A miragem se afastou: recuperação da economia fica mais distante (*)

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A miragem se afastou: recuperação da economia fica mais distante (*)

A decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (Bacen), nesta última quarta-feira, dia 30 de novembro, de reduzir a taxa básica de juros da economia, a Selic, em apenas 0,25 ponto percentual, enterrou de vez a expectativa de uma retomada mais rápida da economia nacional. Essa foi a última reunião do ano do Copom, e o próximo encontro só acontecerá em janeiro de 2017. O Comitê alegou que, no momento, não foi possível adotar uma baixa mais agressiva, já que ainda espera por uma inflação comportada no setor de serviço, um avanço consistente das reformas fiscais e, agora, está preocupado com as incertezas do mercado externo (leia-se: a ascensão ao poder nos EUA do ciclotímico Donald Trump).

É certo que a corrente majoritária de analistas já previa, nos últimos dias, uma diminuição dessa discreta magnitude. Entretanto, há poucas semanas ainda se tinha uma réstia de esperança de que a queda pudesse ser maior, de 0,50 p. p. O grande problema é que as expectativas estavam mais concentradas em que a Política Monetária (queda de juros) pudesse dar uma contribuição decisiva para a retomada da atividade produtiva. Todavia, as contas públicas continuam em frangalhos, mês após mês os déficits se sobrepõem, e não se pode esperar uma injeção vigorosa de recursos, para levantar o astral da economia, de um governo que tem o caixa falido.
Observa-se, que a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) informou, para o mês de outubro, um superávit primário recorde (antes do pagamento dos juros da dívida) nas contas do governo central de R$ 40,814 bilhões. Contudo, esse bom resultado é um ponto fora da curva. Originou-se dos recursos advindos do polêmico programa de repatriação de recursos do exterior e que rendeu receitas adicionais de R$ 45,06 bilhões, somente em outubro. Nos dez meses do ano, o rombo acumulado nas contas do governo é de R$ 55,803 bilhões, o pior da história para igual período. Nos últimos doze meses a conta negativa chega a R$ 84,601 bilhões. Então, com o encerramento, para este ano, do programa de repatriação, a tendência é que os saldos negativos se avolumem e o governo, infelizmente, chegue próximo do monumental déficit previsto de R$ 170,5 bilhões.
O otimismo inicial com a chegada ao planalto de Michel Temer vai-se esmaecendo, e de vários setores pulularam números desalentadores nas semanas mais recentes, fazendo com que o cenário se torne nebuloso para o país, e uma recuperação mais segura só venha mesmo em 2018. O IBGE divulgou dados ruins para vários setores: indústria (-1,3%), investimentos (-3,1%), serviços (-0,6%) e até para o agropecuário (-6%), que vinha se safando. Assim, na segunda quinzena de novembro, o próprio Ministério da Fazenda capitulou, e atenuou as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2017, de 1,6% para 1%, e para 2016 o recuo será maior: -3,5%, em vez de -3% previsto anteriormente. Os índices de confiança, tanto dos empresários quanto dos consumidores, também têm se demonstrado inconsistentes, embaraçando ainda mais o panorama futuro.
Se no âmbito externo os últimos acontecimentos não ajudam na recomposição da economia brasileira (as medidas imponderáveis que Trump pode tomar quando assumir o poder e a iminente elevação de juros nos EUA), no campo doméstico o presidente Temer, e sua equipe política, têm protagonizado galhofas em sequência, o que acaba impactando negativamente a economia. A queda conjunta dos ministros da Cultura, Marcelo Calero, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, num episódio absurdamente paroquiano (e que ainda acredito não esgotado), em que o político baiano tentou a ilegítima interferência de Calero junto ao Iphan, para a liberação da construção de um edifício em Salvador, onde o então Secretário de Governo comprou um apartamento, ajudou o dólar disparar em novembro (+6,18%).
Todos esses eventos adicionam mais incertezas na economia, empurrado a recuperação para mais longe. Isso drasticamente, para os 12,042 milhões de desempregados e outros tantos milhões que estão na situação de desalento (deixaram de procurar emprego). Que venha logo 2018!
(*) Eden Junior (eden-jr@hotmail.com)
Economista/Mestre em Economia/Pós-Graduado em Administração Pública/Auditor Federal de Finanças e Controle

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