Por Reinaldo Azevedo

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Por Reinaldo Azevedo









Dilma fez nesta quarta o seu pronunciamento de Primeiro de Maio, tentando
atingir o maior público possível, ainda antes do feriado prolongado. Pergunta
óbvia: ela foi bem? Eu acho que não! “Ah, você não vale porque é um crítico da
presidente Dilma…” Então tá.



Começo pelos mistérios da imagem. Televisão — ou vídeo — é um troço meio
perverso. É claro que todas as providências foram tomadas para que ela
parecesse e aparecesse bem e altaneira. Mas não pareceu nem apareceu. Não me
perguntem exatamente o quê — depois passo o vídeo para o meu amigo Gerald
Thomas avaliar, um especialista também na linguagem não-verbal. O fato é que
transmitia a impressão de cansaço. Mostrou-se algo desenxabida e meio brava. A
coisa vinha do fundo dos olhos, reforçada por um discurso meio infeliz.



“Lupus pilum mutat, non mentem”. Era uma frase popular já entre os latinos. O
lobo muda de pelo, mas não de caráter, de personalidade, de mentalidade. Essa é
uma versão mais comum entre os ingleses. Em português, ganhou uma tradução que
acho excelente: “O lobo muda de pelo, mas não de vício”. Pois é… Todos os
pronunciamentos oficiais de Dilma Rousseff são eleitoreiros — ou alguém se
esqueceu do pré-anúncio da redução da tarifa de energia elétrica em 2012, coisa
que só aconteceria no ano seguinte, em 2013, com os resultados desastrosos de
todos conhecidos. Ocorre que Dilma, naquele tempo, navegava lá nas alturas. A
expectativa era de que a eleição seria um passeio; um mero ritual
homologatório. Logo, tudo era festa.



João Santana cometeu a imprudência de não mudar o tom, mas de manter o conteúdo
ufanista. O que quero dizer com isso? O pronunciamento continuou a ser
eleitoreiro, mas num momento em que, sabidamente, a presidente não vai bem.
Resultado: o discurso soou defensivo e cheio de desculpas.



Dilma disse inconveniências e, mais do que isso, ilegalidades como: “Nosso
governo tem o signo da mudança e, junto com vocês, vamos continuar fazendo
todas as mudanças que forem necessárias para melhorar a vida dos brasileiros”.
Ora, é evidente que ela não está se referindo ao período que separa maio de
dezembro. Refere-se à reeleição. Como o feriado do Dia do Trabalho também
pertence a quem não votou nem votará nela; como o feriado do Dia do Trabalho
pertence também a quem reprova o governo; como o feriado do Dia do Trabalho
também é da oposição, é evidente que isso caracteriza campanha eleitoral
antecipada.



O discurso teve o seu melhor pior momento quando a presidente afirmou: “Posso
garantir a vocês que a inflação continuará rigorosamente sob controle, mas não
podemos aceitar o uso político da inflação por aqueles que defendem ‘o quanto
pior, melhor’. Temos credibilidade política para dizer isso. Nos últimos 11
anos, tivemos o mais longo período de inflação baixa da história brasileira.”



Vamos lá. A inflação, no momento, está estourando o teto da meta. Então está
sob o controle, mas no alto. Apontar os descaminhos nessa área é uma obrigação
intelectual, não uma aposta “no quanto pior, melhor”. Reduzir as críticas da
oposição a essa antítese boçal é desrespeitar a democracia — como se já não
fosse agressão o bastante usar a rede nacional para fazer campanha. Quanto ao
compromisso dos últimos 11 anos, só não naufragamos na hiperinflação porque o
PT foi derrotado na sua luta contra o Real e depois nas eleições de 1994 e
1998. O partido recorreu ao Supremo contra o plano de estabilização.



Mas fazer o quê? A exemplo dos lobos, eles não sabem ser de outro jeito, não é?
Podem mudar de aparência, mas não de vício, não de caráter. Antigamente, Dilma
dizia essas coisas e tinha pela frente uma esmagadora maioria que apostava na
continuidade. Hoje, dizem as pesquisas, a maioria aposta é em mudança. E boa
parte quer mudar também de presidente. Por isso Dilma fez um discurso
agressivo, eleitoreiro, na defensiva e passou a imagem de quem está um pouco
cansada.



Muitos brasileiros também estão.



Pois é…



Dilma anunciou a correção de 10% no Bolsa Família. Tá. Quem já votava nela por
isso não poderá votar de novo; quem não votava mesmo já recebendo o benefício
não o fará por causa dos 10%. Quem acha que Bolsa Família é caça-votos acaba
ficando meio irritado. E quem já é petista faça chuva ou faça sol não precisa
disso.



A presidente também anunciou a correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5%.
Pois é… Podem apostar: haverá muita gente brava por ela ter feito isso logo
depois do fim do prazo da entrega dos dados à Receita… Medidas como essas
correm o risco de ser contraproducentes.







Por Reinaldo Azevedo

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