O mês dedicado a Santo Antonio, São João, São Pedro e São Marçal é de festa em São Luís. Para fazer parte das celebrações e levar alegria aos arraiais da Ilha, o Laboratório de Expressões Artísticas (Laborarte) monta, todos os anos em junho, uma programação especial para o período. Tambor de crioula, show de Rosa Reis, Cacuriá de Dona Teté e o espetáculo Casemiro conta o auto do bumba meu boi integram o repertório do grupo para as festas juninas.

Para que tudo saia perfeito, os preparativos começam cerca de dois meses antes do São João, quando se iniciam os ensaios, montagem de figurinos e outros aspectos relacionados à produção. Este ano a novidade será o espetáculo Casemiro conta o auto do bumba meu boi, que terá única apresentação no dia 29 deste mês, no Shopping da Ilha.

A história do espetáculo, que reúne bonecos manipulados, conta a tradicional história de Pai Francisco e Mãe Catirina e o seu desejo de comer a língua do novilho mais bonito da fazenda. “Este é o terceiro espetáculo que fazemos tendo o Casemiro Coco como personagem central. Trata-se de um personagem que era muito comum na cultura popular do Nordeste e que foi desaparecendo com tempo”, conta a produtora do Laborarte, Imira Brito.

Ela destaca que a intenção, ao resgatar o personagem/boneco foi não deixar que essa tradição se perdesse. “Há vários anos, o Nelson Brito [fundador do Laborarte]resolveu montar o primeiro espetáculo por achar que a cidade era carente de teatro de bonecos e até hoje permanecemos fazendo isso”, completa Imira Brito. Sobre o fato de ser feita apenas uma apresentação, ela explica: “Nossa intenção é levar o espetáculo para as ruas no ano que vem”, adianta.

Cacuriá - Antes de levar o Casemiro aos palcos, porém, o Laborarte fará amanhã o batizado do Cacuriá de Dona Teté para esta temporada junina. “Para nós do Cacuriá, a bênção de Santo Antonio é muito importante, por isto fazemos nosso batizado neste dia, para podermos sair no São João abençoados”, frisa Imira Brito.

A cerimônia de batizado terá início na sede do Laborarte (Rua Jansen Muller, Centro), com a ladainha, e às 19h o grupo se dirigirá ao arraial da Praça Santo Antônio, onde o padre dará as benções ao grupo. As apresentações seguirão pela semana e no sábado (15) o grupo se apresentará na Associação da Caixa, às 23h e no arraial da Cemar, à meia-noite. No domingo (16) a apresentação acontecerá às 18h, no Shopping da Ilha.

O Cacuriá de Dona Teté foi criado em 1986, quando o Laborarte decidiu montar um grupo e convidou a caixeira e rezadeira popular Almerice da Silva Santos, conhecida como Dona Teté, para juntos desenvolverem uma pesquisa que culminaria na criação do espetáculo Cacuriá de Dona Teté.

Durante o processo de criação do espetáculo, o grupo buscou elementos característicos que originaram a dança, buscaram identificar e expressar a teatralidade, a sensualidade latente da brincadeira, explorando o ritmo, o movimento dos quadris e a letra das canções, criando então uma identidade única que conquistou o público maranhense e de outras regiões. “O Cacuriá é uma dança tipicamente maranhense com influências da Festa do Divino Espírito Santo. O primeiro grupo data de 1973, inventada por Seu Lauro, mestre popular que organizava vários de tipos de manifestações populares. Hoje, depois que o Laboarte e Dona Teté criaram o grupo, surgiram muitos outros na cidade, mas há a necessidade de discutirmos isso, já que alguns têm algumas distorções”, diz Imira Brito. O Cacuriá de Dona Teté tem 27 anos de existência, um vinil e três CDs gravados.

Show – Ainda como parte da programação junina, o Laborarte promove o show de São João da cantora Rosa Reis. A primeira apresentação será sábado (15) no Shopping da Ilha.

Acompanhada por uma banda, Rosa Reis apresenta repertório focado no São João e traz ritmos populares como o cacuriá, bumba meu boi, tambor de crioula e outros da cultura popular maranhense.

Entre os compositores escolhidos por Rosa Reis para o roteiro musical do show, estão Josias Sobrinho, Zeca Baleiro, além de músicas assinadas por ela. Com mais de 20 anos de carreira, a cantora define o repertório como um passeio sonoro pela musicalidade maranhense.

Tambor – As batidas fortes e ritmadas do tambor de crioula também fazem parte do conjunto de atrações culturais do Laborarte para o São João. Com uma boa parelha de tambor – formada pelo tambor grande, meião e crivador – o grupo vem para as festas afinado “a fogo”, tal qual os tambores.

O tambor de crioula do Laborarte tem à frente o mestre Gonçalinho, compositor, cantador e tocador de tambor de crioula. O grupo reúne 20 integrantes entre dançarinas e tocadores.

Desde 1979 o grupo realiza oficinas de tambor já tendo formado três gerações de coreiros e coreiras. Começou com mestre Felipe, já falecido. Hoje, as oficinas são ministradas por mestre Gonçalinho.

O grupo também foi pioneiro na gravação de um CD só de tambor de crioula, em 1998, com o disco Tambor de crioula de mestre Felipe.