Homenagens marcam desfiles das escolas de samba na capital
Marambaia homenageou o colunista Pergentino Holanda; a Turma do Quinto fez reverências à Madre Deus; a Favela saudou a força da natureza.
Jock Dean
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
18/02/
Quando a Terrestre do Samba
entrou na Passarela do Samba, no Anel Viário, com quase uma hora de atraso,
abrindo a segunda noite de desfiles das escolas de samba de São Luís, o
público, que já lotava as arquibancadas, permaneceu apático durante toda a
apresentação. Mas, quando a Turma do Quinto, última escola da noite, fechou seu
desfile, as arquibancadas ficaram vazias e centenas de pessoas invadiram a
passarela aos gritos de "é, campeã", se unindo à bateria da
agremiação, que voltou para a avenida para celebrar com o público a noite de
folia. A escola, que é a atual campeã do Carnaval de São Luís, foi quem
conquistou o público. A Marambaia do Samba também movimentou a plateia com a
homenagem ao colunista de O Estado, Pergentino Holanda.
Antes do desfile das escolas de
samba, desfilaram pela passarela os blocos organizados Os Gorgeadores, Sambista
Caroçudos, Canto Quente, Os Liberais e Mocidade de Fátima. Com enredos que iam
de tradições populares como a distribuição de doces no dia de São Cosme e
Damião, histórias de logradouros seculares, como a Casa das Tulhas, e até
homenagens a artistas populares, como o cantor e compositor José Henrique
Pinheiro Silva, o Escrete, morto em 2007, os grupos desfilaram para uma
passarela praticamente vazia. A ausência do bloco Beatos do Samba, que seria o
quinto a desfilar, mas não apareceu na passarela, atrasou a programação e
contribuiu para a apatia dos espectadores.
Desânimo - E foi com esse clima
de desânimo que os foliões que foram acompanhar a segunda noite de desfiles das
escolas receberam a Terrestre do Samba. A agremiação da Estiva, bairro da zona
rural de São Luís, levou para a avenida um enredo com o mesmo tema que lhe
rendeu o nono lugar no Carnaval 2011, o fofão, personagem que vinha em destaque
no carro abre-alas. Com um samba-enredo que falava dos tradicionais bailes de
máscaras da cidade de Veneza, na Itália, a escola colocou fofões e arlequins
para sambar ao som da bateria de mestre Márcio.
Em seguida, foi a vez da
comunidade do Monte Castelo levar seu samba para a avenida. O carro abre-alas,
com sua tradicional coroa imperial, anunciava a chegada da Império Serrano,
escola cuja melhor colocação foi em 1984, quando ficou em quarto lugar.
Cantando que o povo brasileiro "faz festa no sofrimento e na
vitória", a escola uniu o sagrado e o profano em seus carros alegóricos
para mostrar o sincretismo das festas e festejos populares brasileiros. Ala a
ala, a Império trouxe bailes de Halloween, formatura, parada da diversidade
sexual e não esqueceu sequer de quem trabalha enquanto todo mundo se diverte,
os garçons.
Marambaia do Samba - Apenas
quando a terceira escola da noite entrou na avenida, o público demonstrou a
animação típica da folia de Momo. Do Bairro de Fátima, a Marambaia do Samba
colocou seus 1.600 integrantes para homenagear o jornalista e colunista social
de O Estado Pergentino Holanda. Ao longo de todo o desfile, a escola contou a
trajetória de PH, como é conhecido o jornalista, na imprensa, na literatura e
na cultura maranhense. No carro abre-alas, um busto do homenageado, o primeiro
casal de mestre-sala e porta-bandeira, Benilson e Elizâgela, o luxo e o glamour
das festas de Carnaval e Réveillon promovidas pelo jornalista, lembradas também
em alas como a do Baile do PH Revista e do Cordão do Ponto Com.
Empolgado, Pergentino Holanda
acompanhou todo o desfile do chão e até se uniu à bateria da escola, na saída
do recuo, para festejar e agradecer a homenagem. "Eu estou muito
emocionado com essa homenagem. É um grande reconhecimento a todos esses anos de
trajetória no jornalismo maranhense", disse o homenageado. Até o
governador do estado, Flávio Dino (PCdoB), acompanhou a homenagem ao jornalista
de O Estado, ficando ao seu lado durante o desfile.
Rivalidade - Quando a Favela do
Samba entrou na avenida, começou a grande rivalidade da noite. Pouco antes do
desfile, membros da diretoria da escola distribuíram bandeiras com o símbolo da
agremiação para o público, que vibrou com o samba-enredo que representou a
ligação dos seres humanos com a natureza. Em suas quatro alegorias, a Favela
saudou a força da terra, da água, do ar e do fogo. Já na comissão de frente,
chamada de Raízes, a escola chamou atenção com fantasias bem elaboradas e a
coreografia de Monique Machado.
A simpatia da porta-bandeira
Noely Moura foi outro destaque do desfile da escola do Sacavém, que tem 14
títulos no currículo, o último deles do Carnaval 2012, e veio para a avenida
disposta a levar o título mais uma vez para o seu barracão.
Arrastão - Atual campeã do
Carnaval de São Luís, a Turma do Quinto manteve a empolgação do público,
arrancou gritos da sua torcida e promoveu um arrastão pela avenida ao fim do
seu desfile, quando já passava das 4h de ontem. A escola defendeu seu título
com um enredo que contava a história de festejos e festanças do seu berço, o
bairro Madre Deus, conhecido por ser o mais boêmio da capital. Puxada por
Gabriel Melônio, que há 38 anos é a voz do samba da agremiação, a escola abriu
seu desfile homenageando os pescadores, primeiros moradores da comunidade, que
tem três séculos de história.
No segundo carro alegórico, uma
embarcação lembrava o festejo de São Pedro, padroeiro dos pescadores. Marca
forte do bairro, a religiosidade apareceu também em forma de homenagem à Casa
de Nagô e das Minas. No terceiro carro alegórico, uma homenagem ao Carnaval. Os
instrumentos em branco e preto homenageavam o bloco Os Fuzileiros da Fuzarca, a
mais antiga manifestação carnavalesca existente hoje na Madre Deus, com 78
anos. A alegoria trazia ainda fotos de nomes de destaque da cultura do bairro:
os sambistas Cristóvão “Alô, Brasil!” , Hermenegildo Tiburcio e Cacaraí, que
ajudaram a fundar a Turma do Quinto.
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