Ate amanha, se DEUS quiser
Malazartes
Jesus Santos
16/03/2014 00h00
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Até amanhã, se Deus quiser...
O Carnaval é o resumo de um país, como o "Boi" é de outro. O primeiro, como pensa Roberto da Matta, é a critica de uma sociedade que vai existir, o outro é fruto e vivência do servil ciclo dogado.
Quando o Carnaval acaba, uma sensação de coisa incompleta toma conta de nós lembrando que todas as possibilidades aconteceram sem que tenhamos podido aproveitá-las. Acho que a vida é assim! Nem bem percebemos que existimos, nem bem assumimos nosso espaço no mundo e temos que ir embora com a certeza que só o mal e os piores vencem.
Tudo é motivo de aprendizado: da cidade velha abandonada que já foi a morada de nossa nobreza local, a residência dos "peninsulares" que vivem no entorno de suas aparências anônimos e cercados por mar, assumimos, como sempre tardiamente, identidades superadas que servirão de referência, de modelo e de exemplo.No mais, criticaremos, imitaremos e, principalmente, fingiremos. Nossa teatralização do Carnaval vai permanecer e como somos os únicos, os guardiões do Santo Graal, e tudo mais que nossa fantasia permite.
Somos salvos pela fé que vem após o Carnaval. Assim, pecaremos para pedir perdão depois e seremos acolhidos mesmo fantasiados de fofão ou de cruz do diabo na graça do reino dos céus. Nossa vida efêmera deixará como rastro alguns versos que nós impingiremos como coisa boa, uma pensão miserável e algumas dívidas. Afinal, ninguém passa impunimente.
De tudo que vivi,sobrou em mim uma dúvida que nem mesmo o existencialismo responde: por quê?! Afinal, onde se escondem a paisagem de outrora, os diálogos, as promessas? Onde ficou o futuro? Quem determina cada modelo, cada formalidade coroada a cada gesto por mais simples que seja? Porque organizações de aparente função social, que geram empregos para a mediocridade coroada, continuam a desmembrar qualquer forma de conhecimento, uma vez que temos que nos submeter à torpeza de ímpetos que beiram a imoralidade? O medo que se materializou, e vive entre nós, é o medo da violência que construímos. Irresponsavelmente, mentimos tanto que terminamos acreditando como sendo fatos nossas mentiras, nossos heróis são malandros, simpáticos dominadores da política, que tudo contamina até as leis. Aos poucos as leis vêm sendo tiradas de seus "sacrários utilitários" para se tornar de domínio público. Aquele que reclama das leis de rua, imediatas, reais se esquece das vítimas que se tornam peças burocráticas, alimentando com excelentes salários a máquinaestatal. Quem, eu pergunto, defende as vítimas e seus familiares? Enquanto o sujeito e sua família não pesarem no bolso do Estado, nada acontecerá, e juízes, desembargadores e a "corte" em geral formularão textos muitas vezes desconexos para justificar o crime.
Esse carnaval mostra que o mundo se remenda, enquanto nós nos despedaçamos. Algum intelectual por aí deve ter dados honestos que qualificam nosso desenvolvimento e nossas melhoras. Porque não os publica?! Já tivemos mentirosos contumazes que elaboravam teses alegando canalhamente consertar o mundo, hoje vemos, com o tempo, tratar-se de mentiras descabidas que não agraciavam nossa maneira de ser e de agir, e que desembocavam na segurança dessas pessoas sobre o esquecimento do auditório, que os aplaude de pé, por uma nomeação para um cargo que exige a competência que jamais terão.
Como disse antes - "para quê?" - se todo subserviente, ainda bem que burro, pode desalinhar um momento em que precisávamos de cabeças,se amortecendo nossos talentos parasuborná-los em serviços sórdidos e pessoais será parte de um modelo? Porque ficamos sendo usados e abafados sem falar, sem agir ou pensar? Daí a violência que escala dia-a-dia nossas casas e nossa consciência com a certeza das impunidades jurídica e histórica.
Eu pensava que era local a doença de nosso país, porém o picadeiro se estende em várias posições. Tudo é pago com nossosimpostos, até a nobreza intelectual é paga com nosso dinheiro, não para produzir, mas para manter a pose de intelectuais funcionais que reeditam a decadente ideia de que a inteligência subjetiva e servil é merecedora de imortalidade.
O Carnaval é o resumo de um país, como o "Boi" é de outro. O primeiro, como pensa Roberto da Matta, é a critica de uma sociedade que vai existir, o outro é fruto e vivência do servil ciclo dogado.
malazartes50@hotmail.com
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