O sucesso está condicionado em por o ovo e cacarejar
Euclides Moreira Neto –
Professor-Mesttre em Comunicação Social pela UFMA/UFF/UNIVIMA e Doutorando no
Programa Doutoral em Estudos Culturais da Universidade de Aveiro, Portugal.
Temos convicção que a afirmativa de que “o sucesso está
condicionado em por o ovo e cacarejar” é uma afirmativa mais que perfeita, pois
qualquer tarefa do saber e fazer humano passa por essa prova de vida
indubitavelmente. Apoie-me nessa máxima popular para analisar a atividade
desenvolvida pela Secretaria de Estado da Cultura que promoveu neste último
final de semana no Parque Folclórico da Vila Palmeira (agora denominada de
parque Folclórico Humberto de Maracanã), uma de sua atividades comunitária para
o carnaval ludovicense de 2016, com os anunciados “Ensaios Abertos”, envolvendo
os grupos e manifestações culturais de nosso carnaval.
Esta mesma proposta estaria sendo desenvolvida em outros
espaços de nossa ilha. Inicialmente queremos deixar claro que somos a favor do
desenvolvimento da proposta, pois a mesma tem como objetivo popularizar a arte
e levar o entretenimento a outros espaços da nossa cidade que é carente desse
tipo de atividade, como os bairros periféricos. Até aí tudo bem, proposta que
se apresenta inovadora, inclusiva e que à primeira vista teria tudo pra se
tornar um sucesso de público.
Infelizmente não foi o que aconteceu. Na sexta-feira, na
Vila Palmeira, por exemplo, foram agendadas para se apresentar três escolas de
sambas, entre elas a Favela do Samba e a Turma do Quinto, portanto duas das
mais populares agremiações carnavalescas de nossa cidade, e a terceira,
Terrestre do Samba, da localidade Estiva. Para nossa surpresa, ao chegar no
local da apresentação constatamos que não havia público. O público presente era
exatamente os integrantes das escolas de samba e alguns poucos torcedores que
souberam de última hora que iria haver aquela apresentação.
Ainda sob o efeito da total ausência de público fui
conversar com os dirigentes das escolas de samba para entender o que houve e a
resposta foi a de que somente na manhã da sexta-feira é que a coordenação de
evento da SECMA havia confirmado a participação das escolas naquela atividade e
que a divulgação do “Ensaio Aberto” era de responsabilidade dos promotores, ou
seja, do Governo do Estado. Fique mais surpreso ainda porque havia ali toda uma
infraestrutura caríssima para realizar aquela atividade, fato que é
reivindicado quase de forma unanime para as apresentações de atividades
culturais e o público não estava presente.
Estaria o segmento de escolas de samba desprestigiado ao
ponto de não haver o interesse do público para uma atividade cultural aberta e
com infraestrutura técnica perfeita? Diante dessa pergunta como ponto de
partida, podemos assegurar que a falta de comunicação foi a grande responsável
por aquele fracasso. É necessário que os órgãos públicos promotores da
atividade cultural ou qualquer outra que desenvolva, faça divulgação junto ao
público-alvo que queira atingir, caso contrario há haverá retroalimentação e o
fracasso é uma questão de tempo.
Lamentamos muito
ver aquela situação, pois percebemos a boa vontade da Secretaria de Estado da
Cultura em apoiar atividades de inclusão e que expandisse o interesse pela
festa carnavalesca, que sem dúvida tem forte apelo popular. Entretanto, e não
houver a mobilização das pessoas e da população em geral não teremos público
para nos aplaudir. Não quero acreditar que a ausência da divulgação tenha sido
algo premeditado, por isso vou considerar que foi equivoco mesmo e uma pisada
na bola, como aquelas que provocam gol contra.
O Estado tem o dever de promover a festa carnavalesca
sim, e deve fazer essa promoção com competência, pois a atividade carnavalesca
é uma atividade essencial para a gente maranhense, que é tradicionalmente
festeira e cultua uma diversidade de manifestações invejável, mobilizando uma
cadeia produtiva fantástica, que envolve ritmistas, produtores culturais,
costureiras, marceneiro, profissionais da imprensa, a rede hoteleira, o comercio,
artistas plásticos, coreógrafos, dançarinos, etc. Mas, para que essa atividade
seja potencializada junto à população torna-se necessário o uso da divulgação
de maneira eficiente, por isso tomem como exemplo a galinha, que
providencialmente sabe por o ovo em seu ninho, e logo em seguida anuncia que o
pôs, cacarejando para todo o galinheiro tomar conhecimento.
É inadmissível se faze uma atividade cultural para uma
região pobre e tão carente como é a região dos bairros da Vila Palmeira,
Barreto, Radional, Santa Cruz, Santo Antonio e Coheb do Sacavém, sem que as
pessoas fiquem sabendo que vai haver uma atividade de entretenimento no espaço
apropriado para beneficiar a coletividade, como o Parque Folclórico Humberto de
Maracanã. Da mesma forma que a coordenação de Eventos da SECMA programou os
ensaios abertos, deve fazer a divulgação junto ao povo e que se utilize todos
os meios para essa divulgação: rádios, televisões, carro de som, out door, filipetas,
boa-a-boca, etc.
Temos certeza que se o povo soubesse dessa atividade que
ele iria comparecer. O povo não sabia, pois nem os integrantes das escolas
sabiam. Foram saber no dia da apresentação. O papel dos gestores era o de
viabilizar a reunião dos integrantes de suas baterias e o deslocamento do seu
grupo para o Parque Folclórico. A divulgação é de responsabilidade dos
promotores e de quem vai pagar a organização da festa, pois a organização passa
pela estrutura de som, pela ambientação do palco, pela limpeza, pelos banheiros
químicos, pela segurança, pela fiscalização do espaço, entre tantas outras
atividades, mas sem público para “desfrutar” ou, como diz o dito popular
caipira, “abiscoitar” os sabores da festa, não valeu tanto esforço.
Estamos registrando esse fato para reiterar que a ação
foi bem pensada, inovadora e até daria certo, se não houvesse o deslize da
falta de comunicação. Vamos cacarejar gestores da cultura e dá ao nosso povo o
melhor do nosso carnaval, pois ele é do bem e levanta astral.
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