PERIGO ! Maranhão foi o estado com mais mortes de jornalistas no ano passado, aponta relatório
- EDUARDO LINDOSO / O ESTADO ONLINE
- Levantamento da Abert lembra os assassinatos, ainda sem elucidação, de dois blogueiros no interior em 2015
SÃO LUÍS - No início desta semana, a
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) divulgou
relatório que cita a morte de oito jornalista e 64 tentativas de agressão no
país em 2015. E, segundo este documento, o Maranhão foi o estado com mais
assassinatos desta natureza neste período. O levantamento lembra os casos dos
blogueiros Ítalo Diniz Barros, morto em Governador Nunes Freire, e Orislândio
Timóteo Araújo, o Roberto Lano, assassinado em Buriticupu, ambos os crimes
teriam ligações política. A equipe de O Estado Online entrou em contato com a
Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-MA), mas, até o momento, não
obteve informações as sobre investigações.
Ainda de acordo com a Abert, a ONG
internacional Press Emblem Campaign - criada por jornalistas independentes, com
sede na Suíça – colocou o Brasil na quinta colocação entre os países mais
perigoso do mundo para o exercício desta profissão, superando, inclusive,
regiões que sofrem com guerras.
O relatório sobre liberdade de imprensa
aponta que os crimes foram cometidos no Ceará (1 caso), Pernambuco (1), Alagoas
(1), Bahia (1), Minas Gerais (1), Mato Grosso do Sul (1) e Maranhão (2). No
texto, a associação relata que Ítalo Diniz Barros, de 30 anos, foi atingido por
disparos de arma de fogo “mesmo após ter registrado boletim de ocorrência
revelando ameaças de morte e, segundo investigações da polícia, o jornalista
estaria incomodando políticos da região”. Já sobre Roberto Lano, 37 anos, o
texto diz que ele “denunciava políticos locais em seu blog e a última postagem
feita pelo jornalista tinha como alvo José Gomes (PMDB), prefeito de
Buriticupu”.
No fim do ano passado, a
Superintendência de Homicídios do Maranhão (SHPP) informou que equipes da
polícia permanecem apurando o caso, com equipes nas cidades onde aconteceram as
mortes. Na época, o delegado Leonardo Diniz disse em entrevista ao O Estado
Online que estes crimes são considerados complexo por causa da gama de
denúncias feitas pelas vítimas.
Estes crimes tiveram repercussão
internacional e a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, chegou e pedir punição
aos culpados e afirmou: “São condenáveis os casos de mortes de profissionais de
mídia em todas as partes do mundo”.
Triste
realidade
No dia do lançamento do relatório,
que aconteceu na segunda-feira (22), o presidente da Associação Brasileira de
Emissoras de Rádio e Televisão, Daniel Slaviero, falou em inversão de valores e
crueldade. ““Foi um ano cruel para o jornalismo brasileiro. Está ocorrendo uma
inversão de valores, onde o profissional da imprensa devidamente identificado
tem se tornado alvo das agressões, seja pelos próprios manifestantes ou, ainda
mais grave, pelos policiais que têm a obrigação constitucional de garantir a
segurança desses profissionais”.
Ranking
feito pela ONG internacional Press Emblem Campaign sobre assassinato de
jornalistas (Foto: Reprodução internet )
De acordo com Slaviero, 2016 preocupa
ainda mais por ser ano de eleições municipais: “Todos os casos [de morte] que
ocorreram em 2015 estavam relacionados à investigação em casos de corrupção,
seja envolvendo agentes públicos ou empresários. Então, como estamos em um ano
de eleições municipais e os veículos de comunicação fazem um papel
investigativo muito forte, é uma preocupação para a ABERT e para as outras
entidades que acompanham o trabalho jornalístico que esses números não sejam
agravados”.
Nesta última edição, o relatório
Abert está diferente das anteriores em relação ao período de apuração. Antes,
os dados eram computados no período de outubro a outubro e apresentados durante
a Conferência da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR). A atual versão
compila os casos que aconteceram durante todo o ano, de janeiro a dezembro.
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