Lucas Sá estreia o curta Nua por Dentro do Couro, no 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

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Lucas Sá estreia o curta Nua por Dentro do Couro, no 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Humor e horror em narrativa
Novo curta-metragem do cineasta Lucas Sá, Nua por Dentro do Couro fala da relação de vizinhos em um condomínio habitacional.

Ítalo Stauffenberg
Da equipe de O Estado - Caderno Alternativo
10/08/2014 00h00

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A atriz Miriã Possani em cena do curta-metragem


O talento de um dos diretores da nova cena cinematográfica do Maranhão será mostrado no 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que acontecerá de 16 a 23 de setembro, no Cine Brasília, na Asa Sul (DF). Durante o festival, Lucas Sá estreia o curta Nua por Dentro do Couro, um dos 12 filmes selecionados para a mostra competitiva de curtas.

Foram inscritos 612 filmes, seis longas e 12 curtas foram escolhidos para concorrer ao prêmio máximo do festival. Além dos troféus Candango, serão distribuídos R$ 625 mil em prêmios, sendo R$ 250 mil para o melhor longa-metragem e R$ 30 mil para o melhor curta.


A competição de curtas é formada por B-flat (SP), de Mariana Youssef, Bashar (SP), de Diogo Faggiano, Castillo y el armado (RS), de Pedro Harres, Crônicas de uma cidade inventada (DF), de Luísa Caetano, Estátua! (SP), de Gabriela Amaral Almeida, Geru (SP), de Fábio Baldo e Tico Dias, La llamada (SP), de Gustavo Vinagre, Loja de répteis (PE), de Pedro Severien, Luz (RJ), de Gabriel Medeiros, Sem coração (PE), de Nara Normande e Tiaõ,Vento virado (MG), de Leonardo Cata Preta e Nua por Dentro do Couro (MA), de Lucas Sá.

Assinado pela Mood Filmes, Nua por Dentro do Couro também foi selecionado para o 25º Festival Internacional de Curta-Metragem de São Paulo (SP), o 21º Vitória Cine Vídeo (ES) e o 16º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (MG).

“Quando vi meu filme selecionado para o Festival de Brasília explodi de felicidade. Guardei esse filme a sete chaves só para concorrer entre os mais de 400 curtas que se inscreveram. Está entre os 12 selecionados é incrível! ”, conta Lucas Sá.

Apesar da pouca idade, Lucas Sá ostenta cinco prêmios em festivais de cinema pelo Brasil e mundo. Aos 21 anos, ele já possui nove filmes em seu currículo. “No festival vai ter a estreia dos filmes de diretores que admiro muito, como o Ventos de Agosto, do Gabriel Mascaro, e os filmes do André Novais, Marcelo Pedroso e Gustavo Vinagre. Ter um filme meu estreando num festival desse nível é excelente, pois sei o quanto é rigorosa a seleção. Tenho certeza que vou ficar como um tiete no meio deles porque acompanho o trabalho de quase todos há muito tempo”, diz.

A seleção para um dos três melhores festivais de cinema do Brasil aponta um novo horizonte na vida de Lucas Sá: a fama. A lista com o resultado dos selecionados para o festival foi divulgada no dia 31 de julho e, desde então, ele já teve sua obra cinematográfica difundida em vários portais de cinema do Brasil. “É uma grande vitrine de cinema. Já fui convidado a dar entrevistas para sites de cinema especializados em curtas. Meus filmes estão tendo maior visibilidade, por conta dessa seleção”, diz o diretor que está com seus filmes exibidos nos sites Cinema com Rapadura e Portal Curtas.

Produção - A produção do curta foi acelerada, haja vista que fora pré-produzido e rodado em pouco mais de um mês por uma equipe com pessoas de várias regiões do Brasil: Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul. Com o roteiro e com apoio de amigos, parentes, da Galo de Briga Filmes (RS), Like Fimes (SP) e a arrecadação de R$ 8 mil, o filme foi finalizado.

