DONA CÉLIA DA MARAMBAIA:'Enquanto tiver viva, vou lutar para conseguir um 1º lugar'

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DONA CÉLIA DA MARAMBAIA:'Enquanto tiver viva, vou lutar para conseguir um 1º lugar'

Não existe história da Marambaia sem dona Célia, a presidente da agremiação; também não existe dona Célia sem Marambaia.



Juliene Hidelfonso

Da equipe de O Estado
15/02/

Maria Célia, presidente da Marambaia do Samba

Dona Maria Célia, mais conhecida como Célia da Marambaia, é a mãe da agremiação Marambaia do Samba. Aos 12 anos, ela se mudou para o Bairro de Fátima e conheceu a escola de samba, na época, ainda um bloco tradicional. Hoje, com 72 anos, está à frente da escola há mais de 50 anos. O amor de Maria Célia pela Marambaia do Samba - sua filha mais velha, como ela diz - só aumenta. E a cada ano o sonho de angariar um título no Carnaval maranhense faz com que a dedicação dela, do marido, filhos, netos e bisnetos para a escola 'de família' se renove.
Aos 12 anos, dona Célia se mudou para o Bairro de Fátima, chegando lá, conheceu seu marido e sua 'filha mais velha'. "Quando cheguei aqui no bairro, a escola já existia. A Marambaia tem 60 anos, e eu estou com 72", explica.

