Neymar vive 2º revés em Copas e vê melhor do mundo distante
Atacante foi criticado por simulações durante campanha da seleção
Folha de São Paulo -
Neymar não conseguiu ser o
protagonista que se esperava nesta Copa do Mundo, a segunda de sua carreira. O
jogador, que saiu do Barcelona para o PSG pelo sonho de ser o melhor jogador do
mundo, deixa a Rússia após o Brasil cair ainda nas quartas de final.
Com a eliminação da equipe
brasileira, Neymar perde qualquer esperança de ser eleito o melhor jogador do
mundo.
A expectativa do atleta ganhar o
prêmio cresceu após as eliminações de Argentina de Lionel Messi e de Portugal de Cristiano Ronaldo nas
oitavas de final da competição.
Em sua segunda eliminação de um
Mundial, o atacante volta para casa com dois gols marcados, 23 faltas sofridas
e uma assistência. Ele não foi nenhuma vez escolhido para ser capitão e
colecionou polêmicas ao longo dos 25 dias em solo russo. Criticado, se irritou com a Globo e usou as redes
sociais para responder.
No Mundial passado, quando também
era a esperança da conquista do hexacampeonato, Neymar se machucou nas quartas
de final contra a Colômbia e não jogou na derrota por 7 a 1 contra a Alemanha,
na semi.
Apesar da derrota e eliminação do
Brasil, Neymar em momento algum se afugentou do jogo. Desde o início da
partida, se mostrou participativo.
Como de costume, atuou aberto
pelo lado esquerdo e muitas vezes recuava até o meio de campo para ajudar na
armação das jogadas.
Ele tentava triangulações com
Coutinho e Marcelo, mas não teve sucesso para superar a marcação de Meunier,
Witsel e Fellaini, que caiam pelo setor.
Mesmo assim, saiu de seus pés a
melhor chance do Brasil na etapa inicial. Aos 8 minutos, cobrou escanteio na
direção de Thiago Silva, que acertou a trave.
O lance foi bem semelhante ao gol
feito pelo zagueiro contra a Sérvia, pela última rodada da primeira fase.
Ainda quando o Brasil perdia por
2 a 0, o jogador teve excelente chance de marcar após finalização de Douglas
Costa. A bola sobrou para o camisa 10, que concluiu mal.
Criticado no último jogo contra o
México após sofrer um pisão deLayún e ficar rolando pelo gramado,
Neymar tentou cavar um pênalti durante o início do segundo tempo contra os
belgas, mas o árbitro Mirolad Mazic nada assinalou.
Pouco depois, repreendeu o camisa
10, mas não mostrou cartão amarelo. Se tivesse sido advertido e o Brasil
avançasse, o jogador ficaria fora da semifinal, já que estava pendurado.
Ele ainda pediu pênalti nos
acréscimos do segundo tempo após não alcançar um cruzamento da direita. O
árbitro anotou apenas tiro de meta.
Durante o jogo, Neymar sofreu
sete quedas. Na etapa inicial, foram quatro --sendo três após divididas
normais. Em uma delas, dentro da área, os torcedores também pediram pênalti.
O único lance que foi marcada a
infração por Mazic no primeiro tempo foi no meio de campo, quando o jogador do
Paris Saint-Germain foi derrubado por Fellaini. Ele colocou a mão na nuca mas
se levantou rapidamente.
RECUPERAÇÃO DE LESÃO
Neymar passou os três meses antes
do Mundial em recuperação de uma lesão no pé direito que o obrigou a realizar procedimento cirúrgico no
quinto metatarso, após se machucar em confronto entre PSG e Olympique Marselha.
A CBF concentrou atenções no seu
atacante. O médico da confederação, Rodrigo Lasmar, esteve à frente do
tratamento do jogador e colaborou no seu processo de recuperação.
Na operação, Neymar teve um
parafuso colocado no pé, que serviu para aproximar os fragmentos do osso
separados pela fissura para facilitar a cicatrização. Desde então, a comissão
técnica dizia que o trabalho que seria feito era ter o craque bem nas oitavas
de final.
Depois de 98 dias fora, o jogador
voltou a atuar na véspera da Copa, em amistosos contra Croácia (vitória por 2 a
0) e Áustria (triunfo por 3 a 0). Marcou gol nos dois jogos e animou Tite.
Na Rússia, contudo, penou diante da Suíça na estreia,
quando sofreu 10 faltas - um recorde de infrações em um mesmo atleta em uma
única partida de Copa desde 1998 - e deixou o estádio mancando. Reclamou das
pancadas e levou alguns dias para se recuperar.
Também foi mal na segunda partida, diante da Costa Rica.
Recebeu cartão amarelo por reclamação, e ainda ficou marcado por ter simulado
um pênalti. O árbitro do duelo chegou a marcar, mas logo depois anulou, com
auxílio do VAR (árbitro de vídeo). Mesmo com desempenho abaixo do esperado,
conseguiu marcar seu primeiro gol da Copa, o segundo da vitória por 2 a 0.
Contra a Sérvia, melhorou e finalizou sete
vezes a gol, mais do que nos outros jogos, quando somou seis chutes. Deu a
assistência para o gol de Thiago Silva, em cobrança de escanteio, mas não
brilhou.
Queixas e simulações marcaram as
atuações do atacante. Foi criticado por ex-jogadores estrangeiros, que
reclamaram que o brasileiro tentava enganar árbitros e prejudicar rivais.
“É absolutamente patético.
Ninguém duvida das suas habilidades, é um jogador magnífico. Ainda assim, é
realmente patético quando começa a rolar como se estivesse em agonia. Por que
ele acha que precisa fazer isso?”, questionou o britânico Alan Shearer.
Veículos de imprensa estrangeiros
atacaram o brasileiro. O periódico USA Today afirmou que “Neymar é um
constrangimento ao futebol”.
Contra o México, o jogador fez
sua melhor exibição, como os médicos previam, e foi eleito o melhor em campo ao
fazer o primeiro e participar do segundo gol do Brasil. Mas não repetiu o feito
diante da Bélgica.
E se não convenceu pelo futebol,
o craque virou assunto em quase todos os jogos do Mundial, por motivos
diferentes. Além da simulação do pênalti, ele descoloriu o cabelo, reclamou
muito com os árbitros e caiu muitas vezes durante as partidas, provocando
reclamações de adversários.
Sem brilhar, o atacante Neymar
entrou em rota de colisão com a Globo durante o Mundial. O estopim foram as
críticas, principalmente do narrador Galvão Bueno, após os dois primeiros
jogos, que levaram até o pai do jogador a tentar colocar panos quentes.
A assessoria da Globo afirmou que
“narradores e comentaristas têm liberdade para citar ou comentar qualquer lance
do jogo”. Em nota, completou: “As análises, assim como toda a cobertura da
Globo, são feitas de maneira imparcial e sem distinção entre os jogadores”.
Procurado, Neymar não respondeu às perguntas da reportagem.
Entre uma e outra irritação,
postou em rede social um desabafo, onde menciona que “falar, até papagaio
fala”. O jogador é fã do piloto brasileiro Ayrton Senna, que se referia ao narrador
Galvão Bueno como “papagaio” —eles mantinham relação de amizade.
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