Artista maranhense Nadilton Bezerra foi contemplado na Galeria Funarte

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Artista maranhense Nadilton Bezerra foi contemplado na Galeria Funarte

  • “Corpo de Denúncia”, do fotógrafo e artista plástico maranhense Ton Bezerra, foi contemplado em 1º lugar no módulo 2 “Galerias Funarte de Artes Visuais São Paulo - Flávio de Carvalho ou Mário Schemberg”, do edital do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea


Talento maranhense reconhecido
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Ele é Nadilton, mas prefere ser chamado por Ton Bezerra. Tem 37 anos e é natural de Cedral, município localizado a 193 km de São Luís. Talvez, ele ainda não seja tão conhecido do grande público maranhense, mas é certo que seu nome está marcado entre os melhores artistas plásticos do Brasil. Recentemente, Ton teve o projeto “Corpo de Denúncia”, de sua autoria, contemplado com o 1ª lugar no módulo 2 “Galerias Funarte de Artes Visuais São Paulo - Flávio de Carvalho ou Mário Schemberg”, do edital do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015.
Ao todo, esta edição do Prêmio Funarte recebeu 279 projetos inscritos, dos quais 239 foram habilitados a participar do processo seletivo. Ton Bezerra é o único representante do Maranhão e ficou a frente de grandes artistas plásticos brasileiros. A performance “Corpo de Denúncia” será apresentada em maio do ano que vem, na Galeria Fernando de Carvalho, em São Paulo. Além dela, outras estarão anexadas para apreciação. É o caso de “Tensões Múltiplas”.


“A coisa mais significativa desse prêmio é que, dentre tantos artistas bons do Brasil, eu fui o que tive a maior pontuação. De alguma forma, isso é algo positivo, pois estou fora do eixo Rio-São Paulo, que são os grandes polos de cultura do país, e acabo chamando a atenção de outros artistas e expositores para o Maranhão. Nosso estado merece aparecer com mais frequência no cenário nacional como um polo de arte e cultura e não como um local em que a questão da miséria e o baixo IDH são mais relevantes”, destacou o artista premiado.
“Corpo de Denúncia”, que já foi performatizada em outras ocasiões pelas ruas de São Luís, traz Ton Bezerra caracterizado com um terno bastante colorido. Em seu corpo está acoplado uma caixa de som e alto-falantes que reverberam promessas de políticos e o discurso da ex-deputada Cidinha Campos, do Rio de Janeiro, em que ela denunciava a corrupção congênita no Brasil. O intuito da performance é chamar a atenção para a precariedade do sistema político e a falta de acesso à arte que, desta forma, inibe o artista de exprimir-se.
“Se fosse eu quem tivesse dito o que ela falou, talvez seria preso. Tudo o que queria dizer, ela disse por mim. Estava tudo gravado. Eu acabo dizendo sem dizer e não me calo diante das situações que ocorrem no Brasil. É uma crítica de calças curtas, algo quase didático”, disse Bezerra.
A crítica, segundo ele, também possibilita que a classe política volte o seu olhar para as artes. “Muitos políticos se acham muito espertos para praticar corrupção, mas são burros por não darem atenção ao que é poético. Essa performance foi uma forma de usar alguém deles para falar deles”, completou.
Mas engana-se quem pensa que esta é a primeira vez que o nome de Ton Bezerra circula entre os grandes centros e prêmios de arte do país. Ele já esteve em cartaz com a exposição “Parcerias”, junto do músico paraense Bené Fonteles, no Museu Nacional de Brasília, além de levar outros trabalhos para o Jardim Botânico do Distrito Federal e o Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, popularmente conhecido como Oca, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
Definição 
Filho de pescadores, Ton Bezerra tem mais três irmãos e relembra que a pintura surgiu em sua vida espontaneamente. Seus primeiros rabiscos surgiram ainda na infância quando observava seu pai, Nadirson Silva, construindo barcos de pesca mesmo sem ter estudo algum. “Herdo do meu pai essa facilidade de manusear os materiais. De ver as coisas de uma forma ressignificada”, disse.
Aos 11 anos, ele saiu de Cedral e mudou-se para a capital maranhense com a família em busca de melhores condições de vida. Ele passou a residir no bairro da Santa Efigênia. Lá teve contato com outro artista plástico, Alfredo Araújo, que lhe iniciou na pintura.
O Centro Histórico era o seu cenário preferido. Nos primeiros anos como artista profissional, Ton conquistou o 2º lugar no Salão Artístico e Literário Cidade de São Luís e ficou extasiado por ter uma tela premiada em um concurso em que concorriam grandes referências do seu próprio trabalho, como Jesus Santos, Péricles Rocha e Edmilson Costa.
Contudo, inquieto e ávido por novas experiências, Ton Bezerra logo decidiu migrar para outras áreas. Além da pintura, o artista experimenta múltiplas linguagens de expressão como montagem, instalação, performance, vídeo arte e fotografia. E foi justamente como performer que seus horizontes se expandiram. Ele comenta que prefere explorar a superfície dos vários elementos artísticos para poder navegar com maior fluidez. “Eu fujo dessas definições e limitações. A arte é uma área de conhecimento estético-poético bastante porosa, pois ela se dá de várias maneiras, formas, materiais e sonoridades. A pintura não é mais vista por mim como um elemento único, mas como algo que vai ser somado a outros. Eu prefiro trabalhar em cima de dúvidas do que de certezas. Gosto mais das perguntas do que das respostas”.
Para ele, todo artista é um pesquisador em potencial. “Eu costumo dizer que não trabalho todo dia, mas todo dia eu penso no trabalho”, afirmou. Tanto que seus projetos bebem de vários campos do saber, seja da música, política, filosofia, poesia e religião.
Mesmo com vários projetos premiados e trabalhos expostos em grandes centros de arte pelo país, Ton Bezerra se orgulha de não ter vindo da academia. Segundo ele, seus trabalhos acontecem como um “nativo multidisciplinar, algo visceral”, que surge a partir das suas experiências com o mundo. “O fato de não ter vindo de lá [academia] me possibilita fluir por várias linguagens. As pessoas me perguntam se sou formado e digo que sou deformado, pois à medida que o tempo passa meu trabalho se torna mais inábil em relação a definições”, detalhou.
Premiações
Alguns prêmios e exposições do artista


2002 - Salão Artístico e Literário Cidade de São Luís - Artista premiado com o 2º lugar - Galeria Telésforo de Moraes Rego - MA
2003 - Salão Artístico e Literário Cidade de São Luís - Artista premiado com o 1º lugar - Galeria Telésforo de Moraes Rego - MA
2010 - 1º Salão de Arte de São Luís - Um dos seis premiados - Galeria Trapiche - MA
2013 - 4º Salão de Arte de São Luís - Grande Prêmio - Galeria Trapiche – MA
2014 - 5º Salão de Arte de São Luís – Um dos seis ganhadores - Galeria Trapiche – MA
2013 - "Escultura Coletiva - Encontro das Águas", no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República em Brasília - DF
2013/2014 - Espaço de Exposições do Jardim Botânico de Brasília - DF
2013 - "O Imaginário do Rei" - OCA - Ibirapuera em São Paulo - SP
2013/2014 - "SeuMuSeu - Expo Experimento" - Museu Nacional do Conjunto Cultural da República em Brasília – DF
2014 – “Parceria”, mostra com Bené Fonteles no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República em Brasília – DF
2014 - 47º Festival de Cinema de Brasilia - Homenagem ao Cineasta Glauber Rocha - Com a performance” Signos Eletronejos”

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