‘O jornal pode acabar, mas o jornalismo é indestrutível’, diz Clóvis Rossi

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‘O jornal pode acabar, mas o jornalismo é indestrutível’, diz Clóvis Rossi

O colunista da Folha Clóvis Rossi fala para os trainees da 60ª turma do Programa de Treinamento

“É preciso gastar a sola dos sapatos.” A lição para os novatos é de Clóvis Rossi, 73, colunista da Folha. Ele conversou com a 60ª Turma do Programa de Treinamento, que iniciou suas atividades nesta segunda (15).

Com mais de 50 anos de jornalismo, Rossi cobriu alguns dos momentos históricos do século 20, como o golpe militar no Chile (1973) e o fim da ditadura Pinochet (1988), a queda do Muro de Berlim (1989) e a Guerra do Golfo (1991).
Para os trainees, Rossi falou sobre os desafios do jornalismo no mundo digital e sobre o panorama político brasileiro. Confira alguns momentos da conversa.

Fla-Flu partidário
“Há uma falsa polarização ideológica no Brasil. Petistas e tucanos brigam por fatias de poder, não mais do que isso. O Brasil é primitivo politicamente. Sou muito pessimista com a política brasileira, até porque eu conheço esses caras. Sempre que há a possibilidade de errar, o Brasil escolhe o erro.”
Opinião x achismo
“Hoje, com raras exeções, o colunismo é gritaria. Os mais lidos são os que gritam mais. É uma tendência, talvez passageira. Os blogs tornaram­-se armas de combate político. Na internet tem muita bobagem, informação falsa. Os blogs, que poderiam cumprir o papel de crítica, acabaram se tornando quase todos armas de combate político. São informações inconfiáveis. Se o jornalista está preocupado com a qualidade, precisa ser crítico, apartidário, pluralista e independente. É cada vez mais difícil com uma gritaria ensurdecedora, mas dá para fazer.”
Crise no jornalismo
“Vivemos o pior momento da profissão, no Brasil e no mundo. No Brasil, [a crise do modelo de negócios] coincidiu com a maior crise econômica da história recente. No ano passado, a verba de publicidade foi dramática. É preciso descobrir uma forma de tornar o jornalismo digital rentável. É uma equação que precisa ser resolvida. Ver um jornal em papel acabar, como aconteceu com “The Independent” [jornal inglês que terá sua última edição impressa em março], é como perder um ente querido. Ainda assim é preciso estar preparado.”
Futuro para a profissão
“Uma coisa é o jornal impresso, que vive uma crise terminal, e outra coisa é o jornalismo, que é indestrutível. Sair para a rua buscar a notícia sempre vai ser necessário.Os seres humanos sempre vão se interessar pelo que os outros estão fazendo ou deixam de fazer. [O jornalista tem a] incrível sensação de ser testemunha ocular e contador da história do seu tempo.”
Manual de Redação
“Jornalismo é a prática de quatro verbos que qualquer um tem condições de executar: ver, ler, ouvir e contar. É preciso gastar o dedo no telefone, os olhos de tanto ler e a sola dos sapatos atrás da notícia.”
Início de carreira
“Eu queria ser diplomata, fui fazer jornalismo na Casper Líbero para matar o tempo, porque não tinha a idade mínima para estudar diplomacia. Não me arrependo. As coisas que escrevo saem no jornal. O que os diplomatas escrevem, quando muito, vai para a gaveta do Ministério das Relações Exteriores.”

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