Jovem que delatou estupro coletivo no Piauí morre espancado na cela

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Jovem que delatou estupro coletivo no Piauí morre espancado na cela


Rapaz de 17 anos foi mantido em alojamento com três adolescentes citados por ele pelo mesmo crime

Diretor de secretaria diz que foi 'vingança'; governo afirma que não havia celas para manter condenados isolados
YALA SENACOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TERESINA
Condenado por participar de um estupro coletivo de quatro meninas, que resultou na morte de uma delas, Gleison Vieira da Silva, 17, foi espancado até a morte dentro de um alojamento para menores infratores em Teresina.

O jovem estava em uma cela com os outros três rapazes também condenados pelo mesmo crime, em maio, na cidade de Castelo do Piauí, a 190 km de Teresina.
Foi Gleison quem delatou os outros três adolescentes –policiais chegaram a gravar um vídeo com ele detalhando as agressões às meninas.


O rapaz recebeu socos, chutes e teve sua cabeça batida contra o chão. Morreu por volta das 23h de quinta-feira (16) na cela "D" do Centro Educacional Masculino (CEM). Foi socorrido por enfermeiros, mas não resistiu.

O governo afirma que não havia celas para manter os adolescentes isolados.
Ao contrário dos outros acusados, Gleison, perante o juiz, manteve a versão de que ele, os outros três rapazes e um homem de 40 anos estupraram e agrediram as quatro meninas –Danielly Rodrigues Feitosa, 17, morreu após ficar dez dias internada.

Os quatro adolescentes tinham sido transferidos na quarta-feira (15) para o centro educacional –antes, estavam em outra unidade, com Gleison permanecendo isolado dos outros três colegas.

"Eles já confessaram o crime, e este foi um ato de vingança. A princípio a rotina iniciou-se bem, mas fomos surpreendidos e é como um lobo na pele de cordeiro. Foi uma abordagem covarde e de traição", afirmou Anderlly Lopes, diretor da Secretaria da Assistência Social.

Moradores de Castelo do Piauí chegaram a festejar, com fogos de artifício, o assassinato do rapaz. "Há uma comemoração, inclusive com foguetes. A cidade está em polvorosa", disse a assistente social da cidade, Ticiane Cavalcanti Chaves Martins.

Com medo, a família de Gleison decidiu realizar o enterro em Teresina, e não na cidade natal do garoto.

Abalada, a mãe dele, Elisabete Vieira da Silva, 43, que está grávida de quatro meses, pediu "perdão" ao filho "por estar te enterrando aqui, e não em sua casa".
Ela estava acompanhada do marido, padrasto de Gleison, e de duas filhas. Uma de 14 anos e outra de 15 anos, que está grávida de cinco meses.

"A gente decidiu enterrar aqui porque algumas pessoas disseram que, se levássemos o corpo para lá [Castelo do Piauí], iam tocar fogo. Ficamos com medo", contou Maria Francisca Vieira, 65, tia de Gleison. A cerimônia foi acompanhada por policiais.

Diretor diz que não havia estrutura para isolar menor

Governador do Piauí pede investigação
YALA SENACOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TERESINAO governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse nesta sexta (17) que pediu rigor nas investigações sobre o assassinato de Gleison Silva, 17, dentro de uma cela de um centro para adolescentes infratores em Teresina.

"Vou pedir investigação juntamente com o Ministério Público, o Judiciário, e outras instâncias, que com rigor apurem o assassinato. Toda perda, independente do crime que eles cometeram, toda vida humana tem valor. É muito triste ver essa situação acontecendo", disse.

Pela manhã, o diretor do centro onde Gleison foi assassinado, Francisco Hebert Neves da Cruz, havia dito que a unidade, que está superlotada, não tinha estrutura para manter o rapaz isolado.

Segundo ele, os três adolescentes confessaram ter espancado Gleison até a morte. A Folha não conseguiu localizar os defensores dos três.
Para o Ministério Público Estadual, houve "falha gritante" porque o jovem já vinha denunciando, em depoimentos, que era ameaçado pelos comparsas do crime e por outros internos.

Mas o diretor Neves afirma não ter recebido da Justiça ou do governo do Estado nenhuma recomendação para que Gleison fosse isolado.

Segundo Neves, a instituição está com 84 adolescentes, mas tem capacidade para 60. Ele diz que buscou proteger os quatro dos demais internos. "Se não colocasse os quatro separadamente, com certeza haveria quatro óbitos hoje [quinta]".
Neves disse ter perguntado aos quatro transferidos se haveria problema de ficarem os quatro no mesmo espaço. Nenhum recusou, diz. No centro anterior, Gleison estava separado dos outros.

Apontado como líder do estupro coletivo, Adão Sousa, 40, ficou ferido após uma briga, nesta quinta (16), no Centro de Detenção de Altos.

Segundo o secretário de Justiça do Piauí, Daniel Oliveira, houve uma briga entre Sousa e outro detento. Os ferimentos, segundo Oliveira, foram leves e Sousa já voltou ao presídio.

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