Em 8 anos, Brasil assassina uma “Islândia” só de negros

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Em 8 anos, Brasil assassina uma “Islândia” só de negros


De acordo com dados do Atlas da Violência de 2017, 41.592 negros foram vítimas de homicídio em 2015. O número representa cerca de 70% do total de assassinatos naquele ano, quando o país atingiu a casa de 59.080 homicídios.Se o Brasil mantiver esse ritmo, em 8 anos, assassinará de negros o equivalente à população da Islândia, hoje na casa das 331 mil pessoas. A quantidade de mortos se iguala ao contingente populacional da Eslovênia (2.065 milhões) em 49 anos e da Croácia (4.230 milhões) em 101 anos.

A professora de sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Jacqueline Sinhoretto, aponta que os números de violência contra a população negra são uma das faces mais crueis do racismo no país.
“O país tem uma das maiores populações negras do mundo, mas os homens negros jovens são as principais vítimas das violências”.
Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública também mostram que os negros representam 78,9% do grupo de pessoas com 10% mais chances de serem vitimas fatais.
Para Dina Alves, advogada e coordenadora do departamento de justiça e segurança pública do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), os números apresentam os processos antinegro criados pelo Estado brasileiro.

“As praticas de genocídio, em vez de se constituírem como uma exceção, são de fato parte de uma marca continua do Brasil e da diáspora negra”.
No dia 20 de Novembro de 2017, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública fez um material especial sobre a violência direcionada à população negra.
O documento aponta que a disparidade da violência entre afrodescendentes e os demais grupos raciais segue uma tendência de crescimento. De 2005 a 2015, o número de negros assassinados cresceu 18,2% e o de não negros caiu 12,2%.
A discrepância também é sentida para as mulheres, pois 65% das assassinadas no país são pretas ou pardas. Enquanto entre 2005 e 2015 o número de mulheres negras mortas cresceu 22%, o de mulheres não negras diminuiu 7,4%.
Jacqueline Sinhoretto enfatiza a necessidade de construção de políticas que reduzam a letalidade policial e a violência contra a população negra.
“São necessárias políticas de enfrentamento do racismo institucional na segurança pública e na justiça criminal capazes de desconstruir estereótipos, mudar prioridades, garantir a vida e desenhar políticas voltadas à cidadania, considerando as demandas de segurança dos diferentes públicos”.
A pesquisadora do IBCCRIM, Dina Alves, acredita que o aumento nos números de violência contra a população negra tende a seguir por conta de propostas adotadas pelo governo Michel Temer, como a PEC 55-2016, que prevê um teto nos gastos públicos.
“O Estado se ausenta nas politicas sociais e passa a governar por meio de politicas de controle da criminalidade que tem como razão de ser a criminalização de grupos racializados”, afirma Dina Alves.
Outro lado
Alma Preta entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça e foi encaminhado para a pasta da Segurança Pública, descrita como a responsável sobre o tema.
O Ministério da Segurança Pública encaminhou as perguntas para a Secretaria de Políticas de Igualdade Racial do Ministério dos Direitos Humanos.
A equipe de reportagem não obteve retorno do Ministério dos Direitos Humanos, nem da Secretaria de Igualdade Racial até o fechamento desta reportagem.

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