Do UOL, em São Paulo
A
Fiscalia da Audiência Nacional, em Madri, pediu nesta quarta-feira (23) as
prisões de Neymar e Neymar pai por dois anos cada em virtude de suposta
ilegalidade na transferência do atleta para o Barcelona, em 2013. A decisão do
Ministério Público espanhol tem como base uma queixa do fundo de
investimento DIS, ex-detentor dos direitos de Neymar, que reivindica
porcentagem maior na transação do craque para a Espanha.
O MP espanhol ainda quer
que a família de Neymar pague multa de 10 milhões de euros (aproximadamente R$
40 milhões), além de pedir detenção por cinco anos do ex-presidente do
Barça, Sandro Rosell, que era o mandatário do clube espanhol quando Neymar
deixou o Santos.
A
promotoria pediu um ano de prisão para a mãe de Neymar, Nadine, sócia da
N&N (empresa que fez o acordo com o Barcelona).
Também
nesta quarta, a DIS apresentou sua peça de acusação à Justiça na qual
também pede a prisão de todos os envolvidos, incluindo Neymar, Neymar pai,
o ex-presidente do Santos, Odilio Rodrigues, e o ex-presidente do
Barcelona, Sandro Rosell. A DIS alega que a família Neymar agiu de forma
corrupta e cobra também indenização ao Barcelona.
"O Barcelona e o jogador burlaram as normas da Fifa e alteraram a livre
competição no mercado de transferências. Mas, mais que o enfoque legal, devemos
nos perguntar que tipo de exemplo dá um esportista que é capaz de
trair assim quem confiou e investiu nele, incluindo a assinatura de
contratos simulados. São esses valores que queremos transmitir a nossos filhos?
São esses os valores do Barcelona? O que pensam os patrocinadores do Barcelona
e do jogador? Não podemos consentir que Neymar seja exemplo para nossos
filhos", disse o diretor da DIS, Roberto Moreno.
A
ação movida na Justiça espanhola havia sido arquivada, mas foi reaberta em
setembro e a denúncia foi aceita pelo juiz da Audiência Nacional, José de
La Mata. Ainda não há data definida para o julgamento do processo.
Ao UOL
Esporte, a assessoria da família Neymar reiterou nesta
quarta-feira que a transação da empresa com o Barça foi efetuada de forma
legal, com o pagamento de tributos. Neymar não foi notificado
judicialmente.
Entenda o caso
DIS convoca imprensa para pedir prisão
de Neymar e cobra indenização
A família de Neymar é acusada de omitir o valor verdadeiro da
transação do atleta para o time espanhol, ocorrida em 2013. Oficialmente, o
Santos e Barcelona haviam declarado logo após a transferência que a
negociação representou 17,1 milhões de euros. Mas a Audiência Nacional
concluiu que o valor ultrapassou 83 milhões de euros.
A DIS recebeu 40% de 17,1 milhões. O Santos possuía 55% dos
direitos econômicos de Neymar e a Teísa possuía 5%.
Paralelamente ao acordo, o Barcelona pagou 40 milhões de euros
diretamente para a empresa N&N, dos pais do jogador. No processo que
tramita na Espanha, a DIS entende que essa quantia fazia parte da negociação e
que, portanto, deveria ser repartida entre os então detentores dos direitos. Já
a promotoria entende que a negociação paralela entre Barcelona e empresa da
família Neymar violou o regulamento de transferências da Fifa.
"Os crimes são corrupção e
estelionato. O juiz de primeiro grau tinha entendido que havia violações
contratuais, mas não se configuraram os crimes. Apelamos ao tribunal,
demonstrando que as provas mostravam claramente que, ao receber (Neymar e seu
pai) 10 milhões de euros em 2011 e depois mais 30 milhões, houve
crime contra a concorrência. Ao simular esse contrato de 10 milhões de euros
como empréstimo haveria também estelionato por contrato simulado", afirma
Paulo Nasser, advogado da DIS e sócio do escritório Miguel Neto, em entrevista ao UOL Esporte em
setembro.
Neymar pai rebate, informando que esse valor se referia a "direito
de preferência", que em nada estaria atrelado ao acordo formalizado entre
Barcelona e Santos. Neymar Júnior teria passe livre do Santos em 2014. O pai do
craque justifica que vendeu a preferência de negociação ao Barça para quando o
atacante ficasse livre e com os direitos em mãos.
O pai de Neymar diz que o Barça se antecipou e decidiu fazer acordo com
o Santos um ano antes, em 2013, quando já havia pagado à N&N o
"direito de preferência".
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