“A Dança do Péla Porco”, em projeto audiovisual

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“A Dança do Péla Porco”, em projeto audiovisual

Registros para preservar

Caderno Alternativo – 24.11.15



Dança do Péla Porco, também conhecida como Dança do Lelê, do povoado de Nambuaçu, em Rosário, é tema de projeto audiovisual premiado em edital do MinC; trabalho deverá ser concluído até 2016.

Uma das danças mais tradicionais do povoado de Nambuaçu de Baixo, no município de Rosário, ganha seus primeiros registros fotográficos e audiovisuais. O projeto “A Dança do Péla Porco”, contemplado no edital Comunica Diversidade 2014, do Ministério da Cultura, tem por objetivo articular comunidade e juventude em torno do fortalecimento das tradições e valorização da cultura e identidade locais.


Organizado em quatro etapas, o projeto, que já teve algumas fases cumpridas, terá ainda a produção de uma revista digital, cordel, programa de web rádio e a cobertura audiovisual do processo por meio de vídeo e fotografia.
Participam da empreitada, Daniel Barbosa Ferreira, Gê Viana, Adson Carvalho, Juliana Cruz, Kaka Farias, Diones Caldas, Paulo do Valle, Jonero Santos, Seu Vitor, Vinicius Medeiros e Tairo Lisboa.
Contando com a colaboração direta dos brincantes, moradores, jovens, professores e comunicadores populares, o projeto já está em sua terceira fase. Na primeira foi gravado um clipe com o cantor, compositor e sambista Jorge Tito, morador do povoado de São Simão, em Rosário. O senhor de quase 90 anos contribui para várias manifestações culturais da região do Munim, dentre elas: samba tradicional maranhense, péla porco, tambor de crioula, coco, bumba meu boi sotaque de orquestra e muitas outras. Apesar de problemas de saúde, o artista popular continua em atividade e por muitos anos foi responsável pela Escola Turma de Mangueira do povoado de São Simão.
Também já foi gravado um documentário sobre o Festejo de Santo Antônio, em Nambuaçu de Baixo, que está em fase de finalização. A terceira etapa foi a exposição de fotografias registradas durante o festejo e montada na comunidade. O projeto tem até julho de 2016 para ser totlamente concluído.
Segundo Tairo Lisboa, um dos organizadores, o festejo ofereceu uma oportunidade singular de aprofundamento nos símbolos e etapas da dança do Péla Porco pelo fato de ser um dos únicos momentos em que o folguedo é apresentado em todas as suas fases, não se restringindo a um modelo ocasional ou itinerante de espetáculo. “Gravamos o documentário em 1º de junho deste ano. O projeto tem por finalidade envolver os jovens e pensamos que muitos deles não estavam diretamente ligados a dança, mas ao observamos mais de perto, constatamos que a comunidade por si só envolve pessoas de todas as idades. Ninguém fica de fora. Desde as crianças até o idosos, todo mundo tem uma participação significativa”, disse.
Fases - As quatro partes do folguedo são conhecidas como Chorado, Dança Grande, Talavera e Cajueiro. “Não existe uma origem certa para esta dança no Maranhão. O que sabemos é que ela veio par cá em uma excursão ibérica e tem uma suposta origem na Europa, no século XIX”, explicou Tairo Lisboa. No Maranhão, além de Nambuaçu de Baixo, outras três regiões do Munim celebram a dança: Presidente Jucelino, Axixá e o povoado de Centro Grande.
Todo o processo de idealização e construção do projeto teve a participação de Jonero Santos, pesquisador que desde a década de 1990 se interessa pelas manifestações populares tradicionais da região do Munim. A equipe colaborativa do projeto também conta com ilustrador, cordelista, diagramadores, comunicadores e outros voluntários que estiveram em interação direta com a comunidade.
O edital Comunica Diversidade: Edição Juventude 2014 premiou 60 ações em 23 estados brasileiros que oportunizassem comunidades e segmentos isolados e excluídos da sociedade a desenvolver projetos de comunicação com o intuito de restaurar a visão dos seus membros e da população em geral acerca dos seus modos de vida, cultura e expressão.
Foram 297 propostas de jovens de todo o país tendo como foco a comunicação para a cultura e inscritas através de várias formas de comunicação, que incluíam até mesmo a gravação de celular, deixando mais amplas as formas de apresentação dos elementos que compunham a ideia de cada proponente.
Sobre a Dança do Péla Porco
Também conhecida como Dança do Lelê, trata-se de uma dança de salão que costuma dar honra a determinados santos ao longo do ano. É geralmente acompanhada musicalmente pelo violão, cavaquinho (ou banjo), pandeiro, castanholas, flauta e rabeca. A brincadeira é comandada por um mandante que dá as ordens aos pares de dançantes que se organizam em duas filas (dos homens e das mulheres). Ela é divida em quatro parte:
- o chorado (o convite para a festa);
- a dança grande (a parte mais complexa e diversificada da dança, que consta do cortejamento dos pares);
- a talavera (dança-se pela madrugada, de braços dados); e, finalmente, de madrugada;

- o cajueiro, em que os "brincantes" saúdam os presentes, no que é designado como "juntar castanhas" ou "entregar o caju".

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