POLÍTICO TIRA MICROFONE DE REPÓRTER EM CAMPINAS

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POLÍTICO TIRA MICROFONE DE REPÓRTER EM CAMPINAS

Sem entrevista: Político tira microfone de repórter de afiliada da Globo e a intimida ao vivo

Silvana Chaves (Comunique-se)


Era uma tarde fatídica para a repórter Bianca Rosa. Ela, que trabalha para a EPTV, afiliada da Rede Globo em Campinas, estava na rua com a equipe de produção fazendo uma matéria a respeito de peças de motos que passaram a ser obrigatórias no trânsito da cidade.

Ao passar pelas ruas campineiras, porém, ela teve uma surpresa. “Estávamos passando de carro pela rua quando o nosso câmera que estava no banco de trás deu uma olhada na rua e comentou: ‘aquele ali não é o Lagos?’. A gente a princípio teve até um pouco de dificuldade para ver, porque estávamos no carro e ele (Francisco de Lagos, ex-coordenador de Comunicação da prefeitura de Campinas, que foi considerado foragido da Justiça por duas vezes e que atualmente está sendo investigado pelo Ministério Público (MP) por corrupção, formação de quadrilha e irregularidades na gestão) estava mais magro, abatido. Quando tive certeza que era ele, descemos, o câmera e eu, no meio da rua, deixamos o motorista no carro e o seguimos. Ele entrou numa ruazinha, parou na frente de um comércio e começou a conversar com um homem. Tanto é que, quando a gente chegou, ele estava de costas e tomou um susto. Ele ficou sem reação, estático e daí colocou a mão na câmera, para que não o filmássemos”, contou a jornalista ao Portal Comunique-se.

Essa poderia ser apenas mais uma típica cena de uma pessoa que não gosta ser filmada. Porém, Francisco de Lagos não é um homem comum. Ele é apenas o homem mais procurado pela imprensa de Campinas.

“Não me filme!... Você não tem o que gravar comigo!”
A repórter da EPTV Campinas explica que o relacionamento do ex-coordenador com a imprensa sempre foi complicado. “Ele não tem fama de muito gentil. Desde a época em que ele era secretário, ele nunca soube lidar com a imprensa. E esse fato expôs esse comportamento dele que até então era mais de bastidores, que não tinha chegado ao conhecimento da população a dificuldade que a imprensa tem para conseguir falar com ele", comenta.


O momento mais tenso do encontro, segundo a repórter, foi o momento em que a filha censura o pai frente às câmeras. “Na hora em que a filha dele gritou, mandando ele calar a boca e devolver o microfone que ele havia tomado de mim, a tensão chegou ao auge. Eu fiquei receosa. E ele ficou sem reação, olhando para ela. E é claro que eu, nós, tínhamos que ir atrás dele. Fiz o meu papel de deixar ele falar, de ouvir o que ele tem a dizer a respeito das investigações do Ministério Público, porque ele mesmo nunca se pronunciou à imprensa. E todo mundo quer ouvir o que ele tem a dizer, mas ele não quis falar, tomou o microfone da minha mão, se descontrolou. Em momento nenhum fui desrespeitosa ou mal educada com ele. Apenas pedi o microfone de volta ”, afirma Bianca.


Ex-foragido

Lagos está envolvido em denúncias de corrupção na Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa), além de ser acusado de tentar atrapalhar o trabalho do MP, criando situações para adiar o depoimento da primeira-dama municipal e ex-chefe de Gabinete, Rosely Nassim Jorge Santos.

Segundo reportagem publicada na página da EPTV, as denúncias de supostas irregularidades que envolvem o ex-secretário e contratos com a empresa Normandie Comunicação Ltda, que pertence ao ex-genro de Lagos, alvo de uma auditoria na prefeitura.

Ele era integrante do alto escalão da prefeitura, mas foi exonerado do cargo na administração municipal no dia 24 de maio deste ano. Lagos já teve a prisão decretada duas vezes por formação de quadrilha a pedido dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que além desta, investigam irregularidades em diversos vários contratos firmados durante as gestões do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT). Nas duas vezes, Lagos fugiu da Justiça.

Agressões gratuitas

Casos de intimidações e agressões a jornalistas no exercício da profissão por políticos não são incomuns no Brasil. O mais recente se refere ao senador Roberto Requião (PMDB-PR) que irritado, tomou o gravador da mão do repórter Victor Boyadjian, da Rádio Bandeirantes, após o jornalista ter perguntado a respeito da aposentadoria vitalícia que ele recebia como ex-governador. De acordo com o Senado, não houve falta de decoro por parte do parlamentar ao arrancar o gravador da mão de jornalista, em abril deste ano.

Outra situação que indignou jornalistas foi a agressão feita à repórter Márcia Pache, da TV Centro Oeste - afiliada do SBT em Mato Grosso -, pelo então vereador de Pontes e Lacerda-MT, Lourivaldo Rodrigues de Morais (DEM), conhecido por Kirrarinha. Em junho do ano passado, a emissora gravou o momento em que o político dá um tapa na repórter, que lhe fizera uma pergunta dentro de um prédio da polícia. Mesmo tendo respondido a processo, Kirrarinha foi eleito presidente municipal do DEM em julho deste ano. A repórter, no entanto, é quem vive uma prisão, sem poder sequer andar pela cidade com os filhos sem ser ridicularizada.

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