Na era do aparelho celular, telefone fixo vira relíquia em museu de Vitória
No Museu do Telefone, no centro da Capital, mais de 400 peças estão em exposição ao público. É só marcar uma visita
Leonardo Soares - gazeta online
Dia 05 de maio, centro de Vitória. Centenas de pessoas causaram tumulto na porta do prédio da companhia telefônica do Espírito Santo, na Rua do Rosário. O motivo: 254 linhas de telefone fixo foram postas à venda para a população. Estranhou? Pois é. O episódio foi há 17 anos. Hoje, a mesma confusão é vista, só que desta vez nas lojas de aparelho celular. O telefone fixo, que antes era um patrimônio, agora já não tem a mesma importância e nem o status de antes.
Uma pesquisa do último mês de julho, feita pela consultoria KPMG, aponta que cerca de seis milhões de brasileiros - 18% - pretendem cancelar a linha de telefone fixo nos próximos meses. O estudo diz ainda que 44% da população que utiliza o serviço só continua com a linha fixa por simples costume.
Os desdobramentos desta pesquisa você confere na edição deste domingo (29) do jornal A GAZETA, que mostra as vantagens e desvantagens da decisão e indica quando vale a pena e quando não vale manter um aparelho em casa.
Mas qual destino de um aparelho, que é até bonitinho, mas que o cliente decidiu se desfazer da linha fixa? Eugênio Inácio Martini, dono de uma loja de telefones em Vitória, tem a resposta. Ele é proprietário do museu do telefone, no centro da Capital: são mais de 400 peças em exposição. Na mostra estão aparelhos fixos, orelhões e celulares dos mais diversos modelos e anos de fabricação.
No final da reportagem você confere vídeos de um passeio completo pelo Museu do Telefone e uma galeria de fotos dos aparelhos
A paixão por colecionar telefones começou em 1988, quando Eugênio iniciou a compra de aparelhos e virou corretor telefônico, vendendo linhas fixas. Com o passar do tempo, as vendas foram aumentando e o estoque também, entre dez e 15 linhas nas prateleiras. Aí começou a despertar uma vontade de colecionar.
O museu funciona em cima da loja Martini Telefones, na Rua Dionísio Rosendo, próximo à Praça Costa Pereira, no Centro. O local ainda possui, além dos aparelhos de todos os tipos e cores, computadores antigos, livros, reportagens e outras peças que ajudam a contar a evolução do telefone ao longo dos tempos. Há telefones até utilizados durante as duas guerras mundiais.
Presentão
Para conseguir um telefone e enriquecer o acervo, Eugênio Martini já 'negociou' aparelhos até dentro do hospital. Acompanhando o pai em uma cirurgia de coração, certa vez, ele encontrou uma senhora que começou a puxar conversa e contou que o marido falecido era representante de uma marca de telefone e ganhou um aparelho antigo fabricado na Alemanha.
"Ah, o meu olho cresceu. Eu pensei: se ele já faleceu, ganhou um telefone que já era antigo e era uma relíquia, deve ser mesmo uma relíquia. Ela foi buscar o telefone na casa do filho, em Campos, no Rio de Janeiro", lembra. Ao abrir o embrulho, era um aparelho antigo que todos os colecionadores desejam, um modelo pé de ferro da Ericsson, de 1892.
Para manter uma coleção completa e com peças curiosas no museu, Martini até troca alguns objetos do acervo. Algumas ofertas, segundo o proprietário do museu, são irrecusáveis. Outras pessoas procuram o museu apenas para comprar algumas peças para aparelhos antigos. Dependendo da oferta, Martini negocia.
Leonardo Soares/Gazeta Online. Museu do Telefone, no Centro de Vitória. Telefone: 8134-4222
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