Demissões na Mirante, confissão de crime e democracia

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Demissões na Mirante, confissão de crime e democracia




Democratização 

Desde a última terça-feira (14), o Sistema Mirante de Comunicação tem demitido profissionais que já contavam com muitos anos de serviços prestado à empresa. Entre os demitidos estão o diretor de redação do Jornal O Estado do Maranhão, Ribamar Corrêa, Ronaldo Moraes diretor de núcleo do Sistema e os radialistas Mário Carvalho e André Martins (Mirante AM). Outras dispensas virão a público nos próximos dias, para apreensão dos servidores da casa.

A família Sarney, dona do Sistema Mirante age pragmaticamente. Ainda que a emissora seja líder em audiência no Estado e abocanhe portanto, os maiores valores de contratos de publicidade com o Estado, todo mundo sabe que além das contratações regulares para divulgar as ações do Governo, a emissora dos Sarneys levava um” extra por fora”, o que garantia a saúde financeira da empresa e a ampliação dos tentáculos de monopólio dos meios de comunicação no Estado.


Sem o plus financeiro oriundo de repasses nada republicanos, digamos assim, o sistema Mirante terá que se manter única e exclusivamente de sua capacidade administrativa e terá que encarar  a realidade  das empresas de comunicação tradicionais que,  no mundo inteiro, já tiveram que fazer ajustes financeiros para se manter na nova realidade global.

A confissão de um crime

A demissão em massa de servidores da Mirante, apenas uma semana depois da eleição, funciona quase como a confissão de um crime. Explico por que.

Com as demissões, fica claro que a estrutura funcional do Sistema Mirante foi bancada até aqui pela força da grana estatal, como aliás, ocorre em todos os negócios privados do grupo Sarney. Durante o governo Jackson, os contratos com a Mirante foram mantidos, mas sem o “plus extra” o sistema foi obrigado a adotar outras práticas para garantir a sustentação com dinheiro público.

Prefeitos de centenas de municípios foram obrigados a manterem “informes publicitários” na TV  para justificar a transferência  de recursos públicos para o Sistema Mirante, sob ameaça de perderem a geração de sinal da emissora em suas cidades.

 Em resumo: o que garantiu a sobrevivência do Sistema Mirante nos moldes em que ele funciona  hoje, foi o uso criminoso de recursos públicos. Dinheiro que deveria ser usado na saúde, na educação e na segurança dos maranhenses.

Por um projeto democrático de comunicação

Se nos governos Jackson Lago e Zé Reinaldo, o Sistema Mirante conseguiu se manter incólume financeiramente –  como se viu no caso dos “informes publicitários”  dos prefeitos – a realidade hoje é outra.
No interior do Maranhão, principalmente, centenas de milhares de antenas parabólicas mudaram a paisagem mesmo nos municípios mais pobres, nas casas de pau a pique. A influência da internet foi fundamental para o resultado da eleição e superou até o fato de que o Estado tem o menor número de usuários do país. As emissoras de TV comunitárias, com suas características  de trabalho colaborativo, furaram o bloqueio das emissoras tradicionais e ampliaram o leque de informações à disposição dos maranhenses.

Por tudo isso, o Sistema Mirante, usado como instrumento político de comunicação, não conseguiria encontrar o mesmo ambiente de achaque junto a prefeitos para auferir vantagens. É por tudo isso também que vivemos no momento mais propício para ampliar a democratização dos meios de comunicação no Estado.

Apesar de concessões públicas, as relações promíscuas entre governo e interesses privados dos donos de meios de comunicação enfraqueceram as próprias empresas de mídia no Maranhão. O Governador eleito, Flávio Dino, que nomeia secretários usando as redes sociais, também já mandou avisar, por meio de seu Programa de Governo, que apoiará  “as rádios comunitárias, os jornais regionais e os blogs noticiosos, a fim de garantir o direito humano à comunicação de modo universal.”

E é sobretudo por isso que o Sistema Mirante agora age pragmaticamente.

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