“O filme começa com cenas dramáticas, meio perturbadoras, que parecem não revelar nada, mas em seguida assume um viés cômico com algumas críticas a certas futilidades, piadas em duplo sentido para que, só então chegue ao seu ápice, o clímax de suspense e terror”, ressalta.

Em 21 minutos, Lucas Sá desenvolve uma história que se passa em um condomínio habitacional de Pelotas (RS), onde todas as personagens residem, mas não há interação entre elas. Carmem (Gilda Nomacce) é uma mulher rancorosa, solitária, que vive sozinha e carrega na expressão facial a ideia de que esconde algo, que tem um passado tenebroso. É misteriosa e, por assumir tais características se exclui do convívio em sociedade. Monique (Miriã Possani) é uma garota alegre, que após sofrer uma infecção no olho esquerdo, com necessidade de cirurgia, descobre que é portadora do vírus HIV. Para disfarçar as marcas na cirurgia, suas amigas decidem desenhar o formato de um olho para ela usar no rosto.

O curta foi concebido como uma forma de teste, pois ele pretende transformá-lo em um longa-metragem. “Fiz questão de deixar algumas lacunas e informações soltas, justamente, para gerar uma interrogação na mente do expectador”, diz.

Dominado por influências do cinema mundial, Lucas Sá descreve que Nua por Dentro do Couro é um misto de tudo que mais lhe chama atenção nas produções audiovisuais. “As maiores influências para a criação desse curta foram os filmes Homem de Palha (1973), do Robin Hardy, e Possessão (1891), do polonês Andrzej Zulawaski. Ambos os filmes falam de sacrifício e o Possessão é o mais próximo do Nua por Dentro do Couro”, comenta.

Outra referência está na obra do diretor Quentin Tarantino. “O desenho no olho da Monique é um fetiche meu! Queria um símbolo forte que marcasse meu filme, como acontece em Kill Bill em que a protagonista usa aquela roupa amarela”, comenta.

Apaixonado pelo gênero de terror, Lucas Sá recorda que desde pequeno é fã desse tipo de filme e que parte do que já produziu flerta com esse gênero. “Quando era pequeno eu não tinha muitos amigos. Dos meus 12 aos 17 anos, eu ia para a escola e voltava para casa e passava o dia todo assistindo filmes. Sempre me interessei por filmes de terror. Até hoje, são os que mais assisto e carrego muito dessa influência em meus filmes”, observa. “Assim como os diretores Dario Argento e Brian de Palma, que buscam uma alegorização gráfica da violência, eu gosto de alegorizar a morte, de torná-la um espetáculo, de embelezar esse momento, que no cinema é muito estético”, destaca.

O diretor acreditava que o filme nunca iria tornar-se realidade. “Não me sentia preparado para produzí-lo, tinha receio de errar em alguma parte da montagem. Conversando com o pessoal da Galo de Briga, uma produtora de Porto Alegre sobre a criação do curta, eles toparam me ajudar e assumir a direção de fotografia. A Gilda aceitou atuar e foi então que percebi que era a hora de trazer à tona esse projeto que estava na minha mente há cinco anos”, relembra.

Estudante do oitavo período no curso de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal de Pelotas/RS, Lucas Sá diz que não parou de produzir e que, mesmo estando com um filme disputando o prêmio de melhor curta em quatro festivais de cinema pelo país, já está em fase de conclusão de outro curta. “O último filme que fiz, o Sesmaria, foi gravado no início deste ano e é roteirizado e dirigido pela Gabriela Lamas, uma amiga da minha turma na faculdade. Decidi ajudá-la na co-direção do curta que serviu como nosso trabalho de conclusão de curso”.

