Sacavém, o problema já é considerado crônico. Segundo o morador Miguel Arcanjo de Macedo Neto, a situação existe há quase uma década, e durante todo esse tempo a Caema já justificou várias vezes a deficiência no sistema de abastecimento de água, mas jamais apresentou uma solução definitiva para o problema. “A última ‘desculpa’ foi que um cano estourou, mas eu não sei em qual localidade”, disse.

De acordo com os moradores José Ireno Costa Trindade, Rua São Luís; e Conceição de Maria de Souza, Rua Santa Amélia, do bairro Sá Viana, a população já ficou até uma semana sem ser abastecida pela Caema. “Compramos água dos carros-pipa, sendo que mil litros são consumidos em três dias; então, se racionarmos, no mínimo duas vezes por semana precisamos comprar água. Cada litro custa para os nossos bolsos R$ 30, gerando uma despesa de R$ 240 por mês”, informou José Ireno.

Em outra via do Sá Viana, a São Geraldo, o morador César Augusto Pereira disse que apenas uma casa fornece água para a rua inteira. “Costumamos retirar água de um poço do vizinho, nos finais da tarde. Caso contrário, precisamos subir a ladeira para encher os baldes nas noites em que o líquido chega às torneiras. Nesse pedaço de rua não tem água nunca”, ressaltou César Augusto.

COROADO

Tanto a Rua Almeida Garrett quanto a Rua Cerro Cora, no bairro do Coroado, também é difícil ter água em dias e horários regulares. “Aqui, nós estamos enfrentando a maior dificuldade com a falta d’água. Na minha residência, o líquido chega apenas em uma torneira quase rente ao chão; e, de pingo em pingo, com a ajuda de baldes, eu abasteço meus reservatórios”, disse a moradora Maria Celene Lima, da Almeida Garrett.

“Não temos água suficiente há dois meses. Se compro um botijão de cinco litros, só da para dois dias. A nossa sorte é que uma vizinha fez uma encanação puxando água da rua de trás e, vez ou outra, vamos à casa dela abastecer nossos recipientes”, comentou Lourdes Maria de Sousa da Rua, moradora da Rua Cerro Cora. 

OUTRO LADO

Por meio de nota, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que, em relação aos bairros apontados na reportagem, o problema de intermitência (abastecimento d’água em dias programados) é atualmente motivado pela situação crítica encontrada no reservatório do Batatã, devido ao período chuvoso insuficiente que tornou o reservatório inoperante. A Caema esclareceu ainda que, mesmo com manobras realizadas para atender em dias alternados a estas comunidades, as partes mais altas tendem a sofrer com pouca pressão na vazão dispensada. 

Segundo a nota, a solução do problema está diretamente ligada ao trabalho de grande complexidade que o governo do Estado e a Caema vem desenvolvendo por meio do programa “Água para Todos”, substituindo a estrutura da antiga adutora de ferro fundido do Sistema Italuís pela nova adutora de tubos de aço, ao longo de um trecho de 19 quilômetros do Campo de Perizes. E que, após entrega desta importante obra, a vazão dispensada para abastecer toda São Luís, nos pontos e áreas que são atendidas pelo sistema, será beneficiada com um incremento real de 30% da vazão atual do Sistema Italuís. De forma emergencial, a Caema informou que está prestes a perfurar quatro novos poços com grade vazão no Sistema Sacavém, para reforçar o abastecimento nas áreas atendidas por ele.



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