Na trilha do Sertão de Lampião

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Na trilha do Sertão de Lampião

Márcio VasconcelosFotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos percorreu o caminho de um dos personagens mais polêmicos da história brasileira no livro Na Trilha do Cangaço - O Sertão que Lampião Pisou

Sobre Lampião, Maria Bonita, Corisco e o fenômeno do cangaço... Os fatos estão aí para ser avaliados. Os cangaceiros eram bandidos ou justiceiros? E Lampião, o Rei do Cangaço? A saga desse personagem polêmico da história brasileira é um dos episódios sociais mais instigantes da América do Sul. Mas, e sobre a história? Por um acaso alguém já se pegou imaginando como teria sido aquela época? Os lugares por onde a saga se passou? Pois o fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos foi uma dessas pessoas.
E como fotógrafo pesquisador, curioso, sempre em busca das melhores histórias para contar em forma de imagem, ele foi atrás. E retratou caminhos, pessoas, objetos... no livro Na Trilha do Cangaço - O Sertão que Lampião Pisou.
Foto: Márcio Vasconcelos.
Márcio Vasconcelos
Na Trilha do Cangaço
Um projeto que começou em 2013 com uma exposição e que agora está sendo coroado com uma publicação belíssima, de encher os olhos, tal o fi no trato com as imagens e a percepção do que representa a memória dessa história. No próximo dia 27 acontece o lançamento em
São Paulo, na Livraria Cultura. Em São Luís, a data está prevista para o mês de maio.
Virgulino Ferreira da Silva, ou Lampião, Rei do Cangaço, nasceu em 1898, em Vila Bela, atual Serra Talhada (PE), e morreu na madrugada do dia 28 de julho de 1938, na fazenda conhecida como Angico, no município de Porto da Folha, em Sergipe. Passou metade de seus 40 anos no comando de seu bando de cangaceiros, com os quais percorreu os sertões de sete estados: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, sendo os quatro primeiros banhados pelo Rio São Francisco. Justiceiro e herói para alguns e bandido sanguinário para outros, ele e sua companheira Maria Bonita constituem
um mito que beira o religioso e se confundem com a lenda em todo o Nordeste brasileiro.
Foto: Márcio Vasconcelos.
Márcio Vasconcelos
Cangaceiros
Nas últimas décadas surgiram, no Brasil, várias publicações de estudiosos do cangaço, que ora lhe dão uma aparência poética de justiceiro, de vindicatório do povo, ora o destacam como facínora.
Nesse projeto, Márcio revela imagens. O fotógrafo foi contemplado em 2010 com o XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografi a e ganhou a exposição no Festival de Fotografi a Foto em Pauta, em Tiradentes (MG), em 2013. No mesmo ano aconteceu, aqui em São Luís, uma
exposição virtual. Agora, com mais uma incursão a alguns dos pontos visitados e captação de imagens inéditas, Na Trilha do Cangaço – O Sertão que Lampião Pisou chega em livro, com concepção e curadoria de Maureen Bisiliat, pela editora Vento Leste. O texto é de Frederico Pernambucano de Mello.
Na publicação, Márcio se propôs a resgatar e refazer os caminhos percorridos por Lampião e Maria Bonita, Corisco e Dadá, e seus bandos, através da elaboração de uma trilha que ligasse locais que foram simbólicos na história do cangaço pelos sertões nordestinos.
Foto: Márcio Vasconcelos.
Márcio Vasconcelos
Na Trilha do Cangaço
Foram quatro mil quilômetros sozinho durante dois meses passando pelos estados de Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e Ceará, refazendo uma trilha imaginária por onde Lampião poderia ter passado, de 1920 a 1940. Desta forma, a trilha deveria começar no Sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada, local do nascimento de Virgulino Ferreira da Silva, e terminar na Grota de Angico, na beira do Rio São Francisco, em Sergipe, onde Lampião foi morto pela volante do Tenente João Bezerra. “Fazer o Na Trilha do Cangaço foi muito pela pesquisa e pelo interesse que o mito Lampião sempre  despertou. Este é um episódio muito
vivo no imaginário popular. Então, ter refeito esta trilha, ter encontrado lugares e personagens simbólicos foi muito forte. Lampião é a personalidade mais biografada do Brasil e na América Latina, só fica atrás de Che Guevara”, diz o fotógrafo.
Outro aspecto observado por Márcio, foi que além do aspecto físico do sertão, o Projeto buscou identificar, localizar e fotografar personagens que fazem parte dessa história, ou descendentes que ainda se encontram vivos para atestar a veracidade do mito Lampião
e Maria Bonita. “Passei por momentos de extrema emoção, principalmente quando deparava
com lugares simbólicos ou personagens que foram testemunhas e que ainda se encontram
lúcidos, apesar da idade avançada”, lembra o fotógrafo.
Para a edição das fotos, Márcio teve a curadoria de Maureen Bisilliat, fotógrafa inglesa famosa e que já mora no Brasil há muitos anos. “Esta edição dela foi fundamental para a escolha das fotos e para compor uma narrativa interessante sobre a trilha. Fiquei plenamente satisfeito com a edição deste livro, até por considerar como um fechamento de um ciclo de todo o trabalho, pois livro é uma coisa que fi ca pra sempre e sela o projeto. O resultado ficou muito bom”, avalia Márcio.
Na trilha – Por Márcio Vasconcelos
Foto: Márcio Vasconcelos.
Márcio Vasconcelos
Na Trilha do Cangaço
“Em Serra Talhada (PE), passei dois dias arranchado no sítio Passagem das Pedras e, em noite de lua cheia, dormi numa rede contemplando a casinha simples de taipa de dona Jacosa, avó materna de Lampião, que ali nasceu e brincou na infância. Para finalizar a trilha, escolhi o local que considero mais simbólico em toda a história do cangaço, a Grota do Angico, às margens do Rio São Francisco, no lado de Sergipe. Acompanhado de Hugo, meu guia, segui no final da tarde por setecentos metros, na mesma trilha percorrida pela volante do tenente João Bezerra, até chegar ao local da chacina. Acendi onze velas pelas almas dos cangaceiros ali sacrificados, fiquei em silêncio por vários minutos até a chegada da luz ideal para efetuar o último disparo, dessa vez não de morte, mas pela celebração à vida”.
Fique sabendo
Serra Talhada (antiga Vila Bela - PE)
Localizada a 415 km da capital pernambucana e cortada pela BR-232, é a cidade onde nasceu Lampião, no dia 7 de julho de 1898. É lá que estão guardados vários pertences do Rei do Cangaço: as armas, roupas de couro e restos da casa em que viveu. É onde se pode assistir a uma apresentação de xaxado, cujo nome foi dado devido ao som do ruído que as sandálias dos cangaceiros faziam ao arrastarem sobre o solo durante as comemorações celebradas nos momentos de glória do grupo de “Lampião”
No sítio Passagem das Pedras, distante 35 km de Serra Talhada, encontram-se a casa de dona Jacosa, avó de Lampião, mantida como memorial pela Fundação Cultural Cabras de Lampião, e as ruínas da casa onde Virgulino nasceu.

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