Sesmaria é encenado pelos avós de Gabriela Lamas. O curta tenta explicar o motivo que leva o grande número de suicídios numa colônia alemã no Rio Grande do Sul. Através de várias pesquisas descobriu-se que há três fatores que determinam as mortes: 1) como a região vive da agricultura, as pessoas colocam venenos para matar as pragas destruidoras da plantação e o contato com esses tóxicos afetam as emoções das pessoas fazendo com que elas percam o equilíbrio e acabem optando pelo suicídio; 2) a falta de médicos na colônia que expliquem a população que depressão é doença. Como não há profissionais da saúde a população pensa que está ficando louca e se mata; 3) quando os habitantes perdem a plantação pensam que irão enfrentar necessidades financeiras e, no desespero, decidem pelo interrupção da vida.
Abrindo o jogo - Lucas Sá

O Estado – Todas as personagens do curta são femininas. Existe algum motivo para essa inserção tão evidente?

Lucas Sá - Tenho uma queda pelo universo feminino. Acho que por isso todas as personagens do filme são femininas. Acredito que o cinema assume um enquadramento de beleza, de estética em que a presença feminina é mais forte. Para o tipo de cinema que eu faço é melhor. Gosto do perfil de mulher femme fatale, da sensualidade que só a mulher tem.

O Estado - Você já deu várias entrevistas apontando o talento da atriz Gilda Nomacce. Como aconteceu o convite para ela participar de Nua por Dentro do Couro?

Lucas Sá - Conheci a Gilda em 2011, no mesmo festival de Brasília que meu curta está concorrendo este ano. Ela atuou no filme Trabalhar cansa, dirigido pela Juliana Rojas e o Marco Dutra. Ela participou desse longa interpretando um papel secundário, mas quando a vi em cena fiquei impressionado com a expressão facial dela. Foi nesse momento que pensei em convidá-la para fazer parte do meu curta.

O Estado – E a Miriã Possani? Como foi a seleção dela para o curta?

Lucas Sá - Queria uma mulher voluptuosa, no sentido mais literal da palavra. Uma mulher com seios fartos, quadris avantajados e pernas torneadas para assumir o papel da Monique. De última hora a Miriã Possani aceitou fazê-lo, após a desistência da outra atriz que havia selecionado. Ela foi a melhor escolha, veio na hora certa. A Miriã correspondeu todas as minhas expectativas para esta personagem.

O Estado – O curta tem

um nome bastante intrigante e isso não

é muito diferente em seus outros filmes. Como acontece o critério de escolha do nome das suas produções?

Lucas Sá - Queria apresentar por meio do nome do filme algo sexual, uma sensualidade agressiva, como costumo fazer em meus filmes. Por exemplo, o nome do curta Membro Decaído é sugestivo. O público logo pensa em órgãos sexuais quando, na verdade, se trata de um braço caído. Na verdade, eu gosto de brincar com os nomes dos meus filmes.
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Ficha Técnica

Nua por Dentro do Couro

Direção, Roteiro e

Montagem: Lucas Sá

Elenco: Gilda Nomacce,

Miriã Possani, Lia Gonçalvez

de Azevedo Tais Galindo,

Dagma Colomby, Marcela

Bueno e Teci Jr. Pereira

Diretor de Fotografia: Daniel Donato

Diretor de Arte: Gabriela Lamas

Produção Executiva: Tatiana Sato

Produção: Danielle Menezes

e Railane Moreira Morão

Som: Lucas Mendonça e

Alexandre Jardim

Colorista: Lígia Tiemi Sumi

Storyboard: Lucas Kurz

Trilha Sonora: Lucas Sá

Figurino: Gabriela Lamas

Cenografia: Gabriela Lamas e

Railane Moreira Morão

Produtora: Mood Filmes

Currículo

Nua por Dentro do

Couro (2013)

No Interior da

Minha Mãe (2013)

Ruído Branco (2013)

O Membro Decaído (2012)

Os Grilos do Sul Gritam Aurora (2012)

Verbena e Limão (2010)

You Bitch Die!!! (2009)

Abate (2008)

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