70 anos de Elis Regina, a Pimentinha
Pimentinha: Os 70 anos de Elis Regina são celebrados com biografia
Obra expõe o lado polêmico da cantora, suas brigas e sua morte por overdose
Rio - Mais tarja preta do que chapa branca. Escrita pelo jornalista Júlio Maria, ‘Nada Será como Antes’ (Ed. Master Books, 424 págs, R$ 49,90), biografia de Elis Regina (1945-1982), mostra a cantora — que completaria 70 anos hoje — como alguém além de um gênio musical. E esmiuça relacionamentos, brigas, deslealdades, além de aprofundar-se na sua morte, causada pela mistura de álcool e cocaína.
Tanto Júlio como João Marcelo concordam que não é o ponto mais importante ao lembrar da cantora de ‘Como Nossos Pais’, ‘Fascinação’, ‘Arrastão’ e outros sucessos. “A droga surgiu em seus últimos dez meses de vida. Falo sobre esse assunto não por uma questão moral, mas para mostrar que ela não era disso. No geral, ela era uma menina careta. Dava até bronca no André Midani (então presidente da gravadora dela, a Philips, hoje Universal) quando sentia bafo de maconha nele”, conta João Marcelo, envolvido com Miele no show ‘Elis 70 Anos’, marcado para 23 e 24 de maio no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo (ver boxe). E se sentiu logicamente desconfortável ao ler na biografia sobre a morte dela. “Fiquei pensando que o relógio poderia parar ali e tudo mudar.”
‘Nada Será Como Antes’ relata dos momentos mais sublimes de Elis (como as gravações de clássicos como ‘Atrás da Porta’, de Chico Buarque e Francis Hime) às brigas que teve com colegas. Episódios como as frases grosseiras que disparou ao produtor Roberto Menescal durante uma gravação (“vá tomar atrás do seu saco!”, teria falado, ao lhe ser pedido que se mantivesse no tom), ou sabotagens que teria feito com cantoras como Alaíde Costa e Nana Caymmi estão lá, assim como os casos extraconjugais que manteve com Nelson Motta e Guilherme Arantes.
“É importante não descontextualizar. Isso tudo vinha de uma insegurança enorme da Elis”, conta Júlio, que publica pela primeira vez uma carta escrita por Elis a seu filho João Marcelo, para ser lida quando ele completasse 18 anos, e que tem trechos como “tenho tantos problemas quanto você. Não me culpe. Antes, procure me compreender”. “Aos 14 anos, no rádio, ela já não queria cantar sozinha. É um perfil que vai se repetir muitas vezes”, lembra o autor.
João Marcelo diz que nem ele, nem seus irmãos se meteram na apuração. “A Maria Rita nem leu o livro!”, conta, dizendo que as facetas mais complexas da mãe não o incomodaram. “Sinto até falta disso hoje no nosso pop. Hoje em dia todo mundo é legal e concorda com todo mundo. Mas claro que chamar a Nana para ir a um programa de TV e não deixá-la cantar, como a Elis fez, é um troço infantil.”
O LEGADO DE ELIS
Para comemorar os 70 anos de Elis Regina, entra no ar hoje o portal www.elisregina.com.br, que traz todo o conteúdo da exposição ‘Viva Elis’, recebida por algumas cidades brasileiras em 2012. “Nem Elis foi esquecida, nem Luiz Gonzaga (1912-1989). Vamos ver se o mesmo acontece com Dominguinhos (1941-2013)”, conta João Marcelo, um dos responsáveis pelo site e pelo show ‘Elis 70 Anos’, com compositores lançados por ela.
“Já falamos com Fagner e João Bosco. E estamos em negociação com outros.” Ele e Miele, parceiro do seu pai Ronaldo Bôscoli (1928-1994), apresentam o show e contam casos sobre ela. “Poder dividir o palco com o Miele é... nem sei falar, é como estar sentado sobre um monumento”, alegra-se. Ele sonha com Roberto Carlos no show, mas avisa que nem irá procurá-lo. “Nunca vou propor nada a ele. Ele é o Rei, pô. Nem sei como tratar um Rei, não dá para ligar e conversar. É um sonho que nunca irá se realizar.”
