Cláudio Lima lança "Rosa dos Ventos" em show no dia 27 de maio
Claudio
Lima: um artista único
Em seu terceiro disco, cantor revela-se também compositor. Rosa dos
ventos será lançado em show no próximo
dia 27 de maio
POR ZEMA RIBEIRO
Cada disco de Claudio Lima é único. O artista não repete
fórmulas, se arrisca, ousa, nunca se acomoda em uma zona de conforto. É um dos
mais talentosos cantores brasileiros em atividade. A cada disco, cuida de cada
detalhe: da seleção de repertório – só canta o que lhe emociona – ao projeto
gráfico: artista talentoso também nessa seara, já emprestou seus dotes a discos
de Bruno Batista e Cecília Leite.
Isto talvez explique o grande intervalo entre um trabalho e
outro: cinco anos de Claudio Lima
(2001), a estreia, a Cada mesa é um palco
(2006), dividido com Rubens Salles, pianista baiano radicado nos Estados
Unidos, e mais de 10 entre o segundo e este Rosa
dos ventos (2017), que lançará em show no próximo dia 27 de maio (sábado), às
20h30, no Cine Teatro da Cidade de São Luís (antigo Cine Roxy, Rua do Egito,
Centro) – os ingressos custam R$ 20,00, à venda na Livraria Leitura (São Luís
Shopping); no dia do espetáculo, R$ 30,00, na bilheteria do teatro.
A história de Rosa dos
ventos, o disco, começa em 2012, quando Claudio Lima levou para casa o
troféu de melhor intérprete no Festival Viva 400 Anos de Música Popular, que
celebrou os 400 anos de fundação da capital maranhense. A composição de Bruno
Batista, que gravou-a em seu Lá (2013),
levou a estatueta de melhor música e com o dinheiro do prêmio, Claudio Lima começou
a arquitetar o novo álbum, cuja realização se completou com o patrocínio do
Centro Elétrico através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão.
Em Rosa dos ventos
o artista debuta como compositor: sozinho ou em parceria, assina metade das 14
faixas, alicerçadas pelas bases eletrônicas de Eduardo Patrício, com quem divide
a produção musical. A ele, com seus loops, efeitos sonoros, sintetizadores,
baixo, marimba e programação de xilofone, somam-se João Simas (guitarra, baixo,
teclado e loops de bateria), Pablo Habibe (guitarra e violão), Rui Mário
(sanfona, piano e violoncelo), Roberto Chinês (cavaquinho e bandolim) e João
Neto (flauta).
Há poema de Walquiria Almeida musicado (Não seja burra baby), versão de Franz Schubert (Der wegweiser virou Caminhos ocultos), o funk Não
sou refém da maioria, cuja mensagem pode ser uma espécie de cartão de
visitas do cantor, além de parcerias com Mário Tommazo (Parapapá e Melodia
sentimental) e Marcos Tadeu (Só me
resta regar tuas petúnias e Falta
flauta).
Antenado, Claudio Lima reúne ao menos três gerações de
compositores maranhenses na ativa, atestando a si mesmo como um “pescador de
pérolas”, expressão que não à toa já intitulou disco de outro grande cantor
brasileiro.
Rosa dos ventos
abre e fecha com o olhar poético sui generis de Celso Borges sobre a cultura
popular e a capital maranhense: a toada Boi
tarja preta (parceria com Alê Muniz), em que dessacraliza o bumba meu boi,
e a pedra de responsa São Luís (Variações
líricas a partir de uma abertura de programa de reggae), versão para o
clássico Shaperville, de Michael
Riley.
Margos Magah também comparece com duas músicas ao
repertório: Salomé minha dor
(parceria com o poeta Fernando Abreu) e Nem
os cadáveres sobreviverão (com Acsa Serafim), ambas já testadas (e
aprovadas pelo público) em shows de Claudio Lima. Quem também lhe fornece um
par de pepitas é Bruno Batista: Esmolas
e a faixa-título. O repertório se completa com o samba Pingão, de Tiago Máci, recheado de ludovicensidade, crítica social
e fina ironia.
Claudio Lima faz música e é impossível rotulá-lo além disso.
Sobre a demora deste Rosa dos ventos
o que se pode dizer é que valeu a pena esperar. Ele afirma já ter repertório e
já estar trabalhando no próximo disco, mas a letra de Não sou refém da maioria pode responder a eventuais cobranças mais
apressadas: “não me queiram enquadrar/ em nenhum padrão vulgar/ onde eu tenha
que concordar/ o meu molde se quebrou”.
Não é apenas cada disco de Claudio Lima que é único: ele
próprio o é.
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