OS NETOS DE PELÉ

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OS NETOS DE PELÉ

Esquecidos pelo Rei do futebol, Octavio, 12 anos, e Gabriel, 10, brilham nos gramados e são contratados pelo São Paulo


Amauri Segalla, Revista Isto É



FAMÍLIA
Octavio (com a bola), Gabriel e a mãe, Sandra Regina: ela morreu em 2006 sem jamais ter conseguido se aproximar de Pelé



Os dois garotos chegaram sorridentes ao escritório do em­presário de futebol Wagner Ribeiro, em um elegante prédio na zona sul da capital paulista. Tinham acabado de conhecer as instalações do São Paulo, clube que na quarta-feira 13 oficializou a contratação deles, e ali mesmo começaram a saborear a fama. Primeiro, foi Neymar da Silva Santos, pai do jogador Neymar, quem os saudou. “Pinta de craque vocês têm”, disse Santos, que por acaso estava ali para tratar de negócios do filho. Depois, os meninos tiveram a certeza que a vida nunca mais seria a mesma. “Que loucura, tem jornalista da Espanha, da Itália e da Alemanha querendo entrevistar os moleques”, afirmou o empresário Ribeiro. Embora crianças, eles não se assustam com o assédio. Parecem talhados para os holofotes, como se a genética avisasse quem são de verdade. O mais velho, Octavio Felinto Neto, herdou o jeito de falar do avô. É desembaraçado e incrivelmente confiante para um garoto de 12 anos. O mais jovem, Gabriel Arantes do Nascimento, de 10, tem os olhos grandes e vivos, uma marca registrada do parente famoso. Eles são netos de Pelé, o maior jogador da história do futebol, e na semana passada deram o passo mais importante rumo à carreira esportiva. “Se eu jogar 10% do que meu avô jogava, já está bom demais”, diz Octavio. “Eu fico feliz com 5%”, rebate, ligeiro, o irmão menor.

Octavio e Gabriel moram em Curitiba e até alguns dias atrás pouca gente sabia de sua ligação com Pelé. O anonimato virou pó graças à internet. Há três semanas, em um jogo amistoso do Paraná, clube em que jogava antes de se transferir para o São Paulo, Octavio fez um gol digno do Rei. Deu um chapéu no zagueiro e arrematou de cabeça para as redes. As cenas foram gravadas pelo pai dos garotos, o pastor Ozéas Felinto, e acabaram expostas no YouTube. Em questão de horas, o vídeo se tornou um dos hits do canal. “No dia seguinte, uma multidão foi ao treino do Paraná para ver quem era o neto do Pelé”, diz Ozéas. Até os amigos boleiros passaram a chamar o garoto de Pelezinho. Uma das pessoas que viu as imagens do golaço foi o empresário Wagner Ribeiro, que teve a ideia de levar o jogador para o São Paulo. Como Gabriel, o irmão menor, também demonstrava talento na categoria sub-11 do Paraná, os dois foram colocados no mesmo projeto. “Achei que seria uma boa chance para a formação dos meninos”, diz Ribeiro. De olho nas oportunidades de marketing que a dupla pode gerar, Ribeiro decidiu trazer, com o apoio do clube paulista, toda a família para São Paulo. A partir de julho, quando começa o segundo semestre escolar, Octavio, Gabriel, o pai Ozéas e a madrasta Cristiane Marques começam a viver em Cotia, cidade nos arredores da capital, onde o São Paulo montou seu centro de treinamento para atletas crianças e adolescentes.



DISTANTE

O Rei só viu os netos uma única vez e por apenas dez minutos
Por orientação dos empresários, os garotos evitam tocar num ponto crucial dessa história. Eles são filhos de Sandra Regina Arantes do Nascimento, reconhecida como filha de Pelé em 1996, depois de uma desgastante batalha judicial que culminou na realização de um exame de DNA. Sandra morreu de câncer em 2006 sem jamais ter desfrutado da proximidade com o pai. Octavio e Gabriel viram Pelé uma única vez, e apenas por dez minutos. “Eu soube que ele estava de passagem por Curitiba e me hospedei com os meninos no mesmo hotel”, diz Ozéas. Pelé foi simpático na ocasião. Abraçou e brincou com netos, mas jamais os procurou novamente. “Meu avô é uma pessoa muita ocupada, eu entendo”, afirma Gabriel, repetindo o que o pai pede para ele dizer quando perguntado sobre o assunto.
Bastam alguns minutos de conversa para entender que a questão ainda não está resolvida para os garotos. Eles sonham ter um contato maior, quem sabe até uma relação afetiva. “Eu queria pedir umas dicas para o meu avô, principalmente sobre como bater na bola”, afirma Octavio, que não carrega o sobrenome Arantes do Nascimento (“é que, quando ele nasceu, eu quis homenagear o meu pai”, diz Ozéas). Antes de levar os meninos para o São Paulo, o empresário Wagner Ribeiro alega ter consultado Pelé para checar se ele ficaria incomodado com o fato de os netos não jogarem no Santos, time que o consagrou. Segundo Ribeiro, o Rei afirmou que não tem interesse no assunto. O que todo mundo quer descobrir é se os garotos são craques de verdade. Nessa idade, dizem os especialistas, é impossível saber. No Paraná, Octavio ficou com fama de artilheiro nato. “Fiz mais de 100 gols”, diz o garoto. Gabriel é reconhecido como um meia habilidoso, capaz de deixar outros jogadores na cara do gol. Por ora, parece que o DNA está realmente fazendo a diferença.



Herdeiros da bola

Não é fácil para um jogador carregar o peso de ser herdeiro de um atleta consagrado. O caso mais emblemático do futebol brasileiro é o de Edinho, filho de Pelé. Para fugir de comparações, Edinho decidiu ser goleiro. Apesar de algumas boas partidas pelo Santos, seu desempenho foi uma decepção – ele jamais conquistou os torcedores santistas, que chegaram a pedir sua saída do time. Depois de abandonar o futebol, Edinho ainda enfrentaria problemas com a Justiça (foi preso por ligação com traficantes).
Outro que não vingou foi Thiago Coimbra, filho de Zico, que começou nas categorias de base do Flamengo e que teve passagens apagadas por clubes como Coritiba e Madureira, do Rio. Mas também existem histórias de sucesso. O zagueiro Djalma Dias, ídolo da Seleção na década de 60, é pai de Djalminha, craque do Palmeiras e do Flamengo na década de 90.
O uruguaio Diego Forlán, eleito o melhor jogador da Copa da África, é filho de Pablo Forlan, antigo ídolo dos são-paulinos.

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