Obra de restauração do Palácio das Lágrimas está paralisada
Prédio, que abrigou a Faculdade de Farmácia e Odontologia da UFMA, será transformado no Palácio da Ciência; serviço foi iniciado no ano passado e deveria ter sido concluído em fevereiro deste ano, mas foi prorrogado para 2016
Tapumes acumulam lixo e ocupam parte da calçada, atrapalhando
passagem de pessoas (Foto: Biné Morais)
A obra de restauração
do Palácio das Lágrimas, localizado em frente à Igreja de São João, no Centro,
está paralisada. O serviço corresponde ao restauro do prédio para transformação
em um museu permanente voltado para a ciência. Além do abandono do local, o
tapume colocado ao redor do imóvel toma grande parte da calçada, prejudicando
os pedestres e colabora ainda para o acúmulo de lixo.
O
Palácio das Lágrimas abrigou por muitos anos a Faculdade de Farmácia e
Odontologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e será transformado no
Palácio da Ciência. A mudança é fruto de cooperação entre o Governo do Estado,
UFMA e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Foram
destinados mais de dois milhões para a obra.
De
acordo com o projeto inicial, o início do serviço foi em junho do ano passado e
o término deveria ser em fevereiro deste ano. Mas houve um atraso. Um segundo
termo aditivo foi assinado para prorrogar por 240 dias a restauração e
requalificação arquitetônica do Palácio das Lágrimas em maio deste ano. Dessa
forma, as obras teriam um prazo prorrogado até fevereiro de 2016.
Apesar
disso, a obra está paralisada. A única presença no local é da vigilância.
Algumas janelas foram retiradas, deixando buracos nas paredes, e as árvores
também estão sem receber poda, o que confere um aspecto maior de abandono. Há
ainda outros problemas relacionados à obra.
O
tapume colocado ao redor do prédio, como medida de segurança, avança de forma
excessiva sobre o passeio público. Por isso, as pessoas que passam a pé pelo
local têm de andar pelo asfalto junto aos carros. "É muito difícil andar
com esses tapumes de um lado e os carros estacionados de outro. O jeito é ir
para a rua. Pelo menos os carros andam devagar nessa rua", disse o
estudante Rafael Pinheiro.
Além
do avanço sobre o passeio público, parte do tapume foi retirada por moradores
de rua e o espaço delimitado na calçada está servindo de depósito de lixo e
espaço para essas pessoas fazerem suas necessidades fisiológicas. Com isso, o
espaço exala um forte mau cheiro e atrai muitos mosquitos.
O Estado entrou em contato com o Iphan para
obter mais informações sobre o cronograma da obra. A superintendente do órgão
no Maranhão, Kátia Bogéa, afirmou que a responsabilidade de execução dos
serviços é da UFMA. A instituição teria tido um problema no orçamento com a
demolição de um anexo.
Por
isso, o atraso na obra. Ontem mesmo, em uma reunião entre o órgão e
representantes da universidade, foi afirmado que os serviços recomeçam na
próxima semana.
O Estado também entrou em contato com a
UFMA para obter informações sobre a execução dos serviços, mas não obteve
retorno até o fechamento desta página.
HISTÓRIA
O estado em que está hoje o
Palácio das
Lágrimas não condiz com a importância histórica do imóvel. Ele é conhecido por
várias lendas escritas e reescritas por poetas e autores maranhenses.
Uma
das lendas cita a existência de um casarão de três pavimentos na Rua de São
João, defronte à Igreja e esquina com a Rua da Paz. Nesse casarão, moravam dois
irmãos imigrantes portugueses que vieram para o Maranhão no século XIX fazer
fortuna, como era costume na época. Um dos irmãos ficou rico com o comércio e
com o tráfico de escravos. O outro irmão não conseguiu ficar rico e, por isso,
assassinou o irmão rico, ficando assim com todos os seus bens, inclusive os escravos
e, especialmente, com uma escrava que era amante do seu irmão. Essa escrava,
que tinha vários filhos com o seu irmão, foi humilhada pelo assassino por
vários anos até que um dos seus filhos descobriu a verdade e matou o tio.
Diz
a lenda que o filho da escrava jogou o tio por uma das janelas do casarão e foi
preso pela polícia, sendo também condenado à morte por enforcamento. Antes da
consumação do enforcamento, que aconteceu diante do sobrado, o condenado
amaldiçoou o casarão fatídico com as palavras "Palácio que viste as
lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos. Daqui por diante serás
conhecido como Palácio das Lágrimas".
Outra
lenda conta que o acontecido resultou do amor entre uma escrava e o seu senhor.
Um escravo ciumento envenenou os filhos do patrão e a escrava, inocente, acabou
sendo condenada à morte, umedecendo com suas lágrimas as escadarias do palácio.
Pouco depois, ao certificar-se de que sua amada nada tinha a ver com o caso, o
senhor acabou enlouquecendo.
SAIBA MAIS
Para execução da obra de restauração do Palácio das
Lágrimas, as atividades dos cursos de Farmácia e Odontologia foram deslocadas
para a Cidade Universitária, o campus do Bacanga da UFMA.
Investimento
R$ 2.234.932,54 foi o total de recursos investidos na restauração do prédio e implantação do Palácio da Ciência
2/2/2016 é o novo prazo para conclusão da obra
R$ 2.234.932,54 foi o total de recursos investidos na restauração do prédio e implantação do Palácio da Ciência
2/2/2016 é o novo prazo para conclusão da obra
0 comentários:
Postar um comentário