“Foi duro para o João Marcelo Bôscoli (filho da cantora com o compositor e produtor Ronaldo Bôscoli) reconhecer essa questão da droga”, admite Júlio, que lança o livro hoje na Livraria Cultura da Avenida Paulista e dia 23 no Beco das Garrafas, em Copacabana. E lembra dos problemas após o laudo médico da morte de Elis. “Ele tinha sido feito pelo (legista) Harry Shibata, responsável pelo laudo da morte do jornalista Wladmir Herzog (1937-1975), dizendo que ele tinha se suicidado, e não morrido na tortura. E o Samuel MacDowell (último namorado de Elis) tinha sido advogado da família do Herzog. Mas até o MacDowell me disse que nunca acreditou na falsidade do laudo. O Rogério Costa (irmão da Elis) havia mexido na cena do óbito, limpou o quarto. A empregada havia jogado no lixo uma garrafa de bebida que estava lá. Na época da biografia ‘Furacão Elis’, de Regina Echeverria (lançada em 1985), as pessoas ainda se culpavam muito por terem cheirado com ela, e não falavam disso.”
‘Nada Será Como Antes’ relata dos momentos mais sublimes de Elis (como as gravações de clássicos como ‘Atrás da Porta’, de Chico Buarque e Francis Hime) às brigas que teve com colegas. Episódios como as frases grosseiras que disparou ao produtor Roberto Menescal durante uma gravação (“vá tomar atrás do seu saco!”, teria falado, ao lhe ser pedido que se mantivesse no tom), ou sabotagens que teria feito com cantoras como Alaíde Costa e Nana Caymmi estão lá, assim como os casos extraconjugais que manteve com Nelson Motta e Guilherme Arantes.
“É importante não descontextualizar. Isso tudo vinha de uma insegurança enorme da Elis”, conta Júlio, que publica pela primeira vez uma carta escrita por Elis a seu filho João Marcelo, para ser lida quando ele completasse 18 anos, e que tem trechos como “tenho tantos problemas quanto você. Não me culpe. Antes, procure me compreender”. “Aos 14 anos, no rádio, ela já não queria cantar sozinha. É um perfil que vai se repetir muitas vezes”, lembra o autor.
João Marcelo diz que nem ele, nem seus irmãos se meteram na apuração. “A Maria Rita nem leu o livro!”, conta, dizendo que as facetas mais complexas da mãe não o incomodaram. “Sinto até falta disso hoje no nosso pop. Hoje em dia todo mundo é legal e concorda com todo mundo. Mas claro que chamar a Nana para ir a um programa de TV e não deixá-la cantar, como a Elis fez, é um troço infantil.”
O LEGADO DE ELIS
Para comemorar os 70 anos de Elis Regina, entra no ar hoje o portal www.elisregina.com.br, que traz todo o conteúdo da exposição ‘Viva Elis’, recebida por algumas cidades brasileiras em 2012. “Nem Elis foi esquecida, nem Luiz Gonzaga (1912-1989). Vamos ver se o mesmo acontece com Dominguinhos (1941-2013)”, conta João Marcelo, um dos responsáveis pelo site e pelo show ‘Elis 70 Anos’, com compositores lançados por ela.
“Já falamos com Fagner e João Bosco. E estamos em negociação com outros.” Ele e Miele, parceiro do seu pai Ronaldo Bôscoli (1928-1994), apresentam o show e contam casos sobre ela. “Poder dividir o palco com o Miele é... nem sei falar, é como estar sentado sobre um monumento”, alegra-se. Ele sonha com Roberto Carlos no show, mas avisa que nem irá procurá-lo. “Nunca vou propor nada a ele. Ele é o Rei, pô. Nem sei como tratar um Rei, não dá para ligar e conversar. É um sonho que nunca irá se realizar.”
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