VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES -48% dos jovens acham errado mulher sair sem o namorado, diz pesquisa

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VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES -48% dos jovens acham errado mulher sair sem o namorado, diz pesquisa


Foram consultadas 2.046 pessoas entre 16 e 24 anos das 5 regiões do país.
Maioria reconhece machismo, mas ainda reforça comportamento sexista.

Amanda Polato e Cida Alves Do G1, em São Paulo

Apesar de reconhecerem que o Brasil é um país machista, a maioria dos jovens ainda acredita e reforça comportamentos que reprimem as mulheres e as colocam em posição de desigualdade em relação aos homens. Em pesquisa divulgada nesta quarta-feira (3), 48% deles dizem achar errado a mulher sair sozinha com os amigos, sem a companhia do marido, namorado ou "ficante". Responderam à pergunta garotos e garotas.  

O levantamento foi feito pelo Instituto Avon e Data Popular com 2.046 jovens de 16 a 24 anos de todas as regiões do país – sendo 1.029 mulheres e 1.017 homens. Na entrevista realizada pela internet, 96% afirmam viver em uma sociedade machista. Ao mesmo tempo, 68% dizem achar errado a mulher ir para a cama no primeiro encontro e 76% criticam aquelas que têm vários "ficantes". 80% afirmam que a mulher não deve ficar bêbada em festas ou baladas.


A pesquisa também mostra ser comum nos namoros o controle excessivo por parte dos meninos sobre a vida das garotas e que elas ainda são vítimas constantes de assédio, constrangimento e intimidação nos espaços públicos.  

Assédio
78% das jovens entrevistadas relatam já ter sofrido algum tipo de assédio como cantada ofensiva, abordagem violenta na balada e ser beijada à força. Três em cada dez garotas dizem ter sido assediadas fisicamente no transporte público.

Namoros

No relacionamento entre os jovens aparecem com frequência ações de controle e violência contra as garotas: 53% delas dizem que já tiveram o celular vasculhado, e 40% que o parceiro controla o que fazem, onde e com quem estão. 35% relatam que foram xingadas pelo namorado; 33%, impedidas de usar determinada roupa.

Sexo

Entre as mulheres, 9% contam que já foram obrigadas a fazer sexo quando não estavam com vontade, e 37% que já tiveram relação sexual sem camisinha por insistência do parceiro.

Internet
As redes sociais se mostram como um meio de controle dentro dos namoros: 32% das jovens relatam que tiveram de excluir algum amigo do Facebook a pedido do parceiro, 30% dizem que tiveram e-mail ou perfil de rede social invadido pelo namorado e 28% afirmam que foram proibidas de conversar com amigos virtualmente.
15% das jovens dizem que foram obrigadas a revelar para os namorados suas senhas de e-mail e Facebook, e 2% que receberam ameaça de cibervingança – a divulgação de fotos ou vídeos íntimos.
Machismo
Mais mulheres (42% delas) do que homens (41% deles) disseram concordar que uma garota deve ficar com poucos homens. E muitos garotos (43%) ainda veem diferença entre mulheres para “namorar” e “para ficar” – aquelas que têm relações com muitos homens não são para namorar. Entre as mulheres, 34% pensam o mesmo.
Enquanto 30% dos homens dizem que a mulher que usa decote e saia curta está se oferecendo, apenas 20% das mulheres concordam com essa afirmação.

As meninas incorporam que os meninos podem impor as suas vontades. E quando a mulher sofre uma agressão, ainda se pergunta o que ela fez de errado."
Jacira Melo, diretora-executiva
do Instituto Patrícia Galvão
 
Por que há violência?

Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, diz que, em geral, a desigualdade vem desde o início dos relacionamentos. Enquanto os homens têm mais chance de viver com total liberdade, as mulheres enfrentam desde cedo limitações sobre onde ir, que horas sair de casa, o que vestir, como se comportar.
Segundo Jacira, ainda existe a cultura de que eles são superiores e estão no comando dos relacionamentos. “Isso é repetido geração após geração, e as meninas incorporam que os meninos podem impor as suas vontades. E quando a mulher sofre uma agressão, ainda se pergunta o que ela fez de errado.”

Para Nadine Gasma, representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, a violência de gênero é diferente das outras porque tem relação com as estruturas de poder entre homens e mulheres, e o fato de muitos deles pensarem nas companheiras como suas propriedades. Nas últimas décadas, diz ela, as mulheres conquistaram direitos na esfera pública, mas o que acontece no espaço privado ficou esquecido. E é lá que ocorre a maioria das agressões.

Machismo
Mais mulheres (42% delas) do que homens (41% deles) disseram concordar que uma garota deve ficar com poucos homens. E muitos garotos (43%) ainda veem diferença entre mulheres para “namorar” e “para ficar” – aquelas que têm relações com muitos homens não são para namorar. Entre as mulheres, 34% pensam o mesmo.

Enquanto 30% dos homens dizem que a mulher que usa decote e saia curta está se oferecendo, apenas 20% das mulheres concordam com essa afirmação.
As meninas incorporam que os meninos podem impor as suas vontades. E quando a mulher sofre uma agressão, ainda se pergunta o que ela fez de errado."
Jacira Melo, diretora-executiva
do Instituto Patrícia Galvão
 
Por que há violência?
Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, diz que, em geral, a desigualdade vem desde o início dos relacionamentos. Enquanto os homens têm mais chance de viver com total liberdade, as mulheres enfrentam desde cedo limitações sobre onde ir, que horas sair de casa, o que vestir, como se comportar.
Segundo Jacira, ainda existe a cultura de que eles são superiores e estão no comando dos relacionamentos. “Isso é repetido geração após geração, e as meninas incorporam que os meninos podem impor as suas vontades. E quando a mulher sofre uma agressão, ainda se pergunta o que ela fez de errado.”
Para Nadine Gasma, representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, a violência de gênero é diferente das outras porque tem relação com as estruturas de poder entre homens e mulheres, e o fato de muitos deles pensarem nas companheiras como suas propriedades. Nas últimas décadas, diz ela, as mulheres conquistaram direitos na esfera pública, mas o que acontece no espaço privado ficou esquecido. E é lá que ocorre a maioria das agressões.




 

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