Peça Horses Hotel aborda temas pesados
Um decadente quarto de hotel, sem cidade definida, mas localizado em algum ponto do início dos anos 1980, é cenário para um desenrolar de personagens com suas angústias e desejos. Temas ainda tão atuais, como a busca pelo sucesso e a vivência plena da sexualidade, permeiam o enredo de Horses Hotel, peça que estreou semana passada no Oi Futuro Flamengo, no Rio de Janeiro. Como moldura para toda a encenação, os atores encaram guitarras e microfones para levar ao palco clássicos do rock setentista e oitentista.
O texto é do gaúcho de Porto Alegre Alex Cassal (que integrou o grupo Ói Nóis Aqui Traveiz nos anos 1980), hoje radicado no Rio. A montagem surgiu a partir de uma ideia da atriz Ana Kutner, que divide o palco com os atores Renato Linhares (também gaúcho), Emanuel Aragão e o ator e músico Roberto Souza. “Ana me procurou há dois anos querendo montar um espetáculo sobre valores dos anos 1970, com questões como liberdade, sexo, música e arte. A questão era como montar isso e trazer para a cena atual? Então ficamos um bom tempo trabalhando nesse sentido”, conta Cassal que, além da dramaturgia, assina a direção de Horses Hotel com Clara Kutner. Antes da estreia propriamente dita, no Rio, a peça foi encenada duas noites no recém-encerrado Festival de Teatro de Curitiba.
O hotel é refúgio de artistas e marginais, cenário de um triângulo amoroso. Em cena, uma série de outros moradores convivem com eles: roqueiros, dramaturgos, colecionadores de arte e viajantes. As relações destas pessoas abordam ideias sobre amor, lealdade e liberdade. “Nos anos 1970, estes personagens eram jovens, acreditavam na arte e em si mesmos. É uma love story punk rock”, afirma Ana. Ela é conhecida, entre outros trabalhos, por Um navio no espaço ou Ana Cristina Cesar, comovente montagem sobre a poetisa Ana Cristina Cesar em que contracena com o pai, Paulo José. A peça integrou a grade do Porto Alegre em Cena há três anos.
E por que um quarto de hotel como cenário? Conforme Cassal, por ser um lugar de trânsito, de passagem. A história das relações vividas pelos personagens de Ana, Linhares, Aragão e Souza claramente é constituída por ritos que marcam mudanças como a adolescência e a idade adulta. Não poderiam faltar referências também à morte. Para o diretor de cultura Oi Futuro, Roberto Guimarães, “um hotel é um lugar de solidão, mas também de encontro. Em certa medida, pode ser comparado ao teatro, onde, isoladamente ou em companhia, sempre vivemos”.
A montagem investe na expressão dos atores, que vivem a juventude e maturidade dos moradores. A fluidez das relações cria um confuso triângulo amoroso, que vai desde a delicadeza do primeiro beijo até a exploração de novos papéis sexuais. Um dos moradores vividos por Emanuel Aragão - um dos vértices da história -, é um michê que se apaixona pelo personagem de Linhares e vai para o hotel em busca desta experiência. Em determinado momento, completamente nu no palco, a analogia sugere Aragão despido de emoções em uma comovente cena, pedindo: “Me aceitem”.
Ana convidou Amora Pêra e Paula Leal, do grupo Chicas, para que, tanto ela quanto os atores, incorporassem instrumentos musicais à cena. A guitarra estridente manejada por Ana, em certos momentos, funciona como elemento de fuga para a angústia que faz daquele quarto de hotel a casa ideal para ideias ainda utópicas - em sua maioria. A narrativa transita por referências musicais e artísticas brasileiras e estrangeiras, como Cássia Eller, The Doors, Andy Warhol, Lou Reed e Arthur Rimbaud, Blow-up e Macunaíma, Sex Pistols e Tropicália.
Às vezes lento, às vezes agitado demais, Horses Hotel é um exercício que evoca do espectador - acima dos 30 anos e, principalmente, quarentão - memórias de um tempo em que a busca por liberdade e ideais de expressão marcou uma geração. Vendo assim, caro leitor, parece ser um trabalho pesado, difícil, que traz à tona memórias dolorosas. E é, como admite Ana Kutner: “Nossa mão é pesada por natureza”. A montagem segue em cartaz no teatro do Oi Futuro Flamengo até 2 de junho. Não há planos, por enquanto, de excursionar pelo País.
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Fonte:Cristiano Vieira, do Rio de Janeiro
1 comentários:
FUNC vista a mar ou uma página
virada do livro de Euclides
Moreira neto
O professor da UFMA, Euclides Moreira
Neto, lotado no Departamento do curso de
Comunicação Social, dias desses revelou
em sala de aula (coisa rara em sua carreira
de docente) que estava escrevendo um
livro sobre a não realização do carnaval de
passarela em 2013. O foco do livro será o
prefeito de São Luís Edivaldo Holanda
Júnior, apontado pelo professor como
responsável pelo hiato. Os alunos reagiram
com muxoxos.
Uma boa página de livro daria a
passagem de Euclides Moreira Neto pela
Fundação Municipal de Cultural, FUNC.
Aliados com os Frota, o professor
protagonizou o maior desmando na história
da fundação que teve como gestores o
teatrólogo Aldo Leite, o jornalista Luis
Pedro, o historiador Ananias Martins e seu
antecessor: o decorador Adilson .
Em quatro anos da suposta denominada
gestão, Euclides Moreira Neto desmontou o
Circo da Cidade para satisfazer os caprichos
eleitoreiros do ex-prefeito João Castelo e o
delirante projeto VLT no aterro do Bacanga;
deixou de pagar o aluguel da Morada das
Artes, na rua Afonso Pena, desde o início
de sua gestão; abandonou o Centro de Arte
Japiçu, no Diamante, única escola de
artesanato do município; e, com o auxílio
luxuoso do IPHAN e da Fundação Municipal
do Patrimônio, FUMP, entregou o Teatro
Municipal Cidade de São Luís (antigo Cine
Roxy) como uma arapuca montada ao
sucessor. Caso continuasse, estava pronto
para aditivar a obra que aos cofres públicos
custou a bagatela de R$ 1,2 milhão.
Não bastasse esse rosário de
irresponsabilidades, deixou de honrar todos
os compromissos com o concurso literário
Cidade de São Luís, não pagou dezenas de
artistas contratados para eventos como da
Feira do Livro, por exemplo, e tantas outras
dívidas que somadas superam o orçamento
anual da Func para 2013 de R$ 3 milhões.
Ao sentar na cadeira de presidente da
FUNC, Chico Gonçalves mensurou o
desastre, mas sem a precisão da realidade.
Pouco a pouco lhe foram batendo à porta
os descalabros administrativo-financeiros.
Convênios de mão única. Muitos destes, na
mais ingênua suposição, afanados em
conluio com agentes públicos, sem
nenhuma prestação de contas. Enfim,
irregularidades ad infinitum.
A mais nova agrura do presidente
Francisco Gonçalves será deixar o prédio da
Fonte do Ribeirão. Prestes a ruir, como o
recém-reformado Teatro Municipal Cidade
de São Luís. Ainda em negociação, o novo
endereço da FUNC deve ser a avenida
Beira-Mar.
Realmente, a passagem de Euclides
Moreira Neto pelo FUNC, usando de uma
expressão pobre, daria um livro.
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