Quando saiu da Macaúba, bairro onde nasceu, logo conheceu seu marido e também diretor da escola, começaram a namorar e estão juntos até hoje. "Quando menina nova, comecei a namorar com meu marido dentro da escola. Namoro para cá e por acolá, começaram as brigas lá dentro e um dos diretores fundador largou a escola no meio do caminho e meu marido, que cantava, assumiu a responsabilidade pela escola", conta.
Na época, a Marambaia não era escola de samba, era conhecida como bloco tradicional. Quando seu Benedito, marido de dona Célia, começou a tomar conta da escola, ela se envolveu tanto, que, quando se deu conta, já estava apaixonada. Apesar da paixão e dedicação integral pela Marambaia do Samba, dona Célia nunca foi para avenida com o intuito de se divertir, ela sempre esteve na organização. "Eu brinco um pouco, quando a escola está passando na passarela eu estou por lá, mas dizer que eu vou para avenida para brincar, não eu, em todos esses anos fui apenas para organizar", confessa.
Início - Quando começou a cuidar da escola, a agremiação tinha apenas 14 componentes, duas porta-bandeiras, uma rainha e dois passistas. Houve uma briga e o bloco quase acabou. Dona Célia ficou chateada, porque era seu marido quem estava tomando de conta de tudo; o que acarretou no envolvimento cada vez maior de toda a família Ribeiro.
"Hoje, muita gente diz que a Marambaia é uma escola de família, mas eu não acho. Na minha família tem passista, porta-bandeira, mestre-sala, rainha de bateria, princesa de bateria. Os dois cantores também são da minha família, o meu marido não canta mais e entregou para os filhos a missão de cantar nossos sambas. E o meu filho que tomou de conta já está passando para o seu filho mais velho. E futuramente, um dos meus netos vai tocar cavaquinho", afirma dona Célia, que ainda assim acredita que a Marambaia do Samba não é uma escola de família.
Infância - A história de vida de dona Célia se confunde com a história da escola, ela não se recorda de um dia em sua vida não ter vivido pela sua filha mais velha. Ela costuma contar que, há alguns anos, foi entrevistada por um repórter que a perguntou quem era seu filho mais velho e ela respondeu: 'A Marambaia do Samba'.
O pouco que recorda e comenta sobre sua infância é que foram tempos muito bons e tranquilos no bairro da Macaúba. "Eu nasci na Macaúba, perto do Belira e, aos 12 anos, vim para o Bairro de Fátima e, desde então, não sai mais daqui. Foi uma infância muito boa, cresci com meus pais e meus irmãos. Sou muito satisfeita com a minha vida, tive uma vida ótima, não tenho do que reclamar. Tenho cinco filhos ótimos. Eu não sinto falta da minha infância, a única coisa que sinto falta é da minha mãe que estava sempre comigo. Quando ela faleceu eu já tinha tido a minha filha mais velha", comenta.
Família - Hoje, com cinco filhos criados, dona Célia está mais tranquila. "A criação dos meus filhos foi muito boa, todos cresceram dentro da escola de samba, estudaram, formaram suas famílias, me deram netos, bisnetos e sempre que podem estão aqui, ao meu lado, me ajudando com a Marambaia", ressalta. Seus filhos, netos, bisnetos, todos estão na escola de samba.
Ela está casada há tanto tempo que perdeu as contas de há quantos anos estão juntos, lutando a cada dia, pela sua família."Graças a Deus, me sinto feliz porque faço o que eu gosto e eu gosto muito da minha escola, talvez seja a única escola dentro de São Luís que é familiar e não mudou até agora, talvez quando eu partir, mas até agora continua sendo assim", diz.
Dona Célia é também costureira e criou seus filhos exercendo o ofício - costurava para seus clientes e para sua escola. Seus filhos seguiram seus rumos, mas quando o Carnaval se aproxima, todos ajudam.
O ano de dona Célia é assim, Carnaval e festa do Divino Espírito Santo. Ela se dedica a maior parte do ano para a Marambaia e, quando acaba a folia momesca, ela se entristece, mas logo começa a se preparar para o ano seguinte. "Quando acaba o Carnaval e a Festa do Divino Espírito Santo, parece que o ano acabou, eu fico sem ter o que fazer", explica.
"No ano que não teve Carnaval foi muito triste, eu chorava dia e noite, mas no ano seguinte, dei graças a Deus que pude colocar minha escola na avenida. A minha maior alegria e de toda minha família foi quando nós alcançamos o segundo lugar e, se Deus quiser, enquanto eu tiver viva, vou lutar para conseguir um primeiro lugar por mérito próprio", confessa. O segundo lugar a que ela se refere foi em 1981, com o tema Bairro de Fátima.
Expectativas - O Carnaval chegou. Até chegar até aqui, os ensaios foram constantes para fazer bonito na avenida. "A minha escola não tem pessoas que nos ajudem e eu sou uma pessoa que não gosto de pedir nada para ninguém, eu gosto de conseguir as minhas coisas por mérito e foi assim que chegamos ao segundo lugar, com o que tínhamos e foi uma alegria muito grande", conta.
Tem muita gente que fala que a Marambaia do Samba é uma escola pequena, tem outros que dizem que não é mais, mas dona Célia luta, diariamente, para colocar ela em cima. "Eu luto demais, mas eu me acho grande como qualquer outra delas", afirma confiante.
Presidente vai para a Passarela a trabalho
Este ano, a Marambaia do Samba vai para avenida contando a vida e história de Pergentino Holanda. Maria Célia, mais uma vez, não vai para escola para se divertir, mas para comandar e organizar o show que a escola dará na esperança de levar o primeiro título no Carnaval maranhense. A escola terá uma comissão de frente com 12 pessoas, fechando 100 pessoas na bateria e na expectativa de levar 17 alas para a passarela do Samba.
Dos 14 componentes quando Dona Célia pegou a escola, no passado, a escola saiu com 110 pessoas só na bateria e este ano a Marambaia está chegando perto desse número.
Após muitos anos de luta, a escola deixou de ensaiar na porta da casa da presidente. Os integrantes guardavam todos os instrumentos e fantasias na pequena casa no Bairro de Fátima. Isso foi há seis anos. "Quando eu cheguei aqui, a escola estava com uns cinco ou seis anos e, desde lá, eu tomei de conta, não sei precisar bem há quantos anos estou à frente da escola, porque não lembro quantos anos a escola tinha quando entrei", conta.
RAIO-X
NOME COMPLETO:
Maria Célia Santos Ribeiro
Nascimento:
21 de outubro de 1942
Profissão:
Costureira
Filiação:
Emília Santos e Elcides Santos
Filhos:
Benilma, Benilce, Benilson, Benivaldo e Celinha
Estado civil:
Casada com Benedito Manuel Ribeiro
Qualidade:
Honestidade
Alegria:
O Carnaval e a festa do Divino Espírito Santo
Tristeza:
"Quando não teve Carnaval, no ano retrasado"
Saudade:
Dos pais
Planos:
"Que a minha escola, a Marambaia, possa galgar um título no Carnaval"


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