Comerciantes e consumidores reclamam da falta de infraestrutura do Mercado Central
Sem
data para acontecer, reforma do lugar está entre as obras do PAC Cidades
Históricas, de responsabilidade do governo federal
Mesmo
sendo cobrada uma taxa de cada feirante, administração do mercado não realiza
reparos em sua estrutura
LUCIENE VIEIRA - Jornal Pequeno
Comerciantes e
consumidores do Mercado Central, localizado na Avenida Magalhães de Almeida e
um dos principais locais de comercialização de alimentos da capital maranhense,
reclamam das atuais condições físicas daquele espaço e da falta de higiene. O
Mercado Central é um dos imóveis contemplados pelo Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) Cidades Históricas, e que deve receber obras de reforma e
revitalização, de responsabilidade do Instituto Nacional do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em 1864, foi
construído nas proximidades do Centro Histórico o prédio Mercado Novo, que,
entre os anos de 1936 a 1945, foi transferido para a Magalhães de Almeida e
passou a ser chamado de Mercado Central, sendo o segundo mais antigo mercado da
capital maranhense, o primeiro é a Casa das Tulhas, a feira foi construída em
1805. Apesar da importância histórica, o Mercado Central encontra-se abandonado
e em situação precária, tanto sanitária quanto de infraestrutura.
Os comerciantes e
clientes que frequentam a feira reclamam da ausência da rede de esgoto, que tem
contribuído para o acúmulo da água utilizada nos pontos comerciais, além dos
dejetos distribuídos pelos canos e que se acumulam nas sarjetas. Em um quiosque
de produção e venda de juçara, o vendedor que não quis se identificar afirmou
que sempre ao lavar o piso do estabelecimento a água permanece alojada no chão
da banca, isso porque o esgoto estaria entupido, implicando no vazamento da
água pelo ralo.
Em uma das
entradas do mercado há um entulho que teria sido depositado no local há mais de
duas semanas. Márcio Rogério Neves, que também trabalha com a produção e venda
de juçara, disse que o faturamento na loja caiu em patamares superiores a 20%
devido à presença dos moradores de rua, outro problema enfrentado por quem
frequenta o Mercado Central. “Eles abordam os clientes pedindo dinheiro ou
comida, chegam a furtar, causam incômodo, não são confiáveis. Vez ou outra
acontece confusão aqui. Há três semanas um feirante foi ao Comando Geral pedir
policiamento, e aqui temos vigilantes de dia e de noite, pagos por nós”,
informou Márcio Rogério.
Durante a manhã de
ontem (24), quando a reportagem do Jornal
Pequeno esteve no mercado, foram vistos dois policiais militares circulando
na parte interna da feira.
BURACOS
Outro problema que
incomoda os comerciantes são os buracos dentro do mercado, entre um quiosque e
outro. “Um pedaço do piso quebrou, por debaixo do pavimento a terra está fofa,
pode acontecer de o buraco aumentar, se nada for feito; essa situação surgiu há
dois meses”, disse o ‘Senhor’ Agnaldo Pinto Diniz, de 73 anos, que há 20 anos
trabalha no mercado.
Foi Agnaldo quem
mostrou à reportagem outros pontos críticos, como os dois banheiros e os
trechos em que as tampas da galeria de esgoto estão quebradas. Os banheiros
estão sem portas e sem tampas nos vasos, falta também água nas torneiras.
Paredes rachadas e fiações elétricas expostas são outros dos tantos problemas.
‘Dona’ Elizabeth
Narciso da Fonseca, de 62 anos, disse ser um costume de décadas procurar o
Mercado Central para comprar as frutas, legumes, peixes e carnes para
abastecerem sua geladeira. No entanto, cada vez mais tem sido frustrante ver a
situação atual do lugar. “Eu frequentava o mercado com os meus pais, desde
criança. Moro no Centro, aliás, sempre morei, meu endereço nunca deixou de ser
o mesmo. Já vi momentos bons e ruins do espaço, mas há anos está péssimo; outro
dia quase cai, quando andava distraída e meu pé entrou em um dos buracos, mas
me segurei a tempo de não ser lançada ao chão”, contou Elizabeth.
TAXA MENSAL
Mesmo pagando uma
taxa mensal pela locação do ponto comercial, os proprietários dos
estabelecimentos denunciam que não têm suporte para manutenção de limpeza do
local, que acaba sendo feita por eles mesmos. “A administração do mercado é
fraca. Aqui não é feito uma pintura, um tapa-buraco, a manutenção e
higienização dos banheiros. Aqui não se faz nada”, disseram os feirantes.
As reclamações
foram levadas pelo JP à administração do mercado. De acordo com
Sebastião Silva, que gerencia a feira, todo e qualquer problema que surja na
estrutura do prédio, além das questões de higiene e segurança interna, é
encaminhado por ele à Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e
Abastecimento (Semapa). Ainda questionado sobre o destino da taxa, Sebastião se
limitou a dizer que os valores por ele arrecadados são referentes às concessões
de uso do ponto comercial. Sebastião Silva não quis informar qual o valor total
recebido dos comerciantes.
Apesar de sua
importância para o comércio, das referências históricas e, principalmente, pela
sustentabilidade que as atividades econômicas e renda trazem para a cidade e
para o Centro Histórico, as obras, por meio do PAC Cidades Históricas, no
Mercado Central, ainda não saíram do papel, conforme reclamado pelos feirantes.
OUTRO LADO
Por
meio de nota, a Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento
(Semapa) informou que a reforma completa do Mercado Central consta do
cronograma de reforma das feiras e mercados públicos municipais, e que está
aguardando apenas o repasse do governo federal para dar início aos
serviços.
Também
por meio de nota, o Instituto
Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que os cuidados e manutenção do Mercado Central são
responsabilidade contínua do proprietário do bem. E que questões como suas
condições físicas e de higiene devem ser direcionadas à Prefeitura Municipal de
São Luís. No entanto, por compreender o valor do edifício para os maranhenses e
entender a necessidade de que ocorra uma intervenção no local, o Iphan comunicou
ter incluído o mercado entre as ações selecionadas para o PAC Cidades
Históricas, a fim de que passe por uma obra de restauração. Por fim, O Iphan
esclareceu que o projeto para essa intervenção está em fase final de elaboração;
contudo, no atual momento, o PAC Cidades Históricas sofre um contingenciamento
e está impedido de fazer novas contratações.
1 comentários:
E Ivalda gosta de se aparecer com essa istoria de feirinha lá na praça Benedito Leite. Só Miguê.
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