Trajetória de vida e obra do artista plástico Fransoufer

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Trajetória de vida e obra do artista plástico Fransoufer


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Ildenice Nogueira Monteiro*

Natureza e cultura são dois dos vários elementos que estão presentes na obra do pintor, escultor e filantropo Fransoufer, que nasceu em 9 de junho de 1958, no município de Bequimão (Baixada Maranhense) com o nome de batismo Francisco Sousa Ferreira, mas que adotou o nome artístico de Fransoufer. De família pobre, o artista vai desenvolver seu talento, iniciando de forma autodidata.


Para Fransoufer, a natureza é deveras importante, a começar pela temática de sua obra. São pássaros, cachorros, gatos, animais da região do Maranhão e Nordeste brasileiro, além, é claro, da flora que enriquece as suas obras de arte. Para o artista, a amálgama entre natureza e cultura vem por meio da inspiração que seu povo propicia: “Estes elementos (fauna e flora) me acompanham desde o berço. Nós nordestinos gostamos de nossas tradições, animais, natureza. É difícil que na casa de um nordestino não tenha um animal de estimação”.


Desde sua primeira exposição individual em 1975, Fransoufer acredita que foram mais de 100 individuais e que apesar de não ter um número preciso, acredita que pintou mais de 6000 telas. Graças a um prêmio que recebeu na Bélgica, ganha renome como artista plástico. A temática do quadro que o levou a ganhar o prêmio foi o bumba-meu-boi maranhense.

Como tema, o que gosta de trabalhar é o seu povo, sua gente, isto é, a cultura do povo maranhense, como os folguedos, bumba-meu-boi, tambor de crioula, culinária local e etc. bem como o trabalho com a fauna e flora local. Curiosamente, sua última exposição, em junho de 2017, tem uma temática diferenciada do que costuma apresentar. Na exposição “mitos e cores”, o tema é a cultura grega antiga, citando os mitos e costumes também conhecidos dessa civilização.

Ele informa que a figura humana, é uma constante no trabalho. Chama a atenção o rosto dessas personagens, que em sua maioria é cônica, e indica que isto é próprio de sua obra. Além disso, também lembra que o rosto em sua iconografia já foi por demais variado, e que hoje prefere o uso em perfil.
Convém ressaltar que a maior parte do seu material de olaria é advindo da natureza (argila negra), demonstrando mais uma vez que para a realização de sua obra o artista utiliza materiais que pouco agridem o meio ambiente. É deveras importante enfatizar que, devido às temáticas de suas obras e também pelo material utilizado, Fransoufer foi contemplado com o prêmio “Escudo de Prata”, concedido pelo Ministério das Minas e Energia, em 1982, devido ao seu trabalho ligado à ecologia, além da defesa do meio ambiente.

 Fransoufer também utiliza seu conhecimento na realização de trabalho voluntário, pois, como artista plástico que é,tem plena consciência do poder transformador que a arte pode conferir à sociedade. Deste modo, fez oficinas voltadas para a produção de redes, objeto bem presente na cultura popular maranhense. A realização dessa oficina se deve à preocupação do artista no sentido de que tal arte popular estivesse se perdendo. Assim, essas comunidades puderam desfrutar de um conhecimento secular na confecção de redes, e também utilizar as suas habilidades para fins econômicos. Ainda sobre seu trabalho voluntário, vale ressaltaro Projeto “Cerâmica Jaburu”, que tem Fransoufer como seu idealizador e foi desenvolvido na comunidade de Jacioca, no município de Bequimão e surgiu a partir de sua experiência em olaria. Artista consagrado, mas consciente do transformismo que a arte proporciona no meio social, o artista resolveu transmitir o seu saber para gerações mais novas, notavelmente, mais carentes.
Esse projeto se iniciou no ano de 2001, e tem o nome de Jaburu em homenagem a uma ave que era bastante presente na região. São atendidos indivíduos carentes da comunidade, com faixa etária entre 7 a 22 anos. 

Oartista, além de ensinar suas técnicas, incentiva a leitura a partir de uma biblioteca que possui em sua residência.

O material utilizado nesse projetonão afeta o meio ambiente. Primeiramente, utiliza-se a tabatinga. Mas outros objetos que seriam descartadossão usados na feitura das peças, como “lata de sardinha, aro de bicicleta, cabo de vassoura dentre outros”. Por fim, esses trabalhos são levados pelo próprio artista para lojas de artesanatos, onde são vendidos. O lucro é destinado aos próprios estudantes.
Recentemente, o artista tem utilizado material reciclável para produzir diversas obras para construção de um hotel em seu sítio na cidade de Bequimão – MA. Assim, ele utiliza lajotas quebradas para compor murais no estilo mosaico.

O trabalho do artista plástico Fransoufer é significativo para o conhecimento sobre a cultura popular maranhense e nordestina. Mas o que chama a atenção é a percepção social e ecológica que está presente em suas obras, uma vez que sua arte não visa a atingir somente o público que tem acesso às galerias, mas também a população mais carente de nosso estado. Além disso, o artista se apresenta também como um ativista em defesa dessas comunidades mais carentes e da preservação de suas culturas, pois, por meio de seus projetos sociais, proporciona oportunidade de renda e educação para os meninos de rua, para mulheres marginalizadas dos bairros mais carentes e tecelãs das comunidades quilombolas, outrora abandonadas em seus povoados.

(*)Doutoranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento regional, pela
Universidade Anhanguera-Uniderp, MS, Brasil



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