Estandarte de Ouro: prêmio à tradição e também à ousadia
Em sua 42ª edição, premiação vai eleger os melhores em 16 categorias, além de um troféu especial
RIO - No próximo fim de semana, quando a primeira bateria arrepiar o Setor 1 e os foliões adentrarem a Sapucaí, um time de bambas já estará a postos para escolher os vencedores de uma das maiores glórias de um sambista na Avenida. Em sua 42ª edição, o prêmio Estandarte de Ouro, do GLOBO, vai eleger os melhores do carnaval em 16 categorias: escola, samba-enredo, bateria, enredo, baianas, ala, puxador, mestre-sala, porta-bandeira, comissão de frente, passista masculino, passista feminino, revelação e personalidade, além melhor escola e samba-enredo da Série A (junção dos antigos grupos de Acesso A e B). E, como só ocorreu quatro vezes antes, será concedida uma premiação especial a um personagem que fez história na folia carioca.
O júri que terá a responsabilidade de apontar os campeões será formado por 11 apaixonados pelo carnaval. Dois são estreantes nessa incumbência: o pesquisador Luiz Antonio Simas e o jornalista Leonardo Bruno, do Extra. Já a carnavalesca Maria Augusta volta ao Estandarte, depois de, em 2012 ,ter sido destaque na comissão de frente da Ilha. E oito jurados já tinham participado de edições passadas: Aloy Jupiara, Argeu Affonso, Felipe Ferreira, Haroldo Costa, Isabela Capeto, Luiz Felipe de Lima, Lygia Santos e Marcelo de Mello.
— Estaremos atentos às escolas. E esperamos escolher aquela que trouxer mais emoção e empatia com o público — afirma Argeu Affonso, presidente do júri.
Missão, claro, nada fácil, diante do espetáculos que as escolas de samba preparam. Assim como não foi simples indicar apenas cinco características marcantes da trajetória do Estandarte, num debate proposto durante reunião semana passada para acertar os detalhes das quatro noites de carnaval no sambódromo. Depois de lembrarem muitos desfiles históricos que já foram laureados, os jurados foram categóricos: é um prêmio que passa longe de ser tradicionalista ou conservador.
— O Estandarte conseguiu de imediato captar as mudanças que ocorreram na história das agremiações, muitas vezes, mais rápido do que o próprio julgamento oficial — afirmou Aloy Jupiara.
Foi o que ocorreu, por exemplo, com um dos desfiles mais revolucionários, “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia”, da Beija-Flor de Nilópolis e Joãosinho Trinta, em 1989, que levou o vice-campeonato, mas venceu o Estandarte de melhor escola. Ou então o que aconteceu com o carnavalesco Paulo Barros, um dos que mais inovaram os desfiles recentes. Ele estreou no Grupo Especial, na Unidos da Tijuca, em 2004. E levou o campeonato pela primeira vez só em 2010, na própria agremiação do Borel. Antes disso, no entanto, já era campeão de estandartes, como o de revelação e de enredo, em 2004, e o de melhor escola, com a Tijuca, em 2005 e 2006.
Ao mesmo tempo, a tradição nunca perde seu espaço no julgamento, como nos cinco estandartes da Vila Isabel em 1988, no clássico “Kizomba, festa da raça”: melhor escola, samba-enredo, bateria, enredo e ala mirim.
Outra característica, afirmaram os jurados, tem sido premiar a alegria e a irreverência. Os prêmios de melhor escola à União da Ilha, em 1977, e à Caprichosos, em 1985, além do de samba do Grupo II ao Arranco, em 1977, foram exemplos disso, lembraram. Talentos e performances individuais também sempre foram aplaudidos, como nos cinco prêmios seguidos da porta-bandeira Neide, da Mangueira, entre 1972 e 1976. E mais uma marca do Estandarte: os quatro prêmios especiais já entregues até hoje, ao compositor imperiano Silas de Oliveira (1973), aos carnavalescos Fernando Pinto (1985) e Joãosinho Trinta (1986) e ao arquiteto Oscar Niemeyer, ano passado.
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