Protestos e mobilizacoes contra o aumento de passagens param o Terminacao de Integracao em Sao Luis
Manifestantes, em sua maioria estudantes, começaram a protestar logo pela manhã; Universitários chegaram a invadir o Terminal da Praia Grande.
Jock Dean, Thiago Bastos e Gisele Carvalho
Da equipe de O Estado
10/06/2014
Manifestações, durante todo o dia de ontem, marcaram o primeiro dia útil após o reajuste no valor das tarifas de ônibus de São Luís. Um grupo de estudantes realizou um protesto no fim da tarde de ontem, no centro de São Luís. Pela manhã, outro grupo já havia se concentrado para protestar. As manifestações foram motivadas pelo aumento em R$ 0,30 na tarifa de todos os níveis do transporte coletivo na capital. Os manifestantes chegaram a invadir o Terminal da Praia Grande, cuja entrada estava bloqueada por apenas seis guardas municipais. Mesmo com a proteção, os estudantes conseguiram ter acesso à parte interna do terminal. O protesto foi encerrado por volta das 18h30, com gritos contrários à elevação da passagem e à gestão da Prefeitura de São Luís.
Alguns manifestantes ameaçaram protestar na entrada do Palácio La Ravardière, sede administrativa da Prefeitura de São Luís. No entanto, o acesso ao prédio estava isolado por uma barreira de policiais militares. Durante o trajeto, foram arremessadas bombas caseiras por integrantes do protesto.
Um dos líderes do movimento, o estudante de Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Maxwell Silva, sugeriu que o acesso dos usuários ao Terminal da Praia Grande fosse liberado. “Vamos abrir as catracas. Só assim para protestarmos, de forma pacífica quanto a esse aumento absurdo de passagem”, disse. No entanto, apesar dos pedidos, poucos usuários obedeceram à ordem. Alguns passageiros, assustados com o protesto, decidiram abandonar as plataformas de embarque e se deslocar para os abrigos situados na parte externa do Terminal. “Isso é um absurdo. Existem outras formas de protestar, não assim, entrando no Terminal desse jeito e assustando todo mundo”, disse a dona de casa Antônia Francisca Pereira, de 54 anos, moradora do Vila Nova.
O reajuste nas tarifas do transporte coletivo passou a valer no domingo (8) e ocorreu depois da greve dos rodoviários, que terminou na sexta-feira (6), após 16 dias e um longo impasse entre rodoviários, empresários e a Prefeitura de São Luís. A manifestação teve seu auge com a chegada dos estudantes.
Concentração – Os estudantes das universidades Federal do Maranhão (UFMA) e Estadual do Maranhão (Uema) e de colégios como o Centro Educacional Governador Edison Lobão (Cegel), Colégio Universitário (Colun) e Liceu Maranhense se concentraram em frente à Biblioteca Benedito Leite, no fim da tarde de ontem.
Com faixas, cartazes e apitos e gritando palavras de ordem, os estudantes seguiram em passeata pela Rua Rio Branco e pela Avenida Beira-Mar, exigindo que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior voltasse atrás na decisão de reajustar as tarifas de ônibus de São Luís, alegando que isso traria prejuízos à população, que terá aumento nos gastos com transportes. “Quem depende dos ônibus integrados vai gastar R$ 4,80 por dia para ir e voltar do trabalho ou escola. E isso é a passagem de apenas uma pessoa. Para uma família que tem filhos que precisam ir para a escola, esse valor vai pesar muito no orçamento familiar”, comentou a universitária Larissa Cardoso.
Além da revogação do aumento da tarifa, os manifestantes exigiam a volta da domingueira, melhorias no serviço de transporte coletivo e o passe livre para os estudantes. “A Prefeitura aumentou a passagem de ônibus, mas não temos um serviço de qualidade. Como sempre, a população está pagando o preço do jogo político. Por isso, vamos realizar diversas manifestações até que o aumento seja revogado”, afirmou Maxwell Silva, do Coletivo Um Passo à Frente, uma das diversas entidades e organizações que participaram do protesto de ontem.
Manhã - Pela manhã, outro protesto já havia sido realizado. Membros do grupo “R$ 2,40 eu não pago! - Ato contra o aumento da passagem”, que deriva do movimento “Se a passagem aumentar, São Luís vai parar”, fizeram interdições na Avenida Senador Vitorino Freire e orientaram os usuários do transporte público a entrar no Terminal de Integração da Praia Grande pelos portões laterais para não pagar a nova tarifa.
A concentração dos manifestantes começou às 7h, mas apenas cerca de uma hora depois as pessoas começaram o protesto contra o aumento das passagens. Parte dos participantes do protesto, em sua maioria estudantes, interditava a avenida por alguns minutos em frente ao terminal para chamar a atenção de condutores que passavam pela via enquanto outra parte orientava os pedestres a entrar no terminal de integração sem pagar passagem. Muitas pessoas aproveitaram a situação, como foi o caso da dona de casa Adriana Castro. “Eles estão certos de abrir o terminal para ninguém pagar esse absurdo de R$ 2,40”, disse.
Segundo o estudante Perez Paz, esse foi o primeiro de muitos protestos que serão realizados na capital para que as tarifas de ônibus voltem a custar R$ 1,30,
R$ 1,60 e R$ 2,10. “Esse reajuste foi feito de forma irresponsável. Houve um aumento de mais de 14% no valor da passagem e os trabalhadores da greve ganharam quase 8% de reajuste salarial. Quem saiu perdendo foi o povo. A Prefeitura diz que a Justiça determinou o reajuste, mas isso é mentira. Essa é uma questão inteiramente política”, opinou.
O estudante de Enfermagem Clístenes Mendonça afirmou que o valor da passagem que está sendo cobrado é abusivo, frente às condições do transporte público da capital e defendeu a abertura da planilha de custos das empresas que exploram o serviço. “Em Porto Alegre já aconteceu isso e ficou comprovada a exploração no preço das passagens. Em São Luís, está acontecendo o mesmo só que o transporte é muito mais precário que em outras capitais”, afirmou.
Mais
Procurada por O Estado, a administração do Terminal da Praia Grande informou que não havia como impedir o acesso dos estudantes à parte interna do local. Ainda segundo a administração do Terminal da Praia Grande, caso haja novos movimentos, nos próximos dias, deverá ser solicitado apoio da Polícia Militar (PM).
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