A Praça Deodoro é do povo

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A Praça Deodoro é do povo




  • Foto: ATÉ ISTO ACABOU DO NOSSO CARNAVAL: GRUPOS DE FOFÕES!
Há tempos não brinco o carnaval de rua em São Luís. Não que tenha aposentado o meu espírito folião. Mas estava sufocado pelo operário. Explico: carnaval, pra mim, nos últimos anos, significava muito trabalho. Tanto que nem tenho a noção de como anda a folia pelos quatro cantos da Ilha ultimamente.
Agora, já decidi. Estou disposto a enfiar o pé na jaca. Tirar a fantasia do baú e sair mascarado por aí. Lambuzar-me de maisena, "enchendo a cara de ilusão", como diz a letra daquele célebre samba-enredo de Augusto Tampinha e Chico da Ladeira para a Flor do Samba. Aliás, é uma pena não poder vê-la desfilar neste ano. Mas isso é outra estória.
Quero falar é do carnaval de rua, daquele espontâneo, sem compromisso com regulamentos. Sempre fui um folião, nasci em um domingo de carnaval. Adorava brincar de rodó com a molecada da rua, jogando água em quem passava. Bloco de sujo, então, era uma farra. Bastava reunir uma turma e sair por aí batendo lata. O estandarte, às vezes, era uma vassoura com um pedaço de papelão. Minha família também era festeira. Mãe, tias e primas vestiam-se de fofão. E não perdia as vesperais do Lítero com meus irmãos.
Até o início dos anos 80 a Praça Deodoro era o ponto de encontro. Debaixo de chuva, entre barracas de palha, panelas com milho em água fervente e muita, muita maisena. Depois veio o apogeu dos desfiles de passarela e nada mais seria como antes. Tudo girava em torno do concurso, não se brincava mais na rua com aquela mesma empolgação de outrora.
A passarela do Anel Viário - todos sabem - não será montada este ano. Mas o carnaval de São Luís promete. Vejo, com incontido entusiasmo, que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura, está investido em uma grande festa para todos os gostos. Além dos blocos tradicionais, afros, tribos de índio, escolas de samba, e cantores da terra, que fazem a autenticidade da nossa folia ser única e tão especial, teremos uma programação com artistas nacionais consagrados. Diogo Nogueira, Jorge Ben Jor, Alcione e Timbalada farão shows nos dias de carnaval. Se não me engano, a programação começa com o Monobloco já no próximo domingo. Domingo magro como diria a minha avó Dolores.
Não conheço pessoalmente a secretária de cultura Olga Simão. Mas jogo confetes e serpentinas pela sua coragem e determinação. Eu quero ter o direito de brincar na Máquina de Descascar'Alho, pular ao som de um contra-tempo de bloco tradicional, ver o tambor de crioula, dançar com Pepê Junior e Gerude. E curtir o carnaval em São Luís embalado pela música de artistas do quilate desses já mencionados acima. Isso não me fará menos apaixonado pelos ritmos e batuques genuinamente maranhenses. Ou avesso à nossa cultura popular.
Tenho visto tanta estupidez por aí. Gente sem noção que, no afã de criticar, é de uma tolice sem tamanho. Pela ótica míope de certas criaturas, nenhum artista maranhense teria o direito de se apresentar fora do estado em um evento popular, como o carnaval, por exemplo. Gabriel cantando samba no Rio de Janeiro, nem pensar. Tribo de Jah em cima de um trio elétrico na Bahia, um absurdo, diriam. Seria uma afronta aos artistas "nativos".
Assim como consideram uma vergonha "forasteiros" estarem na programação que a SECMA preparou para o carnaval de São Luís. Quanta ignorância. O carnaval de Salvador está cheio de cariocas, paulistas, mineiros, goianos, nos trios elétricos. O que não torna a festa, por isso, menos baiana. É o maior carnaval de rua. Aposto que esses xenófobos não conhecem sequer o refrão de uma música de cantor maranhense. E ainda se arvoram de paladinos da cultura regional.Jornalista

Fernando Oliveira
31/01/2013 00h00

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