Para Jean Wyllys, homofobia reflete opinião de colunistas
Em entrevista exclusiva, deputado, que milita na causa LGBT, falou sobre dois ataques a jovens gays, em São Paulo, no intervalo de uma semana
No intervalo de uma semana, pelo
menos três jovens gays foram vítimas de ataques violentos em São Paulo:
dois deles, no último dia 9, ao ser agredidos por 15 homens em um vagão do metrô; no domingo passado, um foi morto a facadas em frente ao parque do Ibirapuera.
audiência pública sobre violência obstétrica.
Ele é autor de um projeto de lei, atualmente em tramitação na Câmara,
que prevê o combate a esse tipo de violência e o direito ao parto
humanizado.
Foto: Janaina Garcia / Terra Militante da causa LGBT e, em uma frente mais ampla, da
defesa dos direitos humanos, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ)
falou com a reportagem do Terra nesta segunda-feira
sobre os casos e classificou esse tipo de ataque como indícios de que o
país “ainda é homofóbico” e de que opiniões fundamentalistas contra esse
público são propagadas, em parte, também por “colunistas de jornais e
revistas“Somos um País ainda homofóbico; as pessoas não têm
recebido bem os avanços feitos pela comunidade LGBT e pelo poder público
–os poucos avanços. Elas não têm tolerado a visibilidade dessa
comunidade a ponto de ver essa visibilidade como uma ditadura”,
classificou o parlamentar, que participou, na sede do Ministério Público
paulista, de uma
Para o deputado, não são apenas líderes religiosos que,
na avaliação dele, alimentam o discurso de ódio –deputados pastores como
Silas Malafaia e Marco Feliciano, por exemplo, já despertaram reações
de segmentos sociais ligados à defesa dos direitos humanos após
declarações consideradas racistas e homofóbicas.
“As
pessoas acham que mundo está se tornando gay porque há líderes, não só
religiosos, mas fundamentalistas, e também pessoas em jornais, em
colunas de revistas dizendo isso para elas. Então, reagem de maneira
violenta. Isso é produção do discurso de ódio exige dos poderes públicos
uma atenção mais direta no sentido de resolver mesmo essa questão”,
definiu.
Aliado da presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo
turno das eleições presidenciais, mês passado, Jean afirmou que cobrará
“bastante” da petista a promessa de criminalização da homofobia –
promessa feita e reiterada por Dilma em diversas ocasiões da disputa.
Por outro lado, ele fez uma ressalva: “A criminalização não depende só
da lei – já há uma série de medidas que o poder Executivo pode tomar, ou
que as polícias, secretarias estaduais de segurança pública e
prefeituras, em parceria com a União, podem tomar. Há um conjunto de
medidas que podem reduzir bastante a homofobia antes mesmo da aprovação
de sua criminalização; não podemos achar que em um passe de mágica ele
(o projeto de lei) vá resolver esse problema, que é cultural e exige uma
ação maior do Executivo, e da sociedade, de maneira geral”, avaliou.
Jean se disse assustado com eventos como a “Parada do
Orgulho Hétero”, marcada para acontecer no fim de semana no Rio, em
contraponto à Parada do Orgulho LGBT, realizada na praia de Copacabana
nesse domingo.
“Esses discursos de ódio são uma coisa assustadora –no
Rio vai haver essa parada do Orgulho Hétero, e, por mais que isso esteja
envolvido em uma brincadeira, é algo que resulta desse tipo de discurso
de que os homossexuais querem implantar uma ‘ditadura gayzista’ no
Brasil, esse tipo de estupidez”.
Deputado diz que não disputará comissão de Direitos Humanos
Indagado se pretende concorrer à comissão de Direitos
Humanos da Câmara, ano que vem, o parlamentar rejeitou a ideia. “Não,
porque não temos conjuntura para isso, não temos força para colocar um
nome”, declarou, referindo-se ao fato de o PSOL, com cinco nomes, ter
uma das menores bancadas da futura composição do Legislativo. O que
achou da retirada da candidatura (feita pelo próprio, semana passada) do
deputado Jair Bolsonaro? “Já achei estranho ele se colocar como
candidato, porque não tem nenhuma identificação com os direitos humanos,
nem com as minorias. Acho estranha a presença dele nessa comissão; só
lançou a candidatura prévia para ganhar holofote”, alfinetou.
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